sábado, 23 de abril de 2011

O Que Realmente Importa

Era uma vez o jovem que recebeu do rei a tarefa de levar uma mensagem e alguns diamantes a um outro rei de uma terra distante.
Recebeu também o melhor cavalo do reino para levá-lo na jornada.
- Cuida do mais importante e cumprirás a missão! - disse o soberano ao se despedir.

Assim, o jovem preparou o seu alforje,
escondeu a mensagem na bainha da calça e colocou as pedras numa bolsa de couro amarrada a cintura, sob as vestes. Pela manhã, bem cedo, sumiu no horizonte. E não pensava sequer em falhar. Queria que todo o reino soubesse que era um nobre e
valente rapaz, pronto para desposar a princesa. Aliás, esse era o seu sonho e parecia que a princesa correspondia às suas
esperanças.

Para cumprir rapidamente sua tarefa, por vezes deixava a estrada e pegava atalhos que sacrificavam sua montaria. Assim, exigia o máximo do animal.

Quando parava em uma estalagem, deixava o cavalo ao relento, não lhe aliviava da sela e nem da carga, tampouco se preocupava em dar-lhe de beber ou providenciar alguma ração.

- Assim, meu jovem, acabas perdendo o animal - disse alguém.
- Não me importo - respondeu ele - Tenho dinheiro. Se este morrer, compro outro. Nenhuma falta fará!

Com o passar dos dias e sob tamanho esforço, o pobre animal não suportando mais os maus-tratos, caiu morto na estrada. O
jovem simplesmente o amaldiçoou e seguiu o caminho a pé. Acontece que nessa parte do país havia poucas fazendas e eram muito distantes umas das outras. Passadas algumas horas, ele se deu conta da falta que lhe fazia o animal. Estava exausto e sedento. Já havia deixado pelo caminho toda a tralha, com exceção das pedras, pois lembrava da recomendação do rei: "Cuida do mais importante!"
Seu passo se tornou curto e lento. As paradas, freqüentes e longas. Como sabia que poderia cair a qualquer momento e temendo ser assaltado, escondeu as pedras no salto de sua bota. Mais tarde, caiu exausto no pó da estrada,onde ficou desacordado. Para sua sorte, uma caravana de mercadores que seguia viagem para o seu reino, o encontrou e cuidou dele. Ao recobrar os sentidos, encontrou-se de volta em sua cidade. Imediatamente foi ter com o rei para contar o que havia acontecido e com a maior desfaçatez, colocou toda a culpa do insucesso nas costas do cavalo "fraco e doente" que recebera.
- Porém, majestade, conforme me recomendaste, "cuida do mais importante", aqui estão as pedras que me confiaste. Devolvo-as a ti. Não perdi uma sequer.

O rei as recebeu de suas mãos com tristeza e o despediu, mostrando completa frieza diante de seus argumentos.

Abatido, o jovem deixou o palácio arrasado. Em casa, ao tirar a roupa suja, encontrou na bainha da calça a mensagem do rei, que dizia:
"Ao meu irmão, rei da terra do Norte. O jovem que te envio e candidato a casar com minha filha. Esta jornada é uma prova. Dei a ele alguns diamantes e um bom cavalo. Recomendei que cuidasse do mais importante. Faz-me, portanto, este grande favor e verifica o estado do cavalo. Se o animal estiver forte e viçoso, saberei que o jovem aprecia a fidelidade e força de quem o auxilia na jornada. Se, porém, perder o animal e apenas guardar as pedras, não será um bom marido nem rei, pois terá olhos apenas para o tesouro do reino e não dará importância à rainha nem àqueles que o servem".

Comparo esta estória com o ser humano que segue sua jornada na vida, tão preocupado com seu exterior, isto é, com os bens, que tudo guarda como se fosse tudo ouro, esquecendo de alimentar também a sua alma e o seu espírito com a alegria e o amor de Deus. Certamente não cumprirá a missão, já que não sabe guardar o que é mais importante . Se você tiver a oportunidade de conhecer pessoas assim , como conheci e conheço a muitos , verá que na intimidade têm mais problemas que você ou eu e são cercados de infelicidades .

Antes que seja tarde , preocupe-se em : será que estou no Caminho que me leva a Deus ?
"Há homens que querem ser políticos, há políticos que querem ser reis, há reis que querem ser deuses, e Deus deixou a Sua glória e veio a Ser Homem."


"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
Pelo que, também, Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
Para que, ao nome de Jesus, se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai." [filipenses 2]

domingo, 10 de abril de 2011

A Terra, Projetada Para Sustento da Vida:

A terra foi criada por um Mestre Designer inteligente para manutenção da vida.

A terra está posicionada à exata distância do sol de forma que nós recebemos a quantidade suficiente de calor para manutenção da vida. Os outros planetas de nosso sistema solar ou estão muito próximos do sol (muito calor) ou muito distantes (muito frio) para sustentar a vida.

Qualquer mudança no ritmo da rotação da terra tornaria a vida impossível. Por exemplo, se a terra girasse a um décimo de sua rotação atual, toda a vida vegetal seria queimada durante o dia ou seria congelada durante a noite.

As variações de temperatura mantêm-se dentro de um limite aceitável em virtude da órbita quase circular da terra em torno do sol.

As temperaturas extremas se tornam moderadas em virtude do vapor de água e do dióxido de carbono na atmosfera.

A lua gira ao redor da terra a uma distância de mais ou menos 384.000 mil quilômetros ocasionando as marés em nosso planeta. Se a lua fosse localizada a um quinto desta distância, os continentes seriam completamente submersos duas vezes por dia.

A espessura da crosta da terra e a profundidade dos oceanos parecem ter sido cuidadosamente projetados. Um aumento na espessura da crosta terrestre ou na profundidade dos mares de apenas alguns metros alteraria tão drasticamente a absorção do oxigênio livre e dióxido de carbono que a vida vegetal e animal não poderiam existir.

O eixo da terra está posicionado a 23.5 graus perpendicular ao plano de sua órbita. Este posicionamento, associado ao movimento da terra em torno do sol, provoca nossas estações, que são absolutamente essenciais para o cultivo dos alimentos.

A atmosfera da terra (camada de ozônio) serve como um escudo protetor da radiação letal dos raios ultravioletas, que poderiam de outra maneira destruir todo tipo de vida.

A atmosfera da terra também serve para protegê-la de aproximadamente 20 milhões de meteoros que entram em sua órbita cada dia com uma velocidade de mais ou menos de 48 km por segundo! Sem esta proteção crucial o perigo à vida seria imensurável.

A terra tem o tamanho físico perfeito e a massa exata para sustentar a vida, permitindo um equilíbrio cuidadoso entre as forças de gravitação (essenciais para controlar a água e a atmosfera) e a pressão atmosférica.

Os dois constituintes primários da atmosfera terrestre são o nitrogênio (78 por cento) e o oxigênio (20 por cento). Esta proporção delicada é essencial para todas as formas de vida.

O campo magnético da terra fornece uma proteção importante da nociva radiação cósmica.

A terra é singularmente abençoada com uma abundante provisão de água, que é uma substância chave de vida em virtude de suas propriedades físicas essenciais e extraordinárias.

"Tão numerosas combinações perfeitas e complexas de condições inter-relacionadas e fatores essenciais às delicadas formas de vida, sem sombra de dúvida apontam para um projeto inteligente e significativo. Crer que um sistema de suporte à vida tão intrinsecamente planejado é o resultado de uma mudança é algo absolutamente sem sentido. Certamente, um observador sincero e objetivo não terá outro recurso senão concluir que o sistema terra-sol foi cuidadosamente e sabiamente desenhado por Deus para o homem" - Huse, Scott M., O Colapso da evolução (Huse, Scott M., The Collapse of Evolution ).


"Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis," (Romanos 1:20).

A teoria da evolução e a ciência galileana

afirmar que Deus não é o Criador tendo como base o modelo da evolução é ferir as próprias bases da ciência e da lógica

por Michelson Borges

Em livro recentemente publicado em português, o presidente da Federação Mundial de Cientistas, Dr. Antônio Zichichi, faz afirmações bastante corajosas e pouco convencionais no mundo científico. Segundo ele, há flagrantes mistificações no edifício cultural moderno e que passam, muitas vezes, despercebidas do público em geral. Eis alguns exemplos:

Faz-se com que todos creiam que ciência e fé são inimigas. Que ciência e técnica são a mesma coisa. Que o cientificismo nasceu no coração da ciência. Que a lógica matemática descobriu tudo e que, se a matemática não descobre o "Teorema de Deus", é porque Deus não existe. Que a ciência descobriu tudo e que, se não descobre Deus, é porque Deus não existe. Que não existem problemas de nenhum tipo na evolução biológica, mas certezas científicas. Que somos filhos do caos, sendo ele a última fronteira da ciência.

Para Zichichi, a verdade é bem diferente. E a maneira de se provar a incoerência das mistificações acima consiste em compreender exatamente o que é ciência.

Foi Galileu Galilei quem lançou as bases da ciência experimental. A grandeza desse físico e astrônomo italiano, para quem "o Universo é um texto escrito em caracteres matemáticos", não reside tanto em suas extraordinárias descobertas astronômicas, mas na busca de verificar se o resultado de experiências era ou não contrário à validade de determinadas leis. Para Galileu, as teorias deveriam ser testadas e repetidas a fim de serem consideradas verdadeiras. Graças a ele, pôde-se fazer separação entre o imanente e o transcendente. Como dizia um dos pais da física moderna, Niels Bohr, resumindo o pensamento galileano, não existem teorias bonitas e teorias feias. Existem apenas teorias verdadeiras e teorias falsas.

Por isso, Zichichi afirma: "Nem a matemática nem a ciência podem descobrir Deus pelo simples fato de que estas duas conquistas do intelecto humano agem no imanente e jamais poderiam chegar ao Transcendente" (Por Que Acredito Naquele Que Fez o Mundo, pág. 16 – Editora Objetiva).

Uma teoria como a da evolução das espécies, com tantos "elos perdidos", desenvolvimentos milagrosos (olho, cérebro, DNA, etc.), extinções inexplicáveis e fenômenos irreproduzíveis não é ciência galileana. "Eis porque", diz Zichichi, "a teoria que deseja colocar o homem na mesma árvore genealógica dos símios está abaixo do nível mais baixo de credibilidade científica. ... Se o homem do nosso tempo tivesse uma cultura verdadeiramente moderna, deveria saber que a teoria evolucionista não faz parte da ciência galileana. Faltam-lhe os dois pilares que permitiriam a grande virada de 1600: a reprodução e o rigor. Em suma, discutir a existência de Deus, com base no que os evolucionistas descobriram até hoje, não tem nada a ver com a ciência. Com o obscurantismo moderno, sim"
Por mais que alguns queiram ignorar a realidade, especialmente no que diz respeito ao modelo da evolução, posto que não é fato científico confirmado, as premissas e a filosofia de vida dos pesquisadores influem diretamente em suas pesquisas. Bom exemplo é o do geólogo e pensador evolucionista da Universidade de Harvard, Stephen Jay Gould. Ele é marxista e autor da teoria do equilíbrio pontuado (evolução aos saltos), que é quase uma transposição literal da idéia da revolução para o mundo natural. Por isso mesmo, embora Gould faça bastante sucesso como escritor, grande parte da comunidade científica rejeita suas idéias "evolucionistas marxistas".


E a conclusão de José Luiz Goldfarb, presidente da Sociedade Brasileira de História da Ciência, é a de que "nenhum cientista entra no laboratório sem uma visão de mundo mais complexa. O fato de a ciência funcionar em bases experimentais não significa que o cientista não tenha crenças ou pressupostos sobre a realidade" (Época, 27/12/99).

Isso explica por que, entre os cientistas, há crentes e ateus (como entre a população em geral). Se a existência de Deus (ou Sua inexistência) fosse algo demonstrável nos domínios da ciência (galileana), só haveria um grupo de cientistas: crédulos ou incrédulos.

Para Zichichi, Deus transcende a lógica matemática e a ciência. Por isso, "é inconcebível que possa ser descoberto pela lógica matemática ou pela ciência. A lógica matemática pode descobrir tudo aquilo que faz parte da matemática. E a ciência, tudo que faz parte da ciência. ... O ateu, na verdade, diz: ‘Por amor à lógica, não posso aceitar a existência de Deus.’ Mas o rigor lógico não consegue demonstrar que Deus não existe" (Idem, págs. 159 e 162). Quando a "ciência" opta por excluir o conceito de um Criador, deixa claro, com isso, que não é uma busca aberta da verdade, como tantas vezes quer parecer ser.

Na verdade, tudo ficaria mais claro (e lógico) se as pessoas admitissem, como fez Galileu, que tanto a natureza quanto as Escrituras Sagradas são obra do mesmo Autor e, embora utilizem linguagem diferente (mas apontem para o amor e o poder de Deus), não estão em contradição para o observador atento. "Não sabemos o que e quanto desconhecemos", escreveu o zoólogo Dr. Ariel Roth. "A verdade precisa ser buscada, e devia fazer sentido em todos os campos. Devido a ser tão ampla, a verdade abrange toda a realidade; e nossos esforços para encontrá-la deveriam também ser amplos"

Podemos Crer em Deus?

