segunda-feira, 17 de abril de 2017

Santificação (Não É: Erradicação da natureza pecaminosa)



Santificação Não É: Erradicação da natureza pecaminosa; perfeição impecável; impecabilidade.

A Bíblia chama Noé (ler depois: Gên 6:9); Jó (ler depois: Jó 1:1); Ló (ler depois: 2Pe 2:7); Davi (ler depois: 1Re 3:6; 9:4; 14:6; 15:3; Ato 13:22); e outras pessoas de "justo", "'integro", "temente a Deus", "perfeito", ou "sem culpa", mas isto não significa que chegaram a ser "absolutamente sem pecado e incapazes de pecar", pois Noé se embriagou vergonhosamente (ler depois: Gên 9:20-27); Jó confessou pecado (Jó 42:6); Ló andou pela vista, quis viver entre homossexuais, embriagou-se e caiu em incesto com as filhas; Davi adulterou, depois providenciou a morte do marido; etc. Contudo não quero que tenho uma interpretação errônea do que foi escrito aqui. Não significa por esses fatos que o homem de Deus peca com naturalidade. (Leia 1 João 1:7-9 / 2:1-2 / 3:6-8)

Deus ordenou perfeição a Abrão (Gên 17:1), aos discípulos (Mat 5:48), etc. Mas se isto significa absolutas perfeição, impecabilidade e semelhança a Deus, então tanto a Bíblia, como nossas próprias experiências [conosco mesmo], como nossas observações de todos os crentes que pudemos observar (bem de perto e longamente) mostram que nenhum crente jamais alcançou cumprir esses preceitos plenamente. Aqueles que se vangloriam da erradicação da sua natureza pecaminosa pretendem e fingem ter alcançado aquilo que Deus [através de Paulo, Tiago e João] ensinou não ser alcançável na presente vida Flp 3:12-14; cf. Tiago 3:2; 1João 1:8-9; ler depois: 1João 2:1.
o contexto de Mateus 5:48 indica que Cristo exorta seus seguidores a serem como o Pai, em mostrar amor tanto aos bons quanto aos maus.
Alguns usam 1João 3:8-9 em suporte da perfeição, da impecabilidade. Mas se estes 2 versos ensinassem isto, contradiriam o que Deus diz na mesma carta 1João 2:1-2. E em 1João 1:7 e em 1João 1:8. O contexto do livro de 1 João refuta toda doutrina da impecabilidade do cristão.

O texto de 1João 3:8-9 pode ser traduzido como presentes contínuos: "Quem comete [costumeiramente] o pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do Diabo. Qualquer que é nascido de Deus não comete [costumeiramente] pecado; porque a sua semente permanece nele, e não pode pecar [costumeiramente], porque é nascido de Deus."

Os mesmos argumentos acima valem contra o ensino da impecabilidade que diz que Rom 6:1-10 ou Gál 2:20) ensina que "já morremos para o pecado no sentido de que já podemos jamais pecar" (alguns loucamente diriam que jamais pecamos, mesmo que pareça que pecamos). Ademais, estes versos se referem a uma experiência factual, objetiva, judicial, posicional, definitiva, infalível, na qual o crente é identificado com Cristo: o instante da salvação.

Antinomianismo

Vista a grosseira heresia dos que pregam que a perfeita impecabilidade é alcançável nesta vida e deve ser a vida cristã normal. A heresia da perfeição impecável finge ter eliminado o pecado da vida do crente, a heresia do antinomianismo delicia-se nele e o cultiva. Ambas heresias claramente contrariam Deus na Sua Palavra: ela ensina que, embora o crente não possa alcançar a impecabilidade nesta vida, deve odiar o pecado; e que, através de cultivada, progressiva santificação, deve anelar e esforçar-se para (e pode conseguir) pecar cada vez menos, nisto sendo feliz e agradando a Deus. Tanto quanto a doutrina da perfeição impecável, antinomianismo é tremendamente anti-bíblico e diabólica.
Deus, muito diferentemente de fechar os olhos e tolerar pecados na vida do crente, definitivamente os proíbe e exige que vivamos uma vida de vencê-los usualmente e cada vez mais. A pergunta "Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?" (Rom 6:1) é respondida da forma mais enfática possível: "De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?" (Rom 6:2). Nada mais claro em toda a Bíblia! Lembremos que aqueles que vivem em pecado não herdarão o reino de Deus (1Corintios 6:10). Se sua vida está sendo uma vida caracteristicamente em pecado, então examine-se a si mesmo, pois deve rever seus conceitos de cristão [1Co 5:5]; e se é realmente salvo [1Co 6:10].

Em que Consiste a Santificação

Admitindo que a santificação é uma obra sobrenatural de Deus, permanece a questão: Em que ela consiste? Que natureza tem o efeito produzido? A verdade que sublinha todas as descrições bíblicas deste fato é que a regeneração, a vivificação a qual os crentes estão sujeitos, embora envolva a implantação ou comunicação de um novo principio ou forma de vida, não concretiza a imediata e total libertação da alma de todo o pecado. A alma, por natureza morta em pecado, pode ser ressuscitada juntamente com Cristo, e nem por isso ser perfeita. A alma regenerada convive constantemente com sua velha natureza morta, e o conflito entre a antiga e a nova vida pode ser prolongado e penoso. E este não só pode ser, mas de fato é o caso em toda a experiência do povo de Deus.

Aqui encontramos uma das diferenças características e transcendentais entre os sistemas de doutrina e religião católica e protestante. Segundo o sistema católico, da natureza do pecado nada fica na alma depois da regeneração operada pelo batismo. A luz desse fato, a teologia da Igreja de Roma deduz sua doutrina do mérito das boas obras, da perfeição das obras e, indiretamente, da absolvição e das indulgências. Porém, segundo as Escrituras, a experiên¬cia universal dos cristãos e a inegável evidencia da história, a regeneração não elimina todo o pecado. A Bíblia esta saturada de registro dos conflitos internos dos mais eminentes dos servos de Deus, com suas quedas, seus retrocessos, seus arrependimentos e suas lamentações por seus contínuos fracassos. E não só isso, mas que a natureza do conflito entre o bem e o mal no coração dos renovados é descrita de maneira plena, distinguem-se e designam os princípios em luta e se expõem reiterada e detalhadamente a necessidade, as dificuldades e os perigos da luta, assim como o método para
vence-la de maneira apropriada. 
“Digo porem: andai no Espírito e jamais satisfareis a concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja de vosso querer.” (Gálatas 5.16, 17)
Igualmente, em Efésios 6:10-18, diante do conflito que o crente tem de sustentar com os males de seu próprio coração e com os poderes das trevas, o apóstolo exorta seus irmãos a serem fortes no Senhor e na forca de seu poder.

Despojando-se do Velho homem e Revestindo-se do Novo

Sendo este o fundamento das descrições bíblicas acerca da santificação, sua natureza fica assim determinada. Já que todos os homens estão, desde a queda, em estado de pecado, não só pecadores em virtude de serem culpados de atos específicos de transgressão, mas tam¬bém como depravados, sua natureza pervertida e corrompida, a regeneração é a infusão de um novo principio de vida nessa natureza corrompida. E o fermento introduzido para difundir sua influencia gradualmente através de toda a massa. Portanto, a santificação consiste em duas coisas: primeira, a eliminação progressiva dos princípios do mal que ainda infectam nossa natureza, e a destruição de seu poder; e, segunda, o crescimento do principio de vida espiritual até controlar os pensamentos, sentimentos e atos, e conformar a alma segundo a imagem de Cristo.