sábado, 5 de janeiro de 2013
TRI-UNIDADE de Deus
“Devemos chegar diante desta grande verdade com corações gratos pela revelação em si, e reconhecer com humildade a nossa incapacidade em compreendê-la racionalmente.
Devemos aceitá-la com Fé, visto ser uma verdade real e revelada nas Sagradas Escrituras.”
Falar de Deus é falar de alguém incomparavelmente transcendente. Esta consciência deve levar-nos, antes de mais, à uma atitude de humildade e de extrema reverência. Dito isto, convém prepararmos as nossas mentes com as palavras do apóstolo Paulo, no momento em que termina a exposição da magnífica doutrina da salvação (concretamente a da justificação), ao exclamar “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus!” (Romanos 11: 33).
É unânime o reconhecimento da complexidade e da dificuldade que envolvem a doutrina da santíssima Trindade. Esta é uma doutrina que revela, de um modo bem claro, a nossa limitação racional na tentativa de captar toda a realidade compreensível. Se isto acontece em relação ao mundo dos fenômenos, criado por Deus, muito mais difícil se torna a tarefa de tentarmos compreender a complexidade da própria pessoa do Criador.
Contudo, a nossa tarefa é a de procurarmos entender, dentro do possível, o que o próprio Deus revelou na Sua santa Palavra, tendo em vista o propósito da nossa fé e do nosso estudo: o conhecimento de Deus (João 17: 3). Este conhecimento, por sua vez, deve levar-nos ao sublime propósito da nossa existência: a glória de Deus (Isaías 43:7; 60:21).
Trindade é a palavra usada na tentativa de definir em termos simples a plenitude da Deidade, em termos da Sua unidade assim como da Sua diversidade.
Em termos históricos, a doutrina da Trindade é a verdade de que Deus é essencialmente Um, mas que ‘existe em Três pessoas’. Assim, podemos dizer que Deus é uma unidade.
Esta doutrina é misteriosa e paradoxal, mas que de maneira nenhuma é contraditória.
A Unidade da Deidade é afirmada em termos da essência (o ser), enquanto que a diversidade é expressa em termos de pessoas. O conceito da Trindade encontra-se implícito na Bíblia, desde o princípio até ao fim de toda a revelação escrita.
Apesar de tudo, a Bíblia afirma veementemente a unidade (unicidade) de Deus (Deuteronómio 6:4). Por outro lado, Ela afirma, com toda a clareza, a plena divindade das três pessoas dentro da Deidade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Esta verdade é contrária ao ensino do Modalismo e do Triteísmo.
O Modalismo nega a distinção das pessoas dentro da Deidade, alegando que Pai, Filho e Espírito Santo são apenas três modos pelos quais Deus se revela.
O Triteísmo declara falsamente que existem três deuses diferentes.
A dificuldade, muitas vezes, encontra-se no termo pessoa que, como se sabe, não significa uma distinção em essência mas uma diferente subsistência dentro da Divindade. A subsistência na Deidade é uma diferença real, mas não essencial, no sentido de uma diferença no ser. Cada pessoa subsiste ou existe ‘sob’ a pura essência divina. A subsistência é uma diferença dentro do escopo do ser. Não se trata de um ser ou de uma essência separada; quer dizer que todas as pessoas da Deidade possuem todos os atributos divinos.
Existe também uma distinção no que diz respeito à obra realizada por cada membro da santíssima Trindade. Num sentido, a obra da salvação é comum a todas as três Pessoas da Trindade. Mesmo assim, quanto às actividades, existem diferenças na realização das operações assumidas pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
O Pai inicia a criação e a redenção; o Filho redime a criação; o Espírito Santo regenera e santifica, aplicando a redenção aos crentes (João 3: 16; Romanos 5: 5).