TUDO O QUE É PROJETADO TEM UM PROJETISTA

A maneira pela qual o corpo humano é constituído e funciona demanda a existência de um projetista. Os cientistas nos dizem que o cérebro é capaz de armazenar e relembrar de milhares de imagens mentais, de solucionar problemas, apreciar a beleza, compreender a si mesmo, e desejar desenvolver-se melhor. As descargas elétricas que se originam no cérebro controlam toda a atividade muscular de nosso corpo. Os computadores também funcionam através de impulsos elétricos. Contudo, foi necessária uma mente humana para inventar o computador, e um ser humano para construí-lo e dizer-lhe o que fazer. Não é de admirar que o salmista concluiu que o corpo humano fala em claro e bom som acerca de um maravilhoso Criador:

"Eu Te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Digo isso com convicção." Salmo 139:14 (A não ser quando indicado, todos os textos bíblicos da série DESCOBERTAS BÍBLICAS são da Nova Versão Internacional [NVI]).

Não precisamos ir muito longe para encontrarmos as "obras" de Deus. A complexa maneira pela qual são constituídos o cérebro humano e os outros órgãos de nosso corpo são "obras" de Deus, e apontam para um projetista infinitamente habilidoso.

Nenhuma bomba de pressão construída pelo homem pode se comparar ao coração humano. Nenhuma rede de computação pode se igualar ao sistema nervoso. Nenhum sistema televisivo é tão eficiente quanto a voz humana, o ouvido e o olho. Nenhum aparelho central de ar condicionado e sistema de aquecimento podem se comparar com o trabalho feito por nosso nariz, pulmões, e pele. A complexidade do corpo humano sugere que alguém o projetou, e esse Alguém é Deus.

O corpo humano é um sistema completo de órgãos - todos interligados, todos cuidadosamente preparados para tal. Os pulmões e o coração, nervos e músculos, todos executam tarefas extremamente complicadas que dependem de outras tarefas incrivelmente complicadas.

Se você marcasse dez moedas, de um a dez, colocasse-as em seu bolso, balançasse bastante o bolso, e então as tirasse, na sorte, e as colocasse de volta, uma a uma, na ordem numérica exata, qual a probabilidade, na sua opinião, de que isso pudesse ocorrer? Pela lei matemática, você tem apenas uma chance em dez bilhões de tentativas, para que consiga colocá-las de volta na ordem de um a dez.

Agora, considerem as chances de que um estômago, um cérebro, um coração, um fígado, as artérias, veias, rins, ouvidos, olhos, e dentes todos se desenvolvam juntos, e comecem a funcionar ao mesmo tempo.

Qual é a explicação mais razoável para a constituição do corpo humano?


"Então disse Deus: 'Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança… CRIOU DEUS O HOMEM À SUA IMAGEM,... homem e mulher os criou." Gênesis 1:26, 27

O primeiro homem e a primeira mulher não poderiam ter aparecido por acaso. A Bíblia afirma que Deus nos projetou à Sua imagem. Ele pensou em nós e nos trouxe à vida.

TUDO O QUE É FEITO TEM UM CRIADOR
As evidências a favor de Deus não são confinadas apenas ao nosso corpo; elas também estão espalhadas pelos céus. Deixe para trás as luzes da cidade, e olhe para cima, para um céu estrelado. Aquela nuvem a que chamamos Via Láctea na verdade é uma galáxia formada por bilhões de sóis brilhantes, parecidos com o nosso sol. Inclusive, nosso sol e seus planetas são apenas uma parte da Via Láctea. Nossa Via Láctea é apenas uma das aproximadamente cem bilhões de galáxias que podem ser vistas através dos telescópios gigantes da terra, e através do telescópio Hubble, da Nasa, que cruza o espaço.

Não é de admirar o salmista ter afirmado que as estrelas falam de um glorioso Criador:

"Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra de suas mãos." Salmo 19:1.

O que podemos razoavelmente concluir ao olhar para a complexidade e a vastidão do universo?

"No princípio criou Deus os céus e a terra." Gênesis 1:1.

"Ele é antes de todas as coisas, e nEle tudo subsiste." Colossenses 1:17.

Toda a criação testifica de Deus, o Projetista Mestre do Universo e Infinito Criador. Na simplicidade das palavras "No princípio, Deus..." encontramos a resposta para o mistério da vida. Há um Deus que criou tudo o que existe.

Muitas das maiores mentes científicas de hoje acreditam em Deus. Dr. Artur Compton, vencedor de um Prêmio Nobel de Física, comentando sobre esse verso das escrituras, certa vez disse:

"Para mim, a fé começa com a percepção de que há uma inteligência superior que deu vida ao universo e criou o homem. Não é difícil ter fé, pois não há dúvidas de que onde há ordem, deve haver uma inteligência divina. Um universo ordenado, em expansão testifica a verdade da mais gloriosa frase já dita: 'No princípio, Deus.' "

A Bíblia não busca provar a Deus - ela declara Sua existência. Dr. Artur Conklin, um renomado biólogo, escreveu certa vez: "A probabilidade de que a vida tenha se originado de um acidente é comparável à probabilidade de que um dicionário não abreviado tenha surgido à partir da explosão de uma gráfica."

Sabemos que os seres humanos não podem fazer algo à partir do nada. Construímos coisas, inventamos coisas, ajuntamos coisas, mas nunca demos vida a nada, nem mesmo um pequeno sapo ou uma simples flor. As coisas ao nosso redor clamam que Deus projetou, criou e sustém o universo. A única resposta acreditável para a origem do universo, desse mundo, e dos seres humanos é DEUS.

Será que Tudo É “a Vontade de Deus”?

As palavras do Novo Testamento para “vontade”, conforme usadas no contexto da “vontade de Deus”, podem significar uma de três coisas:

desejo, propósito ou permissão.

Tendo em vista esta variedade de conotações, é certamente correto dizer: TUDO QUE ACONTECE É A VONTADE DE DEUS.

ALGUMAS coisas acontecem porque Deus as intenciona e deseja, porém não tudo. É especialmente importante saber que a palavra “vontade” também pode significar “autorizar, permitir”. Quando compreendemos isso, podemos verdadeiramente dizer que TUDO O QUE ACONTECE É A VONTADE DE DEUS, mas não no mesmo sentido!

É claro que Deus decreta ou intenciona que algumas coisas aconteçam, principalmente coisas relacionadas à criação e à redenção. A cruz, por exemplo, foi pré-determinada (At 2.23). Porém, visto que Deus criou este mundo para ser habitado por criaturas com livre-arbítrio, a maioria das coisas que acontecem nele não são o propósito de Deus, mas sim PERMITIDAS por Ele. Deus deseja que nós, criaturas com livre-arbítrio, façamos muitas coisas que não fazemos (por exemplo, 2Pe 3.9) e Ele deseja que NÃO façamos muitas coisas que nós fazemos (especialmente cometer pecados). Assim, a Sua vontade, no sentido de “desejo”, nem sempre acontece. Porém, até mesmo nesses tipos de casos, o que quer que aconteça, acontece SOMENTE porque Deus PERMITE que aconteça.


Tg 4.13-15 identifica claramente esse aspecto da vontade divina: “Eia agora vós, que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade e lá passaremos um ano e contrataremos e lucraremos. ‘Portanto vocês não sabem como será a vossa vida amanhã. Vocês são apenas um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece’. Em vez disso, vocês deveriam dizer: ‘Se o Senhor quiser, viveremos e também faremos isto ou aquilo.’” Aqui, “se o Senhor quiser” significa “se o Senhor permitir” no mesmo sentido que At 18.21 e 1Co 4.19 (confira Rm 1.10; 15.32; 1Pe 4.19). O ponto é que Deus PODERIA EVITAR qualquer coisa que está prestes a acontecer se Ele optar por assim fazer e, às vezes, segundo a Sua vontade de propósito, ele faz justamente isso (Lc 12.20).

Porém, na maioria dos casos Ele deseja PERMITIR que isso aconteça de acordo com nossos próprios planos e escolhas, permitindo assim que as nossas escolhas livres determinem o nosso próprio destino. Ainda assim, mesmo quando Deus está PERMITINDO que tais coisas aconteçam como resultado de nossas próprias vontades, Ele está querendo que elas aconteçam no sentido que Ele está permitindo que elas aconteçam. Assim, até mesmo essas coisas são a vontade de Deus – porém NÃO no sentido que Ele está intencionando ou causando essas coisas. Elas são resultado da sua vontade permissiva apenas.

As pessoas que nunca ouviram o evangelho

O que acontece às pessoas que nunca tiveram a chance de ouvir a respeito de Jesus?

Todas as pessoas responderão a Deus, se “ouviram a Seu respeito” ou não. A Bíblia nos diz que Deus claramente Se revelou na natureza (Romanos 1:20) e nos corações das pessoas (Romanos 2:14,15 / Eclesiastes 3:11). O problema é que a raça humana é pecadora; todos nós rejeitamos este conhecimento de Deus e contra Ele nos rebelamos (Romanos 1:21-23). Longe da graça de Deus, Deus nos entregaria aos desejos pecaminosos de nossos corações, permitindo que descobríssemos quão inútil e miserável é a vida longe Dele. Isto é o que Ele faz com aqueles que O rejeitam (Romanos 1:24-32).

Na verdade, não é que algumas pessoas não tenham ouvido a respeito de Deus. Mas ao contrário, o problema é que elas rejeitaram o que ouviram e o que está claramente revelado na natureza. Deuteronômio 4:29 proclama: “Então dali buscarás ao SENHOR teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma.” Este versículo ensina um princípio importante: todos que verdadeiramente buscarem a Deus O acharão. Se uma pessoa verdadeiramente deseja conhecer a Deus, Deus a ela Se fará conhecido.

O problema é: “Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus” (Romanos 3:11). As pessoas rejeitam o conhecimento de Deus que se faz presente na natureza e em seus próprios corações, e, ao invés, decidem adorar um “deus” de sua própria criação. É tolo debater a justiça de Deus em enviar alguém ao inferno por nunca ter tido a oportunidade de ouvir o Evangelho de Cristo. As pessoas são responsáveis perante Deus pelo que Ele a elas já revelou. A Bíblia diz que as pessoas rejeitam este conhecimento, e por isso Deus é justo em condená-las ao inferno.

Se tomarmos por base que aqueles que nunca ouviram o Evangelho serão agraciados com a misericórdia de Deus, vamos cair em um imenso problema. Se as pessoas que nunca ouviram o Evangelho forem salvas. devemos então nos certificar que ninguém ouça o Evangelho. A pior coisa que poderíamos então fazer seria compartilhar do Evangelho e a pessoa rejeitá-lo. Se isto acontecesse, a pessoa seria condenada. As pessoas que não ouviram o Evangelho devem ser condenadas, ou do contrário, não há motivo para o evangelismo. Por que correr o risco de que pessoas possivelmente rejeitem o Evangelho e se condenem, quando anteriormente já eram salvas porque nunca tinham ouvido o Evangelho?

Esaú predestinado à condenação? Rm 9: 13

Romanos 9: 13 diz: "Como está escrito: amei a Jacó, mas rejeitei a Esaú". -


Em poucas palavras pretendo fazer uma ligeira exegese desse texto, levando em consideração o "contexto Aproximado" e o "Contexto Paralelo" atrelados a Romanos 9:13 em respeito as regras da Hemenêutica Sagrada.

Contexto Aproximado:
O Apóstolo Paulo trata no cap.9 de Romanos da problemática levantada na igreja em Roma: "Deus não pode condenar nenhum judeu por ter rejeitado Jesus como o Cristo, porque todos os judeus, como descendentes de Abraão, estão debaixo da promessa de salvação feita aos patriarcas".
Por isso, Paulo planejou desconstruir essa idéia de "predestinação Incondicional" para todos judeus ensinando aqui que os critérios estabelecidos por Deus são soberanos e não estão subjugados a essa falácia judaizante. Primeiramente, Paulo começa seu argumento afirmando que a promessa de Deus não falhou (v.6), e depois aclara que nem todos os que são descendentes de Abraão na carne são filhos (vs.7,8):
"Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência"(Rm 9:7,8). E em Gl 3:7 ele explica que os filhos de Abraão são os da FÉ.

Portanto, o que Paulo quer dizer nesse versículo 13 é que Esaú era tão descendente de Abraão quanto seu irmão Jacó, porém Deus o rejeitou. Então, o Apóstolo provou que essa tese de que todo descendente de Abraão tem que ser salvo independente de aceitarem a Jesus, não passa de falácia humana.


