domingo, 10 de abril de 2011

Esaú predestinado à condenação? Rm 9: 13

Romanos 9: 13 diz: "Como está escrito: amei a Jacó, mas rejeitei a Esaú". -


Em poucas palavras pretendo fazer uma ligeira exegese desse texto, levando em consideração o "contexto Aproximado" e o "Contexto Paralelo" atrelados a Romanos 9:13 em respeito as regras da Hemenêutica Sagrada.

Contexto Aproximado:
O Apóstolo Paulo trata no cap.9 de Romanos da problemática levantada na igreja em Roma: "Deus não pode condenar nenhum judeu por ter rejeitado Jesus como o Cristo, porque todos os judeus, como descendentes de Abraão, estão debaixo da promessa de salvação feita aos patriarcas".
Por isso, Paulo planejou desconstruir essa idéia de "predestinação Incondicional" para todos judeus ensinando aqui que os critérios estabelecidos por Deus são soberanos e não estão subjugados a essa falácia judaizante. Primeiramente, Paulo começa seu argumento afirmando que a promessa de Deus não falhou (v.6), e depois aclara que nem todos os que são descendentes de Abraão na carne são filhos (vs.7,8):
"Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência"(Rm 9:7,8). E em Gl 3:7 ele explica que os filhos de Abraão são os da FÉ.

Portanto, o que Paulo quer dizer nesse versículo 13 é que Esaú era tão descendente de Abraão quanto seu irmão Jacó, porém Deus o rejeitou. Então, o Apóstolo provou que essa tese de que todo descendente de Abraão tem que ser salvo independente de aceitarem a Jesus, não passa de falácia humana.


Contextos Paralelos:
Primeiro, o único texto do VT em que Paulo pode ter se baseado que fala que "Deus amou a Jacó e aborreceu a Esaú" encontra-se em Ml 1:2-4. Por esse contexto paralelo (Ml 1:2-4) encontramos um esclarecimento bombástico para a correta interpratação de Rm 9:13:
Que o Esaú que Deus ABORRECEU não se trata da "pessoa" dele, mas dos seus descendentes (que também eram descendentes de Abraão), pois Malaquias não usou essa frase referindo-se as pessoas de Jacó e de Esaú, mas dos seus descendentes; que são respectivamente os judeus (Jacó) e os edonitas (Esaú). Os edonitas já tinham feito muito mal a Israel, então Deus estava aborrecido com eles e prometeu destruí-los. Aqui além de revelar uma eleição corporativa, também ensina aos leitores que Deus, por causa da transgressão de Seus critérios soberanos, rejeitou os descendentes de Esaú que também eram CARNE de Abraão; não há predestinação Incondicional!

E depois, os contextos Paralelos revelam que a questão aqui não é eleição para salvação, mas para OBRA. Abraão e seus descendentes israelitas não foram escolhidos, à principio, para salvação, mas para OBRA. Quando Deus chamou Abraão jamais Ele disse que era pra salvá-lo, mas para formar uma grande nação (Gn 12:2). E essa nação (Israel) seria Luz para os gentios (Is 42:6; 49:6; At 13:47). Ou seja, atraves dela Deus revelaria Seu poder ao mundo, Sua Palavra e por ela viria o redentor ao mundo.

Portanto, jamais Paulo pretendeu defender em Rm 9:13 que Jacó foi predestinado incondicionalmente para a salvação eterna, e nem que Esaú foi predestinado Incondicionalmente para a perdição eterna. Muito pelo contrário, Paulo quis refutar a teoria judaizante do fatalismo incondicional para salvação dos descendentes de Abraão, apresentando a soberania divina em rejeitar para eleição pra obra e, ainda, aborrecer-se de Esaú e sua descendência porque não se adequaram aos critérios revelados por Deus (Hb 12:16,17).