A santificação é definida como sendo “a obra da graça de Deus”, pela qual somos renovados em todo o nosso ser, e habilitados a morrer mais e mais para o pecado e a viver para Deus.
Ao apresentar, em harmonia com as Escrituras, a santificação como uma obra sobrenatural de Deus, negamos a doutrina Racionalista que a confunde com a mera reabilitação moral. Não é raro que pessoas que levaram uma vida imoral mudem toda a sua forma de viver. Tornam-se externamente corretas em sua conduta, moderadas, puras, honradas e benevolentes. Esta é uma grande mudança, imensamente benéfica para aquele que a experimenta e para todos aqueles com quem se relaciona. Pode ser produzida por diferentes causas, pela força da consciência e por uma consideração da autoridade de Deus e um temor por sua reprovação, ou em consideração da boa opinião dos homens, ou pelo mero vigor de uma consideração iluminada por seus próprios interesses. Mas, seja qual for a causa diferem tanto em natureza como um coração limpo de um vestido limpo.
Esta reabilitação exterior pode deixar sem mudanças o caráter interior do homem aos olhos de Deus. Pode permanecer carente do amor de Deus, da fé em Cristo e de todo o exercício ou afeição santa. A reabilitação exterior pode ser confundida com o novo nascimento em Cristo, a nova criatura, mas não é santificação.
Tampouco se deve confundir a santificação com os efeitos da cultura ou disciplina moral. É bem possível, como o demonstra a experiência, através de cuidadosa instrução moral, mantendo-se longe de toda a influencia contaminadora e conservando-se sob as influencias formadoras de princípios retos e de boas companhias, preservar-se de muitos males do mundo e fazer-se semelhante a um cristão regenerado pelo evangelho de Jesus Cristo. Tal instrução não deve ser menosprezada. É ordenada na Palavra de Deus. Mas não pode mudar a natureza. Não pode comunicar vida. Uma estatua feita de mármore puro em toda a sua beleza esta bem abaixo de um homem vivo.
Na obra da regeneração a alma é passiva, ou seja, não pode cooperar na comunicação da vida espiritual. Mas a conversão, o arrependimento e a fé, são exercícios da alma. Não obstante, os efeitos produzidos na regeneração, novo nascimento e santificação, transcendem a eficiência de nossa natureza caída, e se devem a atividade do Espírito Santo, a santificação é obra sobrenatural de Deus, uma obra da graça.
A santificação muitas vezes tem seu sentido confundido com ser santo, relativo a sem pecado, coisa que nós não podemos ser (1 João 1:8-10). Somos livres do poder do pecado, mas o pecado ainda permanece presente, no entanto o pecado que antes nos dominava agora é dominado pelo poder de Deus que nos fez nova criatura. (Rom. 8:1-8).