Explicação de Textos Difíceis da Bíblia: “Seja Entregue a Satanás” – 1Coríntios 5:5
No original não se encontra a palavra corpo (soma), mas carne (sarks). Esta palavra grega tem vários significados. Entre eles, o de natureza ou tendência carnal. Por isso a tradução inglesa – Authorized Version – apresenta com propriedade 1Coríntios 5:5 assim: “Entregue ao domínio de Satanás o homem que assim pecou, para a destruição de suas cobiças carnais; a fim de que seu espírito se possa salvar no dia do senhor Jesus”.
“O pensamento paulino era que o autor de tão infame pecado fosse imediatamente excluído da comunhão da igreja, entregue à sua própria sorte, sofresse fora da proteção de Deus, sob o domínio do príncipe das trevas, e viesse a cair em si, a arrepender-se, e, finalmente, a ser recuperado na fé e salvar-se por ocasião da vinda de Jesus”.
“Na qualidade de representante de Jesus Cristo, excluiu Paulo da comunidade eclesiástica o pecador impenitente e escandaloso, entregando-o ao reino de Satanás, isto é, ao mundo dominado pelo príncipe das trevas, para que este castigo o faça cair em si (arrepender-se)”.
A obra Exposição da Primeira Epístola aos Coríntios, págs. 51 e 52, do presbiteriano Charles R. Erdman, nos declara – “A falta era gravíssima. O ofensor vivia maritalmente com a própria madrasta. Paulo, como se presente estivera na congregação, descreve o ato solene da disciplina como já estando a realizar-se: ‘considerai-me, pois, presente no vosso meio a sentenciar, em nome de Cristo, e com a vossa aquiescência, a excomunhão do autor da infâmia, bem como a sua entrega a Satanás, para que lhe imponha sofrimentos capazes de quebrar a força de sua cobiça pecaminosa, e assim venha a sentir arrependimento, seja restaurado à condição anterior, e se salve no Dia do Senhor!
Seja salvo. A finalidade da sentença aqui descrita é correcional. Isto era verdade também no caso de Himeneu e Alexandre, que Paulo ‘entregou a Satanás’ para que aprendessem a não blasfemar (1Timóteo 1:20). A disciplina da igreja destina-se a despertar o transgressor, levando-o a reconhecer sua situação perigosa e revelar-lhe a necessidade de arrependimento e contrição. Uma vez corrigido e humilhado pela disciplina, pode o pecador retornar a uma vida de virtude e fé. O alvo da punição da igreja não deve nunca ser a vingança, mas recobrá-lo da ruína. O membro excluído devia ser alvo de profunda simpatia por parte da igreja, e ingentes esforços deveriam ser feitos para conseguir sua restauração espiritual (ver Mateus 18:17; Romanos 15:1; Gálatas 6:1-2; Hebreus 12:13)