Várias analogias, tais como a do homem que é pai, filho e marido, não conseguem captar a profundidade da doutrina da Trindade, com todo o seu mistério. Ela explica o mistério da pessoa e do carácter de Deus, estabelecendo, deste modo, o limite do qual não nos é possível transpor. Ela revela a finitude da nossa capacidade de reflexão.
Devemos chegar diante desta grande verdade com corações gratos pela revelação em si, e reconhecer com humildade a nossa incapacidade em compreendê-la racionalmente.
Devemos aceitá-la com Fé, visto ser uma verdade real e revelada nas Sagradas Escrituras.
Uma vez que a Bíblia atribui as prerrogativas divinas tanto ao Pai quanto ao Filho e ao Espírito Santo, passaremos a analisar, à luz da Palavra de Deus, o relacionamento existente entre os membros da Trindade.
A Bíblia reconhece as prerrogativas divinas as três pessoas da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Porém, isto não sanciona de forma alguma uma idéia triteísta de Deus; ou seja, que a Bíblia reconheça três deuses diferentes como formando a Divindade. Esta espécie de politeísmo é totalmente contrária ao pensamento bíblico. A religião bíblica é essencialmente monoteísta. Já na promulgação do decálogo aparecem as palavras: “Eu sou o Senhor teu Deus... Não terás outros deuses diante de Mim” (Êxo. 20:2 e 3). Também a religião judaica tinha por fundamento o texto de Deuteronômio 6:4: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Igualmente o apóstolo São Paulo fala que “há um só Deus” (I Cor. 8:6). Esses e outros textos nos deixam claro o fato de que existe uma unidade essencial entre os membros da Trindade. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são três pessoas distintas que formam um só Deus, e não três deuses.
Nesse sentido é que Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30; cf. João 17:21 e 22). É por isso que a respeito de Cristo pode ser dito que desde o principio Ele “estava com Deus, e ... era Deus” (João 1:1), que Ele é “igual a Deus” (Filip. 2:6), pois “nEle habita corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Col. 2:9), sendo Ele “Deus Forte, Pai da Eternidade” (Isa. 9:6). Mesmo o título “Filho” ao ser aplicado a Cristo não é sinônimo de inferioridade, mas sim de igualdade com o Pai. Ele significa que o Filho participa da mesma natureza do Seu Pai. Foi por essa razão que os judeus acusaram a Jesus de blasfêmia, ao chamar a Deus de “Meu Pai” (João 5:17 e 18).
O Espírito Santo é chamado de o “outro consolador” (João 14:16; etc.) e o “Espírito de Deus” (Rom. 8:9; I Cor. 3:16; etc.). Como também são atribuídos a ele todas as características divinas. Isto é especialmente enfatizado em I Coríntios 2:10 e 11, onde lemos: “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas penetra, até mesmo as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? Assim as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus”. Neste caso, “penetra” não significa que o Espírito penetra com vistas a obter informação. Antes, é um modo de dizer que não há nada que esteja fora ou longe do Seu conhecimento. Em particular, Paulo especifica as profundezas de Deus... Não se pode contestar que esta passagem atribui plena divindade ao Espírito Santo... Portanto não podemos negar a unidade essencial existente entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, os quais formam um só Deus (Tri-unidade).
A Bíblia, menciona a Trindade, porém devemos ter em mente que a Bíblia é a revelação de Deus aos homens no contexto da história da salvação”, e que o seu objetivo primordial não é elucidar o “Ser” essencial de Deus. Portanto a chave para a compreensão da revelação de Deus encontra-se no “mistério da encarnação”; isto é, que Cristo, sendo Deus no mais alto sentido da palavra, “a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-Se em semelhança de homens” (Filip. 2:5-8). Nesse contexto encontraremos o Pai, o Filho e o Espírito Santo assumindo funções diferentes que poderão ser interpretadas como uma aparente “hierarquia” na Trindade, mas que não alteram a essência da natureza divina. Veremos, assim, o Filho dizendo que “o Pai é maior do que Eu” (João 14:28), que “o Filho nada pode fazer de Si mesmo” (João 5:19), e também pôr-Se de joelhos e orar ao Pai (Luc. 22:41 e 42). Mas não devemos nos esquecer que Ele também orou: “Eu Te glorificarei na Terra, consumando a obra que Me confiaste para fazer; e agora, glorifica-Me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que Eu tive junto de Ti, antes que houvesse mundo” (João 17:4 e 5).
