MATEUS 27:54 (cf. Mc 15:39; Lc 23:47) - O que foi que o centurião realmente disse a
respeito de Cristo na cruz?
PROBLEMA: Mateus registra o centurião dizendo: "Verdadeiramente este era Filho de Deus", ao
passo que Marcos diz, na essência, a mesma coisa, apenas acrescentando a palavra "homem", o que
resultou: "Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus". Lucas registra as palavras do
centurião da seguinte maneira: "Verdadeiramente, este homem era justo". O que ele realmente
disse?
SOLUÇÃO: As palavras do centurião não têm de se limitar a uma só frase ou sentença. Ele
poderia ter dito as duas coisas. De acordo com a sua ênfase em Cristo como sendo o homem
perfeito, Lucas decidiu registrar essa frase, no lugar daquelas preferidas por Mateus e Marcos. Não
há grande diferença entre os relatos de Mateus e Marcos, já que no grego a palavra "homem" está
implícita pelo masculino singular empregado no pronome "este". É também possível que Lucas
tenha parafraseado ou tirado uma conclusão do que realmente foi dito.
Os eruditos cristãos afirmam que não temos as palavras exatas que foram ditas em cada
situação, mas apenas uma versão fiel do que realmente foi dito. Em primeiro lugar, é aceito como
regra geral que eles falaram em aramaico, enquanto os Evangelhos foram escritos em grego. Dessa
forma, as palavras que temos no texto grego, do qual provêm as nossas versões, também são
traduções. Em segundo lugar, os autores dos Evangelhos, assim como acontece com os escritores
da atualidade, às vezes resumiam ou parafraseavam o que fora dito.
Desse modo, é compreensível
que os escritos apresentem pequenas variações. Mas nesse caso, como em todos os demais, a
essência do que foi originalmente dito é preservada de modo fiel no texto original.
Conquanto não tenhamos as palavras exatas, temos de fato o mesmo significado.
Encerrando, sempre que houver sentenças completamente diferentes (mas não contraditórias) entre
si, então o lógico será admitirmos que as duas coisas foram ditas naquela ocasião, e que um escritor
cita uma e o outro cita a outra. Essa é uma prática literária muito comum, ainda hoje.