Contextos Paralelos:
Primeiro, o único texto do VT em que Paulo pode ter se baseado que fala que "Deus amou a Jacó e aborreceu a Esaú" encontra-se em Ml 1:2-4. Por esse contexto paralelo (Ml 1:2-4) encontramos um esclarecimento bombástico para a correta interpratação de Rm 9:13:
Que o Esaú que Deus ABORRECEU não se trata da "pessoa" dele, mas dos seus descendentes (que também eram descendentes de Abraão), pois Malaquias não usou essa frase referindo-se as pessoas de Jacó e de Esaú, mas dos seus descendentes; que são respectivamente os judeus (Jacó) e os edonitas (Esaú). Os edonitas já tinham feito muito mal a Israel, então Deus estava aborrecido com eles e prometeu destruí-los. Aqui além de revelar uma eleição corporativa, também ensina aos leitores que Deus, por causa da transgressão de Seus critérios soberanos, rejeitou os descendentes de Esaú que também eram CARNE de Abraão; não há predestinação Incondicional!

E depois, os contextos Paralelos revelam que a questão aqui não é eleição para salvação, mas para OBRA. Abraão e seus descendentes israelitas não foram escolhidos, à principio, para salvação, mas para OBRA. Quando Deus chamou Abraão jamais Ele disse que era pra salvá-lo, mas para formar uma grande nação (Gn 12:2). E essa nação (Israel) seria Luz para os gentios (Is 42:6; 49:6; At 13:47). Ou seja, atraves dela Deus revelaria Seu poder ao mundo, Sua Palavra e por ela viria o redentor ao mundo.

Portanto, jamais Paulo pretendeu defender em Rm 9:13 que Jacó foi predestinado incondicionalmente para a salvação eterna, e nem que Esaú foi predestinado Incondicionalmente para a perdição eterna. Muito pelo contrário, Paulo quis refutar a teoria judaizante do fatalismo incondicional para salvação dos descendentes de Abraão, apresentando a soberania divina em rejeitar para eleição pra obra e, ainda, aborrecer-se de Esaú e sua descendência porque não se adequaram aos critérios revelados por Deus (Hb 12:16,17).

terça-feira, 5 de abril de 2011

Os Manuscritos do Mar Morto

Durante toda a Idade Média, por interesses principalmente políticos e econômicos, a Igreja foi aos poucos agasalhando em seu seio doutrinas e costumes absolutamente contrários ao espírito e ensinos de Jesus e dos apóstolos. Por essa razão, muitas pessoas passaram a temer que a Bíblia também tivesse sofrido alterações significativas. O receio era de que o texto do Antigo Testamento que temos hoje não fosse exatamente aquele no qual Jesus e os apóstolos basearam todos os seus ensinos; que não fosse mais a “Palavra de Deus” como originalmente havia sido escrita. Felizmente, a Arqueologia praticamente acabou com essa dúvida. E tudo graças a um menino!

Em 1947, vasculhando as cavernas do extremamente árido e inóspito lado ocidental do Mar Morto, em busca de uma ovelha perdida, um garoto beduíno encontrou grandes vasos de barro que continham antigos manuscritos escondidos ali. A partir de então, outros beduínos e arqueólogos encontraram, em onze cavernas da região, mais de 800 diferentes manuscritos, incluindo todos os livros do Antigo Testamento, com exceção dos livros de Ester e Neemias. De alguns livros da Bíblia foram encontrados apenas fragmentos; em outros casos, a maior parte do texto foi recuperada. O livro do profeta Isaías foi encontrado praticamente inteiro!

Apenas um dos rolos havia sido escrito em finas folhas de cobre. Todos os demais foram escritos em pergaminho (pele de animal especialmente preparada para essa finalidade). Assim, por terem utilizado material orgânico, esses livros bíblicos puderam ser submetidos ao processo de datação conhecido como Carbono 14. Outro método utilizado para determinar a época em que foram escritos foi a análise paleográfica (análise da forma da escrita, que em cada época tem características típicas). Surpreendentemente, constatou-se que os manuscritos haviam sido produzidos entre o século II a.C. e o século I d.C. – portanto, em dias anteriores e contemporâneos a Jesus! Judeus zelosos dessa época, provavelmente para salvar os livros sagrados de algum perigo iminente, devem tê-los escondido nas remotas e quase inacessíveis cavernas do Mar Morto. E – maior surpresa ainda! – quando comparados, constatou-se que os livros do Antigo Testamento que temos hoje são essencialmente idênticos aos textos que existiam nos dias de Jesus!

Jesus certa vez disse: “Vós examinais as Escrituras porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim” (João 5:39). Como é confortador saber que as Escrituras que temos hoje em nossas mãos são aquelas mesmas que Jesus lia e ensinava!

O Novo Testamento é historicamente confiável

Recentemente foi questionada no blog www.michelsonborges.com a veracidade histórica do Novo Testamento (NT). Há muitos bons livros no mercado sobre isso, mas procurei reproduzir aqui, de forma resumida, as dez razões apresentadas no livro Não tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu (Vida), pelas quais sabemos que os autores do NT disseram a verdade.

1. Os autores do NT incluíram detalhes embaraçosos sobre si mesmos. A tendência da maioria dos autores é deixar de fora qualquer coisa que prejudique sua aparência. É o “princípio do embaraço”. Agora pense: Se você e seus amigos estivessem forjando uma história que você quisesse que fosse vista como verdadeira, vocês se mostrariam como covardes, tolos e apáticos, pessoas que foram advertidas e que duvidaram? É claro que não. Mas é exatamente isso que encontramos no NT. Se você fosse autor do NT, escreveria que um dos seus principais líderes foi chamado de “Satanás” por Jesus, negou o Senhor três vezes, escondeu-se durante a crucifixão e, mais tarde, foi repreendido numa questão teológica?

O que você acha que os autores do NT teriam feito se estivessem inventando uma história? Teriam deixado de lado a sua inaptidão, sua covardia, a repreensão que receberam, as negações e seus problemas teológicos, mostrando-se como cristãos ousados que se colocaram a favor de Jesus diante de tudo e que, de maneira confiante, marcharam até a tumba na manhã de domingo, bem diante dos guardas romanos, para encontrarem o Jesus ressurreto que os esperava para salvá-los por sua grande fé! Os homens que escreveram o NT também diriam que eles é que contaram às mulheres sobre o Jesus ressurreto, que eram as únicas que estavam escondendo-se por medo dos judeus. E, naturalmente, se a história fosse uma invenção, nenhum discípulo, em momento algum, teria sido retratado como alguém que duvida (especialmente depois de Jesus ter ressuscitado).

2. Os autores do NT incluíram detalhes embaraçosos e dizeres difíceis de Jesus. Os autores do NT também são honestos sobre Jesus. Eles não apenas registraram detalhes de uma auto-incriminação sobre si mesmos, mas também registraram detalhes embaraçosos sobre seu líder, Jesus, que parecem colocá-Lo numa situação bastante ruim. Exemplos: Jesus foi considerado “fora de Si” por Sua mãe e Seus irmãos, por quem também foi desacreditado; foi visto como enganador; foi abandonado por Seus seguidores e quase apedrejado certa ocasião; foi chamado de “beberrão” e de “endemoninhado”, além de “louco”. Finalmente, foi crucificado como malfeitor.

Entre as situações teologicamente “embaraçosas”, encontramos as seguintes: Ele amaldiçoa uma figueira (Mat. 21:18); Ele parece incapaz de realizar milagres em Sua cidade natal, exceto curar algumas pessoas doentes (Mar. 6:5); e parece indicar que o Pai é maior que Ele (João 14:28). Se os autores do NT queriam provar a todos que Jesus era Deus, então por que não eliminaram dizeres e situações complicados que parecem argumentar contra a Sua deidade? Os autores do NT foram extremamente precisos ao registrar exatamente aquilo que Jesus disse e fez.

3. Os autores do NT incluíram as exigências de Jesus. Se os autores do NT estavam inventando uma história, certamente não inventaram uma que tenha tornado a vida mais fácil para eles. Esse Jesus tinha alguns padrões bastante exigentes. O Sermão do Monte (Mateus 5), por exemplo, não parece ser uma invenção humana. São mandamentos difíceis de ser cumpridos pelos seres humanos e parecem ir na direção contrária dos interesses dos homens que os registraram. E certamente são contrários aos desejos de muitos hoje que desejam uma religião de espiritualidade sem exigências morais.

4. Os autores do NT fizeram clara distinção entre as palavras de Jesus e as deles. Embora não existam aspas ou travessão para indicar uma citação no grego do século I, os autores do NT distinguiram as palavras de Jesus de maneira bastante clara. Teria sido muito fácil para esses homens resolverem as disputas teológicas do primeiro século colocando palavras na boca de Jesus. E fariam isso também, caso estivessem inventando a “história do cristianismo”. Teria sido muito conveniente para esses autores terminar todo debate ou controvérsia em torno de questões como circuncisão, leis cerimoniais judaicas, falar em línguas, mulheres na igreja e assim por diante, simplesmente inventando citações de Jesus. Mas eles nunca fizeram isso. Mantiveram-se fiéis ao que Jesus disse e não disse.

5. Os autores do NT incluíram fatos relacionados à ressurreição de Jesus que eles não poderiam ter inventado. Eles registraram que Jesus foi sepultado por José de Arimatéia, um membro do Sinédrio – o conselho do governo jadaico que sentenciou Jesus à morte por blasfêmia. Esse não é um fato que poderiam ter inventado. Considerando a amargura que certos cristãos guardavam no coração contra as autoridades judaicas, por que eles colocariam um membro do Sinédrio de maneira tão positiva? E por que colocariam Jesus na sepultura de uma autoridade judaica? Se José não sepultou Jesus, essa história teria sido facilmente exposta como fraudulenta pelos inimigos judaicos do cristianismo. Mas os judeus nunca negaram a história e jamais se encontrou uma história alternativa para o sepultamento de Jesus.

Todos os quatro evangelhos dizem que as mulheres foram as primeiras testemunhas do túmulo vazio e as primeiras a saberem da ressurreição. Uma dessas mulheres era Maria Madalena, que Lucas admite ter sido uma mulher possuída por demônios (Luc. 8:2). Isso jamais teria sido inserido numa história inventada. Uma pessoa possessa por demônios já seria uma testemunha questionável, mas as mulheres em geral não eram sequer consideradas testemunhas confiáveis naquela cultura do século I. O fato é que o testemunho de uma mulher não tinha peso num tribunal. Desse modo, se você estivesse inventando uma história da ressurreição de Jesus no século I, evitaria o testemunho de mulheres e faria homens – os corajosos – serem os primeiros a descobrir o túmulo vazio e o Jesus ressurreto. Citar o testemunho de mulheres – especialmente de mulheres possuídas por demônios – seria um golpe fatal à tentativa de fazer uma mentira ser vista como verdade.

“Por que o Jesus ressurreto não apareceu aos fariseus?” é uma pergunta comum feita pelos céticos. A resposta pode ser porque não teria sido necessário. Isso é normalmente desprezado, mas muitos sacerdotes de Jerusalém tornaram-se cristãos. Lucas escreve: “Crescia rapidamente o número de discípulos em Jerusalém; também um grande número de sacerdotes obedecia à fé” (Atos 6:7). Se você está tentando fazer que uma mentira seja vista como verdade, não facilita as coisas para os seus inimigos, permitindo que exponham a sua história. A conversão dos fariseus e a de José de Arimatéia eram dois detalhes desnecessários que, se fossem falsos, teriam acabado com a “farsa” de Lucas.

Em Mateus 28:11-15, é exposta a versão judaica para o fato do túmulo vazio (a mentira do roubo do corpo de Jesus). Note que Mateus deixa bastante claro que seus leitores já sabiam sobre essa explicação dos judeus porque “essa versão se divulgou entre os judeus até o dia de hoje”. Isso significa que os leitores de Mateus (e certamente os próprios judeus) saberiam se ele estava ou não dizendo a verdade. Se Mateus estava inventando a história do túmulo vazio, por que daria a seus leitores uma maneira tão simples de expor suas mentiras? A única explicação plausível é que o túmulo deve ter realmente ficado vazio, e os inimigos judeus do cristianismo devem realmente ter espalhado essa explicação específica para o túmulo vazio (de fato, Justino Mártir e Tertuliano, escrevendo respectivamente nos anos 150 d.C. e 200 d.C., afirmam que as autoridades judaicas continuaram a propagar essa história do roubo durante todo o século II).

6. Os autores do NT incluíram em seus textos, pelo menos, 30 pessoas historicamente confirmadas. Não há maneira de os autores do NT terem seguido adiante escrevendo mentiras descaradas sobre Pilatos, Caifás, Festo, Félix e toda a linhagem de Herodes. Alguém os teria acusado por terem envolvido falsamente essas pessoas em acontecimentos que nunca ocorreram. Os autores do NT sabiam disso e não teriam incluído tantas pessoas reais de destaque numa ficção que tinha o objetivo de enganar.

7. Os autores do NT incluíram detalhes divergentes. Os críticos são rápidos em citar os relatos aparentemente contraditórios dos evangelhos como evidência de que não são dignos de confiança em informação precisa. Mateus diz, por exemplo, que havia um anjo no túmulo de Jesus, enquanto João menciona a presença de dois anjos. Não seria isso uma contradição que derrubaria a credibilidade desses relatos? Não, mas exatamente o oposto é verdadeiro: detalhes divergentes, na verdade, fortalecem a questão de que esses são relatos feitos por testemunhas oculares. Como? Primeiro, é preciso destacar que o relato dos anjos não é contraditório. Mateus não diz que havia apenas um anjo na sepultura. Os críticos precisam acrescentar uma palavra ao relato de Mateus para torná-lo contraditório ao de João. Mas por que Mateus mencionou apenas um anjo, se realmente havia dois ali? Pela mesma razão que dois repórteres de diferentes jornais cobrindo um mesmo fato optam por incluir detalhes diferentes em suas histórias. Duas testemunhas oculares independentes raramente vêem todos os mesmos detalhes e descrevem um fato exatamente com as mesmas palavras. Elas vão registrar o mesmo fato principal (Jesus ressuscitou dos mortos), mas podem diferir nos detalhes (quantos anjos havia no túmulo). De fato, quando um juiz ouve duas testemunhas que dão testemunho idêntico, palavra por palavra, o que corretamente presume? Conluio. As testemunhas se encontraram antecipadamente para que suas versões do fato concordassem.

À luz dos diversos detalhes divergentes do NT, está claro que os autores não se reuniram para harmonizar seus testemunhos. Isso significa que certamente não estavam tentando fazer uma mentira passar por verdade. Se estavam inventando a história do NT, teriam se reunido para certificar-se de que eram coerentes em todos os detalhes.

Ironicamente, não é o NT que é contraditório, mas sim os críticos. Por um lado, os críticos afirmam que os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) são por demais uniformes para serem fontes independentes. Por outro lado, afirmam que eles são muito divergentes para estarem contando a verdade. Desse modo, o que eles são? Muito uniformes ou muito divergentes? Na verdade, são a mistura perfeita de ambos: são tanto suficientemente uniformes e suficientemente divergentes (mas não tanto) exatamente porque são relatos de testemunhas oculares independentes dos mesmos fatos. Seria de esperar ver o mesmo fato importante e detalhes menores diferentes em manchetes de jornais independentes relatando o mesmo acontecimento.

Simon Greenleaf, professor de Direito da Universidade de Harvard que escreveu um estudo-padrão sobre o que constitui evidência legal, creditou sua conversão ao cristianismo ao seu cuidadoso exame das testemunhas do evangelho. Se alguém conhecia as características do depoimento genuíno de testemunhas oculares, essa pessoa era Greenleaf. Ele concluiu que os quatro evangelhos “seriam aceitos como provas em qualquer tribunal de justiça, sem a menor hesitação” (The Testimony of the Evangelists, págs. 9 e 10).

8. Os autores do NT desafiam seus leitores a conferir os fatos verificáveis, até mesmo fatos sobre milagres. Lucas diz isso a Teófilo (Luc. 1:1-4); Pedro diz que os apóstolos não seguiram fábulas engenhosamente inventadas, mas que foram testemunhas oculares da majestade de Cristo (II Ped. 1:16); Paulo faz uma ousada declaração a Festo e ao rei Agripa sobre o Cristo ressurreto (Atos 26) e reafirma um antigo credo que identificou mais de 500 testemunhas oculares do Cristo ressurreto (I Cor. 15). Além disso, Paulo faz uma afirmação aos cristãos de Corinto que nunca teria feito a não ser que estivesse dizendo a verdade. Em sua segunda carta aos corintios, ele declara que anteriormente realizara milagres entre eles (II Cor. 12:12). Por que Paulo diria isso a eles a não ser que realmente tivesse realizado os milagres? Ele teria destruído completamente sua credibilidade ao pedir que se lembrassem de milagres que nunca realizara diante deles.

9. Os autores do NT descrevem milagres da mesma forma que descrevem outros fatos históricos: por meio de um relato simples e sem retoques. Detalhes embelezados e extravagantes são fortes sinais de que um relato histórico tem elementos lendários. Note este trecho da narração da ressurreição no livro apócrifo Evangelho de Pedro: “...três homens que saíam do sepulcro, dois dos quais servindo de apoio a um terceiro, e uma cruz que ia atrás deles. E a cabeça dos dois primeiros chegava até o céu, enquanto a daquele que era conduzido por eles ultrapassava os céus. E ouviram uma voz vinda dos céus que dizia: ‘Pregaste para os que dormem?’ E da cruz fez-se ouvir uma resposta: ‘Sim’.”

Provavelmente seria assim que alguém teria escrito se estivesse inventando ou embelezando a história da ressurreição de Jesus. Mas os relatos da ressurreição de Jesus no NT não contêm nada semelhante a isso. Os evangelhos fornecem descrições triviais quase insípidas da ressurreição. Confira em Marcos 16:4-8, Lucas 24:2-8, João 20:1-12 e Mateus 28:2-7.

10. Os autores do NT abandonaram parte de suas crenças e práticas sagradas de longa data, adotaram novas crenças e práticas e não negaram seu testemunho sob perseguição ou ameaça de morte. E não são apenas os autores do NT que fazem isso. Milhares de judeus, dentre eles sacerdotes fariseus, converteram-se ao cristianismo e juntam-se aos apóstolos ao abandonarem o sistema de sacrifícios de animais prescrito por Moisés, ao aceitar Jesus como integrante da Divindade (o que era inaceitável naquela cultura estritamente monoteísta) e ao abandonar a idéia de um Messias conquistador terrestre.

Além disso, conforme observa Peter Kreeft, “por que os apóstolos mentiriam? ... se eles mentiram, qual foi sua motivação, o que eles obtiveram com isso? O que eles ganharam com tudo isso foi incompreensão, rejeição, perseguição, tortura e martírio. Que bela lista de prêmios!” Embora muitas pessoas venham a morrer por uma mentira que considerem verdade, nenhuma pessoa sã morrerá por aquilo que sabe que é uma mentira.

Conclusão de Norman Geisler e Frank Turek, autores de Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu: “Quando Jesus chegou, a maioria dos autores do NT era de judeus religiosos que consideravam o judaísmo a única religião verdadeira e que se consideravam o povo escolhido de Deus. Alguma coisa dramática deve ter acontecido para tirá-los do sono dogmático e levá-los a um novo sistema de crenças que não lhes prometia nada além de problemas na Terra. À luz de tudo isso, não temos fé suficiente para sermos céticos em relação ao Novo Testamento.”

Sodoma: salgada demais para ser real?

São muitas as histórias do Antigo Testamento (AT) que soam mais como fábulas do que como realidade. Um exemplo disso é o relato da cidade de Sodoma, uma das cinco cidades da campina do Jordão que Ló escolheu para habitar (Gn 13:10-13). É importante notar que boa parte das vezes em que ela é mencionada no texto uma nota negativa a acompanha (Gn 13:13; 18:20; 19:5, etc.), e todas elas se referindo a problemas de comportamento moral e sexual. Isso é tão verdade que na língua portuguesa a palavra "sodomia" traz a idéia de aberração sexual. Essa palavra veio do nome Sodoma.

Os profetas que se levantaram ao longo da história do povo de Israel viam a história de Sodoma como real (Am 4:11), e também o próprio Jesus mencionou algo a respeito dela (Mt 10:15). Qual o valor de uma lenda numa sentença de juízo? Em outras palavras, que diferença faria a história dos três porquinhos na repreensão de um pai a seu filho de 25 anos?

Os autores bíblicos criam nessa narrativa. Mas será que só a Bíblia menciona uma cidade que foi destruída por causa do seu pecado? Os achados arqueológicos sugerem algo sobre esse tema? Há evidências de uma cidade chamada Sodoma fora das Escrituras? A resposta é sim, existe!

Em meados dos anos 1960, G. Pettinato e P. Matthiae foram os responsáveis pela descoberta da antiga cidade de Ebla (Tell Mardikh), a principal cidade síria do III milênio a.C. Como toda grande cidade do passado, Ebla possuía uma vasta biblioteca de aproximadamente 17 mil tabletes cuneiformes. Um desses tabletes foi publicado por Pettinato em 1976, e revelou algo surpreendente. A inscrição falava sobre cinco cidades: Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar. A mesma seqüência que aparece em Gênesis 14:2 e 8.

Ebla era um grande centro comercial, mantinha relações econômicas com diversas cidades do antigo Oriente Médio e foi destruída pelo rei Naramsin de Akkad, por volta de 2300 a.C. Assim, fica demonstrado que existia uma cidade chamada Sodoma no mesmo período em que a Bíblia a situa.

E quanto à sua localização geográfica? As Escrituras fornecem algumas pistas sobre sua posição. Em Gênesis 14:3, lemos que Sodoma estava no “vale de Sidim (que é o mar salgado)”, provavelmente o Mar Morto. Em 1924, William F. Albright e M. Kyle, grandes nomes da Arqueologia, visitaram uma região nessas proximidades chamada em árabe de Bab-Edh-Dhra. Ali eles encontraram vários restos de um santuário cananeu que datava de 2800-1800 a.C. Quarenta anos depois, Paul Lapp, juntamente com a sua equipe, realizou a primeira escavação e encontrou o cemitério da cidade que ficava a um quilômetro de distância do centro. Foi nessa época que Lapp e Albright relacionaram esse sítio arqueológico com a bíblica Sodoma e sugeriram a idéia de que o local era no passado grande centro religioso das cidades da planície. Um detalhe é bem sugestivo: na região da cidade foram encontradas várias camadas de cinza com alguns metros de espessura!

No cemitério, a evidência é mais impressionante ainda. Existia um estilo de sepultamento na cidade em que uma cova muito profunda era cavada e vários corpos eram ali depositados com os seus pertences (numa tumba foram colocadas 250 pessoas!); mas no período da destruição o estilo era outro. Uma casa mortuária era colocada sobre o corpo, mais ou menos como as capelinhas que vemos em alguns cemitérios atuais, mas logicamente bem menores. Todas essas casas mortuárias estavam queimadas e a primeira sugestão foi de que o fogo começou dentro e se espalhou para fora. Porém, estudos avançados foram feitos e constataram que o fogo começou no telhado que cedeu e se espalhou por dentro. Como explicar isso? Vulcão? Incêndio? Um conquistador colocou fogo no local? Nenhuma dessas respostas é satisfatória. Como um incêndio começaria num cemitério que ficava a um quilômetro da cidade? Por que um conquistador colocaria fogo num cemitério?

Avaliemos a situação: na cidade temos camadas de cinza e no cemitério cinza e marcas de fogo. Bryant Wood, arqueólogo cristão da atualidade, afirmou que a Arqueologia não tem respostas para esse fenômeno. Por outro lado, a Bíblia fornece a resposta: foi Deus quem destruiu essas cidades com fogo e enxofre (Gn 19:23-29).

Mas por que um Deus de amor (1Jo 4:8) destruiria uma cidade de forma tão violenta? A resposta pode ser encontrada em Judas 7. Ali lemos que Sodoma foi destruída por causa da sua prostituição. Em grego, a palavra é porneia, que deu origem ao nosso vocábulo "pornografia". A idéia básica de porneia é toda e qualquer relação sexual, dentro ou fora do casamento, não aprovada por Deus. Adultério, fornicação, masturbação é apenas uma pequena amostra de uma vasta lista de degradações. Quando olhamos para a triste história de Sodoma, vemos um Deus que é amor, mas também é justo. “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7). Que triste notícia para aqueles que querem continuar no pecado.

Pentateuco: historicamente confiável?

Recentemente, a revista Aventuras na História publicou matéria sobre a Arca da Aliança com título “O último mistério”. Tiago Cordeiro, autor do artigo, em determinado momento afirma que “a Torah (Pentateuco) foi elaborada provavelmente entre os séculos VII e V a.C., muito tempo depois dos eventos narrados”. O assunto não pára por aí. Num curso de egiptologia numa renomada faculdade do Brasil, o professor disse que comparava o Antigo Testamento (AT) a uma brincadeira de telefone sem fio! Por outro lado, quando lemos esta porção bíblica, o Pentateuco, encontramos algumas informações históricas dignas confirmadas pela arqueologia e que ajudam a datá-la em determinado momento da história.

Vamos por partes. A língua em que foi escrito o pentateuco foi o hebraico. Algumas palavras usadas pelo seu autor são claramente egípcias. O termo "selo", por exemplo, que aparece em Gênesis 41:42 em hebraico é hotam, já em egípcio é hetem. A palavra hebraica, na passagem referida acima, para linho fino na língua do AT é shesh e em egípcio é shash. Não são apenas esses casos, existem outros mais. É importante mencionarmos que esse intercâmbio entre essas duas línguas não aparece nos outros livros do AT.

A evidência não para por aí. Diversos nomes mencionados na narrativa hebraica são claramente egípcios. O próprio nome Moisés é derivado do verbo egípcio mase (nascer). O nome Merari (Nm 3:17) vem da palavra egípcia mer, que significa amado. Hofni e Finéias também são nomes egípcios, sendo este último relacionado com um sacerdote no país dos faraós.

Somos levados a duas conclusões até agora: (1) o autor do pentateuco conhecia bem a língua egípcia e, segundo a tradição judaico-cristã, esse autor foi Moisés (cf. At 7:22; (2) os nomes egípcios entre o povo de Israel sugerem que eles, os israelitas, estiveram ali em algum período do passado. Se não fosse assim, como esses nomes surgiriam naquela nação? Curiosamente, o apogeu da língua egípcia se deu na metade do II milênio a.C., entre os séculos XVI e XIV a.C., não em torno dos séculos VII – V a.C. Se os cinco primeiro livros da Bíblia foram escritos nessa época, por que existe neles similaridade de nomes e palavras egípcias?

Diversos outros nomes importantes para o início da nação israelita são bem documentados em fontes arqueológicas. O nome Jacó, por exemplo, aparece em conexão com o nome de um chefe hykso (Ya‘qub-el), num texto do século XIII a.C. encontrado em Chagar-Bazar, na Alta Mesopotâmia. Já o nome Abraão, o pai dos patriarcas, surge entre os mais de 15 mil tabletes encontrados nas ruínas da antiga cidade de Ebla, na Síria. A grafia Aba-am-ra-am é muito próxima do hebraico ‘avraham. Os tabletes encontrados ali por Paolo Mathiae e G. Petinatto são datados seguramente entre 2500 e 2000 a.C.

O nome Terah, o mesmo nome do pai de Abraão, aparece em textos assírios do fim do III milênio a.C., com a grafia Til Turakhi. O nome de alguns dos filhos de Jacó, como por exemplo Benjamin, possui correspondente acadiano (binu-yamin, povos do sul) e é também atestado no início do II milêncio a.C. Já Aser e Issacar são encontrados numa lista egípcia do XVIII século a.C. De forma significativa, esses nomes diminuem sua freqüência ou desaparecem por volta dos séculos VII – V a.C. Isso é no mínimo intrigante!

Diante dessas evidências, somos levados a considerar alguns pontos: (1) Os nomes dos patriarcas bíblicos mencionados no livro de Gênesis são atestados em diversos documentos antigos, mas isso não prova que o Abraão e o Jacó bíblicos existiram; (2) esses nomes eram comuns na época em que o AT menciona a existência dessas pessoas, não nos séculos VII - V a.C. Se o AT é comparado ao telefone sem fio, pelo menos nesse ponto a brincadeira não funcionou e não teve graça, já que seu conteúdo chegou idêntico para nós!

Esse é o limite da arqueologia bíblica. Ela consegue recriar um pano de fundo histórico coerente com aquele que a Bíblia narra. Por outro lado, ela não prova a ocorrência de fatos que demandam fé. Uma pergunta porém não quer calar: Se o ambiente histórico do AT é digno de confiança, por que os eventos que relacionam o homem com seu Criador não seriam? Algo a ser pensar.

Laquis: a segunda mais importante

No ano 701 a.C., o exército assírio, o mais poderoso e terrível de sua época, invadiu a Palestina, dando início a um dos mais importantes acontecimentos da história bíblica (1 Crônicas 32:1-5, 30; 2 Reis 18:13-37; 2 Crônicas 32:6-19, 26; Miquéias 1:13-16; Isaías 36). Era um exército numeroso, forte, organizado e extremamente cruel. À sua frente ia o próprio rei Senaqueribe, que precisava saquear as riquezas de outras nações para sustentar a grandiosidade de seu império e o luxo de Nínive, sua capital. Por onde passavam, os assírios deixavam um rastro de destruição e milhares de cadáveres. Cidade após cidade, fortaleza após fortaleza foram sendo rendidas a seus pés, algumas destruídas, outras queimadas, todas dominadas. Por fim, Senaqueribe conquistou a segunda mais importante cidade da Palestina: Laquis.

Laquis era uma cidade tão importante que, ao voltar para Nínive, Senaqueribe mandou colocar na parede do salão principal de seu imenso palácio um grande painel em alto relevo comemorando essa conquista. Esse painel foi descoberto por arqueólogos, em meados do Século XIX, ao desenterrarem o fantástico palácio de Senaqueribe, que tinha nada menos que 80 grandes cômodos, ocupando uma área de 200 metros de largura por 210 metros de comprimento! Hoje, esse painel está exposto no Museu Britânico, em Londres.

Numa visão panorâmica, rica em detalhes, o painel retrata as cenas da batalha que conquistou Laquis. Uma rampa de terra, construída pelos assírios, facilita o acesso dos guerreiros aos muros que protegiam a cidade. O exército avança de modo ordenado: grupos de arqueiros, flanqueados pela infantaria, empurrando torres de madeira e carros com aríetes para derrubar os muros. Os suprimentos vêm logo atrás, carregados por camelos. Sobre os muros, os defensores de Laquis portam arcos e fundas para lançar pedras. Os muros da cidade, não resistindo ao ataque, se rompem lançando grandes pedras para todos os lados. Algumas cenas mostram seus habitantes sendo levados cativos, alguns torturados, seus bens saqueados, e o governador da cidade ajoelhado diante do rei assírio. Por fim, Senaqueribe ateou fogo à cidade. Escavações arqueológicas realizadas em Laquis revelaram uma camada de cinzas, dessa época, de cerca de 50 cm de espessura. Os arqueólogos encontraram uma vala comum com cerca de 1.500 esqueletos, principalmente de mulheres e crianças. Milhares de outras pessoas devem ter morrido nos combates.

A partir de Laquis, onde estabeleceu seu quartel general, o arrogante Senaqueribe enviou generais a Jerusalém com a mensagem: “Não sejam tolos! Rendam-se! Deus não poderá livrá-los das mãos do rei da Assíria!” (2 Reis 18:17-35). A resposta de Deus, por meio do profeta Isaías, veio pronta: “A quem afrontaste e blasfemaste? Contra o Santo de Israel! Portanto, assim diz o Senhor acerca do rei da Assíria: Não entrará nesta cidade!” (2 Reis 19:20-34).

E, de fato, não entrou! Uma terrível praga dizimou o exército assírio e obrigou Senaqueribe a voltar para sua terra. Nas paredes de seu palácio, ele pôde comemorar a conquista apenas da segunda cidade mais importante, não da primeira!

A precisão da profecia bíblica

Sem dúvida, uma das maiores razões que temos para crer é o fato de Deus ter Se revelado numa coleção de livros especiais chamados Bíblia. Mas será que ela é mesmo confiável? Será que um livro tão antigo tem algo a dizer para as pessoas que vivem no século 21? Um dos aspectos surpreendentes da Bíblia são suas profecias perfeitamente cumpridas. Vamos dar apenas um exemplo entre tantos: a destruição anunciada da cidade de Tiro.

Tiro era uma importante cidade situada em uma ilha que hoje está ligada ao continente por meio de um aterro. No tempo de Ezequiel (séc. VI a.C.), ela era o mais importante porto fenício. Jamais havia sido dominada por um rei estrangeiro. Nem Senaqueribe ou Assurbanipal, os maiores conquistadores da Assíria, conseguiram, de fato, anexá-la ao seu vasto império. Dizem os historiadores que a posição geográfica de Tiro era o que a tornava uma fortaleza praticamente inexpugnável. Não é por menos que o nome Tiro significa “rocha” ou “muralha petrificada”.

Contrariando, no entanto, essa história de invencibilidade, o profeta Ezequiel revelou que Tiro seria capturada por um rei babilônico chamado Nabucodonosor (leia o capítulo 26, que foi escrito no ano 590 a.C.). Pelos registros históricos, isso se cumpriu quase literalmente. Quando a Babilônia tornou-se o grande opressor do Oriente Médio e Próximo, Tiro ainda resistiu por algum tempo aos ataques do exército inimigo. Mas o cerco prolongado logo fez com que a cidade acabasse caindo nas mãos de Nabucodonosor, que passou a ser o seu novo governante, em 574 a.C.

Há, porém, um detalhe intrigante na profecia. Se você ler os versos 4 e 5 do mesmo capítulo, notará que ali está escrito que a cidade seria completamente destruída. Seus muros e torres cairiam e os pescadores estenderiam suas redes para secar em cima dos escombros que haveriam de sobrar. Num lado, parece que essa parte do oráculo teria falhado, pois, embora Nabucodonosor tenha invadido a cidade, ele ainda a manteve como um importante porto durante o seu governo. E assim Tiro permaneceu ainda poderosa por mais uns 250 anos.

Até que surge em cena o império macedônico e com ele Alexandre, o Grande, que veio terminar o que Nabudocodonor havia começado. Construindo um aterro que ia do continente à ilha, Alexandre e seus homens atingiram os portões da cidade. O povo, no entanto, desdenhou do pequeno exército, confiando novamente na firmeza de seus muros e na segurança dos portões. Porém, não demorou muito para que os muros fossem destruídos e a cidade fosse completamente arrasada. O resultado disso? Os macedônios literalmente fizeram o que está escrito no verso 12. Roubaram as riquezas e mercadorias e ainda derrubaram as muralhas e casas luxuosas. O que sobrou de pedras e entulhos, eles jogaram no mar, aumentando ainda mais o aterro construído.

Até hoje existe esse aterro feito por Alexandre e seus homens, unindo a velha ilha ao continente. O local tornou-se uma desolada península que abriga pequenas vilas de pescadores. Aliás, para os habitantes da região a pesca ainda é uma das grandes fontes de renda. Por isso, é comum encontrar nas encostas do aterro, pescadores que ali põem suas redes para secar ao sol – exatamente como havia sido profetizado há mais de 2.500 anos!

Assim, fora as partes encrostadas no aterro, pouco ou quase nada existe da antiga Tiro. Até mesmo os arqueólogos têm dificuldades de escavar as ruínas do que sobrou da cidade, pois seus alicerces encontram-se há milênios soterrados embaixo de outras construções do período grego, romano, bizantino e atual. De fato, Ezequiel sabia o que estava dizendo! Pena que Tiro não deu importância à solene advertência.

Encontrada prova de general citado na Bíblia

Com a exceção de reis antigos, é pouco freqüente encontrar provas da existência de personagens que aparecem na Bíblia [na verdade, há muitos achados que confirmam a existência de vários personagens bíblicos], mas um pesquisador encontrou, no Museu Britânico, vestígios do general babilônio Nebo-Sarsequim, citado no livro sagrado do cristianismo [e do judaísmo].

O especialista na civilização assíria Michael Jursa descobriu uma pequena tabuleta de argila na qual o general é citado, informou hoje o Museu Britânico. Segundo a Bíblia, ele tomou parte no ataque a Jerusalém.

A tabuleta data de 595 a.C. e trata de uma oferenda de ouro apresentada por Sarsequim no templo principal da Babilônia, provavelmente em honra aos deuses. O objeto, gravado com escrita cuneiforme, a mais antiga conhecida pelo homem, é anterior à destruição de Jerusalém pelo Império da Babilônia, em 587 a.C.

De acordo com o capítulo 39 do Livro de Jeremias, Sarsequim esteve ao lado de Nabucodonosor, o rei de Babilônia, no ataque a Jerusalém.

Jursa, catedrático associado da Universidade de Viena, tem estudado tabuletas no Museu Britânico desde 1991. "Ler tabuletas babilônicas é, às vezes, muito trabalhoso, mas também muito gratificante", disse o especialista, em comunicado divulgado pelo museu.

Atualmente, apenas alguns estudiosos no mundo todo são capazes de decifrar a escrita cuneiforme, utilizada no Oriente Médio entre 3.200 a.C. e o século II d.C.

O Museu Britânico conta com mais de 100 mil tabuletas com inscrições, que são revisadas pelos especialistas.

Desenterrando um império (parte 1)

Você consegue imaginar um império tão poderoso e extenso como os egípcios desaparecendo na história e deixando poucos rastros arqueológicos? Por mais estranho que pareça, isso era tão possível que aconteceu. Em 1871, o que se conhecia a respeito dos hititas poderia ser sumarizado em sete linhas, como o fez a enciclopédia germânica Neus Konversationslexicon. Na realidade, o trabalho feito pelo autor do verbete “hititas” foi simplesmente o de juntar as referências esparsas encontradas nas páginas do Antigo Testamento e publicá-las.

Quem eram os hititas? Qual a sua relação com o relato bíblico? No que as descobertas envolvendo esse povo ajudam para a fé nas Escrituras Sagradas? Nesta série de artigos, apresentaremos de forma resumida o que a arqueologia bíblica tem a dizer sobre um dos maiores impérios da antiguidade.

Charles Texier: o ponta-pé inicial

Um nome importante envolvendo o estudo da hititologia é o do francês Charles-Felix-Marie Texier, que por volta de 1834 esteve no norte da Turquia, mais especificamente numa aldeia em Boghazköy. Ao que parece, ele foi o pioneiro em estudos naquela região. Próximo dali Texier se deparou com as ruínas de uma cidade, como Atenas no seu apogeu. A intuição era de que sem dúvida algum grande povo habitou ali passado. Um nativo da aldeia o levou até o lugar chamado Yazilikaya (rocha com inscrições), e foi ali que o pesquisador francês pôde ver os inumeráveis relevos de caráter litúrgico. Além disso, o local estava repleto de sinais semelhantes aos hieróglifos egípcios. Sua expedição, porém, foi sem sucesso na identificação das ruínas e dos sinais.

Pesquisadores alemães e franceses visitaram a região da Ásia Menor e ofereceram excelentes contribuições para os trabalhos de Texier. Ponto decisivo nesta história foram as chamadas “Pedras de Hamath”. Os moradores do local não permitiam qualquer contato com tais pedras, acreditando no seu caráter sobrenatural. É nesse ponto que entra a figura de William Wright. Ele já conhecia os objetos e conseguiu permissão do governo para aprofundar seus estudos utilizando-os. Texier conhecia as peças, mas não sabia o que eram. Em contra-partida, Wright tinha as inscrições, mas não sabia como traduzi-las.

Em 1870, W. H. Skeene e G. Smith, pesquisadores do Museu Britânico, encontraram as ruínas de Carchemish, na margem direita do Eufrates. Para surpresa deles, as imagens desenterradas eram semelhantes àquelas que Texier vira e as inscrições eram idênticas às que Wright tinha em mãos. Não apenas isso, mas alguns selos com a mesma escrita foram encontrados em Ismirna, na costa da Ásia Menor. Em outras palavras, uma escrita unificada de um povo unificado que habitou num vasto território.

Archibald Henry Sayce: a ousadia de um acadêmico

Foi nesse contexto que A. Henry Sayce, pesquisador oriental de 34 anos, afirmou, com base em suas pesquisas de campo e em passagens do Antigo Testamento, que todo esse rastro histórico pertencia aos antigos hititas, os heteus das páginas sagradas. A afirmação foi, é claro, recebida com descrédito. Como um livro religioso poderia conter dados históricos confiáveis? A informação bíblica parecia absurda demais. Em 2 Reis 7:6, por exemplo, os reis hititas são mencionados juntamente com os monarcas egípcios e, de forma curiosa, eles são mencionados antes que desses faraós.

Essa dúvida foi solucionada nos anos seguintes. A pá dos arqueólogos pôde revelar a existência de um poderoso império semelhante ao egípcio e ao babilônico, por volta do II milênio a.C., chamado de Hatti nos textos assírios, de Heta nas inscrições hieroglíficas e de heteus no Antigo Testamento.

No próximo artigo, veremos como se deram as descobertas que confirmaram a historicidade da Bíblia envolvendo os até então anônimos hititas.

Desenterrando um império (parte 2)

Quando Henry Sayce afirmou que os heteus do Antigo Testamento eram o mesmo povo que deixou diversos rastros na região da Ásia Menor, muitos dos acadêmicos da época lhe conferiram o título de "o inventor dos hititas". Evidentemente, os "homens de ciência" da época (e de hoje também) achavam simplória demais a opinião de um erudito fundamentada na Bíblia e nas suas pesquisas de campo.

Curiosamente, as fontes egípcias da época registravam informações surpeendentes sobre o assunto. Tutmoses III, importante faraó da 18ª dinastia (Ca. 1450 a.C.), foi forçado a pagar tributo ao povo de Heta. Da mesma forma, vários relevos nos templos e palácios do país dos faraós registravam as importantes vitórias de Ramsés II sobre os Hititas, na famosa Batalha de Kadesh (ilustração acima), na Síria.

Mas não foram apenas os egípcios que travaram batalhas contra esse povo. O rei assírio Tiglat Pileser I (Ca. 1100 a.C.) gloriava-se em seus registros de ter vencido diversos combates na "Terra de Hatti". As mencões a esse povo só desapareceram em 717 a.C., quando Carchemish, uma das principais cidades hititas, foi destruída.

Entre Tutmes III e a destruição de Carchemish há um período de 700 anos. Seria possível a um pequeno império travar poderosas batalhas com grandes potências como Egito e Assíria? Dificilmente!

Hugo Winckler: a pá alemã em Boghazköy

A confirmação da teoria de Sayce veio por meio dos esforços de um arqueólogo alemão. Seu nome, Hugo Winckler (1863-1913). Os trabalhos foram realizados em Boghazköy, a cidade que foi visitada pelo francês Texier, como vimos anteriormente. Se as pesquisas de Texier foram sem sucesso, o mesmo não se pode dizer daquelas feitas por Winckler, em 1906.

As escavações arqueológicas naquela época eram extremamente precárias. A região era extremamente quente durante o dia, e o frio a noite era praticamente da mesma intensidade. O próprio Winckler registrou em seu diário que durante as noites chuvosas ele dormia com um guarda chuva aberto preso a um dos braços, já que sua barraca estava "um pouco" rasgada.

Além de arqueólogo de campo, este acadêmico alemão era também filólogo, um estudioso de línguas antigas. Os tabletes cuneiformes que foram encontrados em Boghazköy estavam escritos em acadiano, a lingua diplomática das civilizações do antigo oriente médio. Winckler não tinha muitas dificuldades para ler e traduzir esses tabletes. Era comum alguns europeus notáveis terem a habilidade de traduzir textos de civilizações milenares. (Jean François Champolion, por exemplo, aos 16 anos de idade já sabia oito línguas!)

Foi através desse conhecimento que uma de suas principais descobertas veio ao mundo. Certa ocasião, um desses tabletes chegou às mãos dele. Ao começar a tradução, ele se lembrou de uma antiga inscrição egípcia no templo de Karnak, onde Ramsés II selava um tratado (aliança) com o rei Hatusilis III, do país de Hatti. Na verdade, o que Winckler tinha em mão era uma das cartas trocadas entre o próprio Ramsés II com o monarca hitita, discutindo o tratado.

Conclusão: Boghazköy não era uma mera cidade, mas a capital do reino do hititas (na foto ao lado, vê-se as ruínas de Hattusas, atual Boghazköy). Na antiguidade, as correspondências reais ficavam no palácio do rei, que por sua vez ficava na capital do império. No tradução do texto, o antigo nome da capital era Hattusas.
Apesar de estar sendo bem-sucedido, o trabalho foi interrompido por falta de recursos. Um fato interessante nesta história toda é que Winckler era anti-semita, e foi exatamente um banqueiro judeu chamado James Simon que patrocinou as escavações posteriores em Hattusas.

E a Bíblia?

Qual a relevância desses achados para a Bíblia? Quando estudamos o texto do tratado (aliança) entre Ramsés II e Hattusilis III, percebemos que a estrutura é praticamente a mesma daquela encontrada nas alianças registradas no Pentateuco. Uma vez que Ramsés II viveu em meados de 1300 a.C., e a tradição bíblica indica que Moisés escreveu os cinco primeiros livros da Bíblia por volta da mesma época (Ca. 1400 a.C.), somos inclinados a pensar que provavelmente a primeira parte da Bíblia provém da mesma época, não uma época posterior, como querem alguns.

No próximo artigo, examinaremos essa informação comparando a estrutura bíblica com aquela que está no templo de Karnak e que foi descoberta num pequeno tablete por Winckler.

O testemunho de um muro

Uma das histórias mais emocionantes de todo o Antigo Testamento é sem dúvida aquela dos três jovens hebreus, Hananias, Misael e Azarias, na fornalha ardente. Ela está registrada em Daniel capítulo 3. O relato bíblico não menciona a data desse incidente, mas os achados arqueológicos nos ajudam a encontrar esse evento na história.

Uma das “Crônicas Babilônicas” registra que no 10o ano do reinado de Nabucodonosor houve uma rebelião contra seu império que logo foi sufocada. Provavelmente, esse foi o motivo da reunião relatada no capítulo 3 de Daniel.

Como teste de lealdade, o rei convocou todos os oficiais de todas as províncias de Babilônia (Daniel 3:2) para adorar uma imagem de ouro erigida por ele. Os jovens hebreus, que eram amigos de Daniel, não se prostraram perante a imagem por serem obedientes aos mandamentos de Deus (Êxodo 20:4-6; Levítico 19:4). Sem temer a morte, eles escolheram a infernal fornalha ardente em lugar de desobedecer a Deus.

É uma história inspiradora, mas com um grave problema. Segundo a Bíblia, este evento ocorreu na planície de Dura (Daniel 3:1), mas não havia nenhum local em Babilônia com esse nome! Daniel cometeu um erro? Como acreditar num livro que registra um incidente num lugar que nunca existiu?

É interessante notar que a palavra “Dura”, em acadiano, a língua de Babilônia, significa muro, parede. Curiosamente, a versão grega do Antigo Testamento, a tradução dos setenta (LXX), traduziu Daniel 3:1 como “na planície do muro, na cidade de Babilônia”. O que temos aqui é o empréstimo de uma palavra de um idioma (acadiano) para outro (aramaico). Como as palavras em inglês do nosso vocabulário: hardware, self-service, web, etc.

Porém, outra pergunta surge: Qual muro? Provavelmente Nimit-Enlil, a grande muralha externa construída por Nabucodonosor, muito famosa na antiguidade e descrita em detalhes por diversos historiadores.

Você consegue imaginar a cena? Uma multidão prostrada perante uma divindade e apenas três hebreus em pé com uma fé inabalável! Na mente de muitos, aquele local deve ter sido símbolo da integridade deles. E você? Tem feito a diferença nos locais por onde passa?

Carimbo prova existência de família bíblica

Arqueólogos israelenses encontraram em Jerusalém um sinete (uma espécie de carimbo) de cerca de 2.500 anos de idade que, segundo especialistas, mostra o valor da Bíblia como fonte de documentação histórica. O sinete estampa o nome da família Tema, a qual, de acordo com o Livro de Neemias, estava entre os exilados que retornaram a Judéia no ano 537 a.C. após o fim do cativeiro na Babilônia.

"É um nexo entre as provas arqueológicas e o relato bíblico, ao evidenciar a existência de uma família mencionada na Bíblia", diz a arqueóloga Eilat Mazar, que dirige as escavações que acharam o sinete, de pedra escura, com forma elíptica e dimensões de 2,1 centímetros por 1,8 centímetro.

Mazar explicou que, segundo a Bíblia, os Tema viviam em uma região de Jerusalém conhecida como Ofel, designada especialmente aos servidores do Primeiro Templo, construído pelo rei Salomão no século 10 a.C. O relato bíblico conta que, após os israelitas serem deportados à Babilônia por Nabucodonosor, depois de este conquistar Jerusalém em 586 a.C., os Tema estavam entre as primeiras famílias a retornar à Judéia.

A arqueóloga ressaltou a influência mesopotâmica mostrada pelo carimbo, que em uma de suas faces possui gravada a cena de um ritual. Nele, dois sacerdotes dispostos em ambos os lados de um altar oferecem sacrifícios à deusa babilônica Sin, representada por uma lua crescente. Para um judeu, essa referência ao paganismo teoricamente não seria permitida.

A especialista disse que o detalhe chamou a atenção, e especulou-se a possibilidade de o selo ter sido feito na Babilônia, com um espaço vazio para o nome de um possível cliente, e que pode ter sido comprado por seus proprietários em algum bazar.
Eilat Mazar, que concentra grande parte de suas investigações no período mais antigo da história de Israel, é responsável também por outras descobertas importantes, como a da base de uma estrutura arquitetônica localizada em Jerusalém e que poderia corresponder ao palácio do mítico rei Davi.

Arqueólogos encontram palácio da rainha de Sabá

Arqueólogos alemães encontraram os restos do palácio da lendária rainha de Sabá na localidade de Axum, na Etiópia, e revelaram assim um dos maiores mistérios da Antigüidade, segundo anunciou a Universidade de Hamburgo. "Um grupo de cientistas sob direção do professor Helmut Ziegert encontrou durante uma pesquisa de campo realizada nesta primavera européia o palácio da rainha de Sabá, datado do século X antes de nossa era, em Axum-Dungur", destaca o comunicado da universidade. A nota diz que "nesse palácio pode ter ficado durante um tempo a Arca da Aliança", onde, segundo fontes históricas e religiosas, foram guardadas as tábuas com os Dez Mandamentos, que Moisés recebeu de Deus no Monte Sinai. Os restos da casa da rainha de Sabá foram achados sob o palácio de um rei cristão.

"As investigações revelaram que o primeiro palácio da rainha de Sabá foi transferido pouco após sua construção, e levantado de novo orientado para a estrela Sirius", dizem os cientistas. Os arqueólogos acreditam que Menelik I, rei da Etiópia e filho da rainha de Sabá e do rei Salomão, foi quem mandou construir o palácio em seu lugar definitivo.

Os arqueólogos alemães disseram que havia um altar no palácio, onde provavelmente ficou a Arca da Aliança, que, segundo a tradição, era um cofre de madeira de acácia recoberto de ouro.

As várias oferendas que os cientistas alemães encontraram no lugar onde provavelmente ficava o altar foram interpretadas pelos pesquisadores como um claro sinal de que a relevância especial do lugar foi transmitida ao longo dos séculos.

A equipe do professor Ziegert estuda desde 1999, em Axum, a história do início do reino da Etiópia e da Igreja Ortodoxa Etíope.

"Os resultados atuais indicam que, com a Arca da Aliança e o judaísmo, chegou à Etiópia o culto a Sothis, que foi mantido até o século VI de nossa era", afirmam os arqueólogos.

O culto, relacionado à deusa egípcia Sopdet e à estrela Sirius, trazia a mensagem de que "todos os edifícios de culto fossem orientados para o nascimento da constelação", explica a nota.

O comunicado também diz que "os restos achados de sacrifícios de vacas também são uma característica" do culto a Sirius praticado pelos descendentes da rainha de Sabá.

Nota do pastor Sérgio Santeli: A arqueologia vem confirmando cada vez mais a historicidade do texto bíblico, o que demonstra que a fé dos cristãos está baseada em fatos históricos. A matéria acima fez uma ligação da descoberta arqueológica com uma lenda antiga que afirma que a rainha de Sabá e Salomão tiveram um filho, e que Salomão teria mandado a Arca do Concerto para a Etiópia ficando com uma réplica em Jerusalém - o que, de fato, é pura lenda. Quanto à afirmação de que Salomão fosse adorador da estrela Sírius, pode até ser verdade, uma vez que o rei apostatou durante uma parte da vida e seguiu "deuses estrangeiros" (1Rs 11:1-8).

O fiasco de um rei

Corria o ano de 1845. Era um inverno rigoroso. Diversos homens trabalhavam em Calah (antiga Ninrode) sob a supervisão do arqueólogo britânico Henry Layard. Devido ao frio intenso e ao solo duro, ficava cada vez mais difícil escavar. Para complicar a situação, o dinheiro que financiava a escavação estava acabando!

Layard pediu para seus homens trabalharem apenas mais um dia. Minutos depois de eles terem voltado às escavações, todo esforço foi recompensado. Eles fizeram uma das descobertas mais importantes da arqueologia bíblica! Trata-se do Obelisco* Negro de Salmanasar III, rei assírio que reinou entre os anos 858 até 824 a.C.

Os especialistas em escrita cuneiforme começaram então a traduzir as quase 200 linhas de textos desse rei. Elas falavam de vários governantes de diversos lugares que haviam presenteado Salmanasar III e lhe prestado homenagem, prostrando-se diante dele.

Vários nomes bem diferentes dos nossos estavam no texto: Marduk-apil-usur, rei de Suhi, Qalparunda, rei de Patin, Jeú, rei de Israel... Rei de Israel? Sim, o obelisco encontrado por Layard continha o nome de um rei de Israel que a Bíblia também menciona. E, para surpresa geral, havia uma “foto”, um relevo de Jeú ajoelhado diante do monarca assírio!

O texto, que está logo após o relevo do personagem bíblico, diz: “Tributo de Jeú, filho de Omri. Prata, ouro, vasos de prata... cetros para a mão do rei [e] dardos, [Salmanasar] recebeu dele.” O rei de Israel não deveria reverenciar um ser humano, já que essa é uma prática que a própria Bíblia condena (Êx 20:3). Só essa informação já nos basta para descobrir que Jeú não era um bom servo de Deus. A Bíblia diz que ele “não teve o cuidado de andar de todo o coração na lei do Senhor, Deus de Israel” (2Rs 10:31).

Hoje, o Obelisco Negro de Salmanasar III pode ser visto no Museu Britânico, em Londres. Provavelmente, Jeú nem imaginava que sua atitude errada seria registrada numa “foto” e que ela seria guardada para a posteridade! É por isso que devemos cuidar das nossas atitudes. Nosso caráter é revelado justamente em momentos em que pensamos que ninguém está nos vendo.

Achado arqueológico 'revive' conspiradores bíblicos

Júbilo impera entre os arqueólogos bíblicos! Mais dois personagens da corte judaica deixaram de ser conhecidos apenas nas páginas das Bíblias ao redor do mundo para se apresentarem a todos através de uma descoberta arqueológica. Essa descoberta é incrivelmente significativa porque reforça o que muitos cristãos têm afirmado ao longo dos séculos: a Bíblia é um documento histórico confiável! Alguém pode questionar: "Qual a importância desse achado para o mundo acadêmico? De que maneira ele favorece a confiabilidade histórica da Bíblia?" Vejamos.

A recente descoberta desenterrou a segunda prova de que o texto de Jeremias 38:1 foi baseado em fatos históricos confiáveis. Esse texto menciona os principais ministros do Rei Zedequias (597-586 a.C), o último rei de Judá: Jucal, filho de Selemias e Gedalias, filho de Pasur.

Esse achado está relacionado com outro artefato desenterrado em 2005 e que também foi causa de muita celebração, pois foi o primeiro que corroborou o texto bíblico de Jeremias 38:1. Na ocasião, foi encontrado o selo de Jucal, filho de Selemias (Yehukal ben Selemyahu).

Desta vez, o selo encontrado foi de Gedalias, filho de Pasur! E tem mais: os nomes impressos sobre eles estão completos e em perfeitas condições de serem lidos. A informação torna-se mais impressionante, já que estamos falando de documentos de 2600 anos atrás!

As letras da inscrição Gedalyahu ben Pasur (Gedalias, filho de Pasur) estão em hebraico antigo e em perfeito estado de conservação, o que facilitou a tradução das duas linhas. Sendo o hebraico uma língua lida da direita para a esquerda, a primeira letra da primeira linha (l), é a preposição “para, pertencente a”, e as três últimas letras da mesma linha (yhw) é a forma abreviada do nome de Deus (YHWH), pronunciado comumente como “yahu”. Gedalias significa “O Senhor é Grande”. Pena que seu nome não revelou seu caráter, já que no capítulo 38 de Jeremias ele e outros ministros, entre eles Jucal, tentaram matar o profeta lançando-o numa cisterna sem água. Jeremias só não morreu graças aos esforços de um etíope, Ebede Meleque, que o retirou de lá.

A responsável pela descoberta foi a arqueóloga israelense Eilat Mazar, da Universidade Hebraica, de Jerusalém. Seu nome veio à tona quando, em 2005, ela anunciou a descoberta do palácio de Davi, na parte mais baixa de Jerusalém.

Nas palavras dela: “Não é muito freqüente que uma descoberta aconteça em que figuras reais do passado agitam a poeira da história e tão vividamente revivem as histórias da Bíblia.”

Todas essas evidências exigem um veredito: a Bíblia é um documento histórico confiável!

Manuscritos do Mar Morto

A maior evidência histórica da autenticidade bíblica são os Manuscritos do Mar Morto. Os MM são uma grande quantidade de documentos encontrados em várias cavernas próximas ao Mar Morto, na Palestina. Foi provavelmente em 1947 que surgiram os primeiros deles numa caverna em Wadi Qumran, situada nas escarpas ocidentais do norte desse mar. Depois disso, foram achados outros tantos fragmentos de rolos de papiro e até livros inteiros, como o de Isaías. Paul Frischauer escreveu o seguinte em seu livro Está Escrito – Documentos que Assinalaram Épocas (p. 105) sobre o Rolo de Isaías: “O texto mais antigo em língua hebraica, o Rolo de Isaías, encontrado em 1947 em Ain Fekskha, no Mar Morto, provém de uma época ao redor do ano 100 antes da nossa era. Seu conteúdo confere, palavra por palavra, com os trechos textuais correspondentes do Códex Petropolitanus, escrito no ano 916 da nossa era e que, antes do achado de Isaías, era tido como o mais antigo original em língua hebraica do Velho Testamento.”

A esse acervo de documentos deu-se o nome de Manuscritos do Mar Morto. E “os Manuscritos do Mar Morto são, talvez, o acontecimento arqueológico mais sensacional do nosso tempo!”[1] Os estudos demonstraram que esses manuscritos foram escritos no período que vai do século 2 a.C. até o século 2 d.C., portanto, cerca de duzentos anos antes do tempo de Jesus Cristo, e cerca de 1000 anos antes da cópia mais antiga até então.

Esse fato é, também, confirmado pelo pesquisador Hugh J. Schonfield, no livro A Bíblia Estava Certa – Novas Luzes Sobre o Novo Testamento. Ali, na página 39, o autor diz: “Quando os pergaminhos do Mar Morto foram desencavados de uma gruta em Khirbet Qumran, lá pelas margens do noroeste daquele mar, o primeiro de todos a ser desenrolado e examinado em Jerusalém, em 1948... era precisamente um dos livros, ou rolos, do profeta Isaías. Perpassou por todo o orbe um calafrio ao fazer-se saber que esse manuscrito datava de cerca de 100 anos antes de Cristo. Era um milênio mais antigo do que qualquer cópia conhecida.” O manuscrito mais antigo, no entanto, é um fragmento do livro de Samuel, do ano 225 a.C., achado na caverna número 4.

A datação do edifício principal de Khirbet Qumran foi facilitada pelo fato de que muitas moedas foram ali achadas. Como de Vaux observou, “as datas são confirmadas [também] pela cerâmica em diferentes partes do edifício” (Citado por S. J. Schwantes, em Arqueologia, p. 135).

Já foram encontrados fragmentos de todos os livros da Bíblia, exceto Ester. E o fato de que há somente variações mínimas entre o texto dos manuscritos de Qumran e o texto tradicional do Antigo Testamento, testemunha do cuidado extremo com que o texto hebraico foi transmitido de geração em geração. “As variações têm que ver em geral com ortografia, divisão de palavras e substituição de uma palavra por um sinônimo, etc., mas não afetam o sentido fundamental do texto” (Ibidem, p. 136).

Durante alguns anos, a tradução dos manuscritos permaneceu restrita a um reduzido número de especialistas, o que trouxe algumas suspeitas. Felizmente, em novembro de 1991 a biblioteca Huntington, da Califórnia, acabou com as especulações, tornando públicas fotocópias de todos os fragmentos. Com isso, a exclusividade sobre o material trancafiado em Jerusalém perdeu o sentido. Venceu a transparência.

No livro Para Compreender os Manuscritos do Mar Morto (Ed. Imago, 1993), à página 150, Frank Moore Cross afirma que “Willian Foxwell Albright, o mais notável arqueólogo especializado em Oriente Próximo e epigrafista hebraico da sua geração, imediatamente saudou o achado como a maior descoberta de manuscritos dos tempos modernos”.

E esses manuscritos, “longe de apontar contradições oriundas de copistas descuidados ou erros que empanassem a verdade do Livro de Deus, confirmaram tudo o que se encontra na nossa Bíblia hoje”.[2] “Graças aos rolos do Mar Morto, reaprendemos a ler o Antigo e o Novo Testamentos. O próprio Jesus, com Suas reações frente a temas tão diversos quanto a pureza, a monogamia, o divórcio, torna-Se mais compreensível. Porque os textos evangélicos reencontraram um pano de fundo histórico, um país, um território.”[3] “Os famosos Manuscritos do Mar Morto trouxeram tantas evidências em favor da exatidão das cópias da Bíblia que possuíamos, que as críticas feitas às Escrituras Sagradas perderam completamente sua razão de ser e algumas delas caíram até no ridículo.”[4]

Desenterrando um império

No artigo anterior, descrevemos como ocorreu uma importante descoberta na antiga Hattusas, a capital dos hititas. Antigos tratados (alianças) entre reis de importantes povos no Antigo Oriente Médio (AOM) são importantes na compreensão do ambiente político dessa região.

As principais formas de tratados do AOM eram: (1) de paridade, envolvendo pessoas do mesmo nível social; (2) concessão real, em que o rei concede a seu súdito alguns benefícios mediante serviços fiéis que o agradaram; e (3) suserano-vassalo, em que o rei que tinha total soberania exigia plena submissão e lealdade do vassalo, que em troca recebia proteção e ajuda militar. O tratado envolvendo Ramsés II e Hatusillis III encaixa-se nessa terceira categoria.

A estrutura dos tratados hititas e o Pentateuco

Os tratados imperiais hititas do 14º e 13º séculos a.C. apresentam uma estrutura elaborada em seis seções: título ou preâmbulo, prólogo histórico, estipulações, o depósito do tratado, a invocação das testemunhas, as maldições e as bênçãos.

George Mendenhall, importante erudito do Antigo Testamento no século passado, foi o primeiro a perceber a semelhança entre a estrutura dos tratados hititas e as alianças de Deus e Israel em Êxodo 20-31; 34-35 e Levítico 11-25. Neste caso, a evidência externa sugere que a melhor data para a composição do Pentateuco é por volta da metade do 2º milênio a.C. (Ca. 1400 a.C.).

A seguir, cada uma das partes desta estrutura será mostrada juntamente com o seu correspondente bíblico:

1) Título ou preâmbulo. Identifica o autor (suserano) do tratado. Em Êxodo 20:1, lemos: “Deus falou todas estas palavras...”

2) Prólogo histórico. O suserano declara os seus benefícios em favor do vassalo, demonstrando assim sua misericórdia e poder. Em Êxodo 20:2, Deus Se identifica como “o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”.

3) Estipulações. Esta parte envolve a declaração dos deveres impostos sobre o vassalo como aquele que deve total lealdade ao suserano. A continuação do texto de Êxodo 20, os versos 3-17, apresenta os dez mandamentos como estipulações, e os capítulos seguintes (21-23 e 25-31) registram outras regulamentações mais detalhadas para reger a vida social. Além destas, há também instruções quanto a provisão para a casa (tabernáculo) do Suserano (Êx 35).

4) Depósito do tratado. O documento deveria ser bem guardado para ser lido novamente em outras ocasiões. A “Arca da Aliança” era assim chamada por conter em seu interior as estipulações de Deus para Seu povo (Êx 25:16).

5) Testemunhas. Os deuses das nações envolvidas eram invocados como testemunhas daquilo que havia sido dito. Há também o caso de elementos da natureza como pedras, vento, sol, lua e estrelas que eram tidos como testemunhas em algumas ocasiões. O correspondente bíblico desta porção parece ser Êxodo 24:4-8, onde Moisés levanta um altar com 12 pedras, representando as 12 tribos de Israel, para cumprir o papel de testemunhas mudas.

6) Bênçãos e maldições. Isto é, aquilo que o suserano faria caso seu vassalo fosse fiel ou não. Em Levítico 26, temos referências a bênçãos (pela obediência) e maldições (pela desobediência).

A evidência dessa estrutura em outras partes do Pentateuco

Essa mesma estrutura pode ser encontrada em outros lugares do Antigo Testamento. Em Deuteronômio 1:1-5, por exemplo, temos o título ou preâmbulo, e o prólogo histórico em 1:6-3:29. Logo após, então, temos as estipulações: (1) os dez mandamentos (5:7:21); (2) outras ordenanças mais extensas (6-11); e (3) regulamentações mais específicas (12-26). O documento da aliança sendo depositado no Santuário (31:9-13). Os céus e a terra sendo chamados de testemunhas (31:28) e, finalmente, as bênçãos (28:1-14) e as maldições (28:15-68) encerrando o livro.

Avaliação da evidência

A composição do Pentateuco é situada por alguns como tendo ocorrido no período do cativeiro babilônico (Ca. 600 a.C.), ou no período persa (Ca. 500 a.C.), ou até no período grego (Ca. 300 a.C.). O problema com esse tipo de argumentação é que a estrutura das alianças da metade do 1º milênio a.C. sofreu drásticas modificações. No período assírio (Ca. 700 a.C.), por exemplo, o tratado suserano-vassalo era composto de quatro partes na seguinte ordem: preâmbulo, testemunhas, estipulações e maldições.

Uma vez que as alianças do Pentateuco possuem a mesma estrutura dos textos hititas do 14º e 13º século a.C., parece mais razoável aceitarmos que a data da composição do texto bíblico seja a mesma de tais tratados e não depois, como os críticos afirmam.

Uma ironia da Arqueologia Bíblica

Uma das maiores ironias no mundo acadêmico é saber que os piores inimigos da Bíblia não são ateus, evolucionistas ou agnósticos, mas sim teólogos bíblicos que lecionam Antigo e Novo Testamento em universidades nos Estados Unidos e Europa. Esse é caso de Philip Davies, da Universidade Sheffield, na Inglaterra. Para ele, Davi não é mais histórico do que o Rei Artur e os cavaleiros da távola redonda; em outras palavras, folclore britânico. Essa é a opinião dele na obra In the Search of 'Ancient' Israel (Em busca do 'antigo' Israel), publicada em 1992. Seu argumento, porém, era baseado no silêncio de fontes históricas fora da Bíblia que mencionassem o famoso rei israelita. Um argumento, diga-se de passagem, muito perigoso para qualquer acadêmico.

Ironicamente, um ano após Davies publicar sua obra, a equipe de Avraham Biran, arqueólogo do Hebrew Union College, em Jerusalém, encontrou em Tel Dan, no norte de Israel, o fragmento de uma estela (pedra) contendo o registro histórico de um guerra entre os reis da Síria, Israel e Judá. Nesse documento, o reino de Israel é chamado "Casa de Israel", enquanto o reino de Judá é chamado de "Casa de Davi" (na quinta linha de baixo para cima, na foto)!

Ao anunciar a descoberta, a Biblical Archeology Review destinou mais de 15 páginas para falar a respeito do assunto, escritas pelo próprio Dr. Biran. Poucas edições depois, foi a vez de Philip Davies contra-atacar. Segundo ele, o documento arqueológico poderia ser uma fraude. O que Davies se esqueceu foi que o artefato não foi comprado de nenhum comerciante palestino ou judeu, mas foi desenterrado pela auxiliar de campo Gila Cook.

Outro argumento utilizado pelo acadêmico de Sheffiled é a tradução da expressão aramaica BYTDWD como "Casa de Davi". Ele notou que todas as palavras do texto estão separadas por um ponto, mas nessa expressão não há ponto algum. Sendo assim, a tradução "Casa de Davi" estaria sendo forçada. Porém, ele só se esqueceu do que os linguistas já sabiam: que quando há junção de um substantivo (BYT - casa) e um nome próprio (DWD - Davi), não se utiliza nenhum ponto na separação. Esse era um costume comum entre assírios, babilônicos e arameus (e a estela foi escrita em aramaico) no registro de um texto.

Para Kenneth Kitchen, uma das maiores autoridades em estudos orientais da atualidade, a descoberta é tremenda. De acordo com ele, a expressão "Casa de..." refere-se ao fundador da determinada dinastia, sendo atestada em todo o Antigo Oriente Médio. Estaria esse documento mencionando o rei Davi, autor do famoso Salmo 23? As evidências sugerem que sim. Bastou apenas um ano para uma descoberta arqueológica desmoronar a pesquisa de Philip Davies! Isso sim é ironia.

Tive a oportunidade de ver essa peça em exposição no dia 24 de agosto do ano passado, no Masp, em São Paulo. Fiquei por aproximadamente cinco minutos observando cada detalhe do artefato e relembrando as diversas histórias desse personagem chamado Davi. Eu já conhecia a história do achado e o seu valor para o cristão no século 21, mas mesmo assim foi uma experiência poderosa, uma vez que a história bíblica pôde transpor milênios e ganhar um colorido mais acentuado através de um artefato de quase três mil anos!

A historicidade confiável do livro de Daniel

Há pelo menos três bons motivos para acreditarmos que o livro de Daniel é confiável do ponto de vista histórico e que de fato foi escrito no 6º século antes de Cristo:

1) A arqueologia tem reconstruído as informações históricas do livro de Daniel.

a) Toda a história desse profeta hebreu se passa na cidade de Babilônia. Os críticos da Bíblia afirmavam que se Babilônia realmente houvesse existido, não passaria de um pequeno clã. A arqueologia demonstrou o oposto. Os resultados dos estudos do arqueólogo alemão Robert Koldewey, feitos entre 1899 e 1917, provaram que Babilônia era um grande centro econômico e político no Antigo Oriente Médio na metade do 1º milênio a.C. (600 a.C.).

b) Outro ponto de questionamento era sobre a existência ou não de Nabucodonosor, rei de Babilônia na época do profeta Daniel. Mais uma vez a arqueologia resolveu a questão trazendo à luz muitos tabletes que foram encontrados nas ruínas escavadas por Koldewey com o nome Nabu-Kudurru-Usur, ou seja, Nabucodonosor! Não é incrível como um tablete de 2.600 anos consegue esmiuçar teorias fundamentadas no silêncio?

c) Assim como a opinião dos críticos teve que ser radicalmente mudada a respeito de Babilônia e de Nabucodonosor, o mesmo aconteceu com Belsazar, o último rei da Babilônia. Críticos modernos não concordavam com essa informação. Novamente a arqueologia refutou essa opinião. Vários tabletes cuneiformes confirmam que Nabonido, o último rei de Babilônia, deixou seu filho Bel-Shar-Usur (Belsazar) cuidando do Império enquanto ele estava em Temã, na Arábia. Você pode confirmar em Daniel 5:7 que Belsazar ofereceu para Daniel o terceiro lugar no reino, já que o pai, Nabonido, era o primeiro e ele, Belsazar, o segundo.

d) Até os amigos de Daniel estão documentados nos tabletes cuneiformes da antiga Babilônia. Foi descoberto um prisma de argila, publicado em 1931, contendo o nome dos oficiais de Nabucodonosor. Três nomes nos interessam: Hanunu (Hananias), Ardi-Nabu (Abed Nego) e Mushallim-Marduk (Mesaque). Incrível! Os mesmos nomes dos companheiros de Daniel mencionados nos capítulos 1, 2 e 3 de seu livro! Um grande defensor dessa associação é o adventista e especialista em estudos orientais William Shea, em seu artigo: “Daniel 3: Extra-biblical texts and the convocation on the plain of Dura”, AUSS 20:1 [Spring, 1982] 29-52. Hoje esse artefato encontra-se no Museu de Istambul, na Turquia.

Resumindo: as informações históricas do livro de Daniel são confirmadas pela arqueologia bíblica.

2) Por muitos anos os defensores da composição do livro de Daniel no 2º século a.C. se valeram das palavras gregas do capítulo 3 para “confirmar” a autoria da obra no período helenístico. Essa opinião apresenta dois problemas sérios:

a) Há ampla documentação do relacionamento entre os gregos e os impérios da Mesopotâmia antes mesmo do 6º século a.C. Nos registros do rei assírio Sargão II, por exemplo, fala-se sobre cativos da região da Macedônia (Cicília, Lídia, Ionia e Chipre). Se os judeus em Babilônia eram solicitados para tocar canções judaicas (Salmo 137:3), por que não imaginar o mesmo com os gregos? Um poeta grego chamado Alcaeus de Lesbos (600 a.C.) menciona que seu irmão Antimenidas estava servindo no exército de Babilônia. Logo, não nos deve causar espanto algum o fato de termos na orquestra babilônica instrumentos gregos.

b) Se o livro de Daniel foi escrito durante o período de dominação grega sobre os judeus, por que há apenas três palavras gregas ao longo de todo o livro? Por que não há costumes helenísticos em nenhum dos incidentes do livro numa época em que os judeus eram fortemente influenciados pelos filósofos da Grécia? Esse fato parece negar uma data no 2º século a.C.

Resumindo: o fato de existirem palavras gregas no terceiro capítulo de Daniel não prova sua composição no 2º século a.C., pelo contrário, intercâmbio cultural entre Babilônia e Grécia era comum antes mesmo do 6º século a.C.

3) Daniel foi escrito em dois idiomas: hebraico (1:1-2:4 e 8:1-12:13) e aramaico (2:4b-7:28).

Diversos nomes no estudo do aramaico bíblico (Kenneth Kitchen, Gleason Archer Jr, Franz Rosenthal, por exemplo) afirmam que o aramaico usado por Daniel difere em muito do aramaico utilizado nos Manuscritos do Mar Morto que datam do 2º século a.C. Para Archer Jr., a morfologia, o vocabulário e a sintaxe do aramaico do livro de Daniel são bem mais antigos do que os textos encontrados no deserto da Judéia. Não só isso, mas que o tipo da língua que Daniel utilizou para escrever era o mesmo utilizado nas “cortes” por volta do 7º século a.C.

Resumindo: o aramaico utilizado por Daniel corresponde justamente àquele utilizado em meados no 6º século a.C. nas cortes reais.

Qual a relevância dessas informações para um leitor da Bíblia no século 21? Gostaria de destacar dois pontos para responder esta questão:

1) Como foi demonstrado acima, Daniel escreveu seu livro muito antes do cumprimento de suas profecias. Logo, isso nos mostra a Soberania e Autoridade de Deus sobre a história da civilização. Se Deus é capaz de comandar o futuro, Ele é a única resposta para os problemas da humanidade.

2) A inspiração das Escrituras. O livro de Daniel se mostrou confiável no ponto de vista histórico e, consequentemente, profético. Essa é a realidade com toda a Bíblia, que graças a descobertas de cidades, personagens e inscrições, mostra-se verdadeira para o ser humano.

O livro de Daniel, longe de ser uma fraude, é um relato fidedigno. Ao escavarmos profundamente as Escrituras e estudarmos a História, podemos perceber que a Bíblia é um documento histórico confiável.