A palavra trindade significa a tríplice manifestação de Deus ou a sua manifestação no Pai, no Filho e no Espírito Santo. A palavra triunidade conceitua a existência das três pessoas em um único Deus. Dessa forma, existe em Deus três personalidades diferentes e divinas, mas iguais na natureza. Contudo, não há três deuses: há um só Deus.
A despeito desse modo triúno de Deus existir e de se revelar, o Antigo Testamento ressalta a unidade de Deus. É o monoteísmo prático, a definição de que Deus é um. A palavra unidade é invariavelmente reproduzida no Antigo Testamento. Em meio a tantas nações idólatras, que adoravam a vários deuses, fazia-se necessário persistirem fazer o povo de Israel venerar apenas um Deus. Este fato motivou o Antigo Testamento a realçar a unidade de Deus.
O Novo Testamento ensina que são três pessoas divinas, distintas, eternas e iguais subsistindo numa só essência. E também que Deus é uma Trindade simples, mas tríplice, no seu modo de existir e de se revelar.
Se as Escrituras realmente embasam estas declarações sobre a Trindade, esta doutrina deve fazer parte do ensino ortodoxo cristão e todo cristão fica obrigado a defendê-la, vigorosamente (Jd 3). Por ser uma das doutrinas mais atacadas pelas seitas, por isso mesmo prosseguiremos abordando o tema.
A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO
a) Gênesis 1.26,27
Chegando o momento de criar o homem, Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança". O verbo "fazer", neste caso, aponta para um ato criativo, e somente Deus pode criar. Assim, ao ser criado, o homem não poderia ter a imagem de um anjo ou de qualquer outra criatura, mas a imagem de Deus, a imagem de seu Criador. No versículo 27, lemos: "E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou". O interessante, porém, é que a Bíblia diz que Jesus Cristo também criou todas as coisas, as visíveis e as invisíveis (Jo 1.1,3; Cl 1.16,17; Hb 1.10), o que inclui necessariamente o homem. Desse modo, concluímos, à luz da Bíblia, que Jesus é o Criador do homem, logo, o homem carrega a imagem de Cristo, pois Jesus é Deus, uma vez que "à imagem de Deus" o homem fora criado. Já em Jó 33:4, Eliú declara: "O Espírito de Deus me fez". Indagamos; afinal de contas, quem fez o homem? A Bíblia diz: "E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou". E quem é este Deus? Resposta: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É digno de nota que há outros textos em que Deus fala no plural: Gênesis 3.22;11.7-9; Isaías 6.8.
b) Deuteronômio 6.4
"Escuta, ó Israel: Jeová, nosso Deus, é um só Jeová" (Tradução do Novo Mundo - versão utilizada pelas testemunhas-de-jeová). Este texto é usado para desacreditar a doutrina da Trindade, mas, ao contrário disso, é o trecho que prova que na unidade de Deus existe uma pluralidade, dando abertura à concepção trinitariana.
Como assim? Na língua hebraica, existem duas palavras para expressar unidade: echad e yachid. A primeira designa uma unidade composta ou plural. Exemplo: Gênesis 2.24 diz que o homem e a mulher seriam uma (echad) só carne, ou seja, dois em um. A segunda palavra é usada para expressar unidade absoluta, ou seja, aquela que não permite pluralidade. Exemplo: Juízes 11.34 diz que Jefté tinha uma única (yachid) filha. Qual dessas palavras é empregada em Deuteronômio 6.4? Echad, que indica que na unidade da Divindade há uma pluralidade.
A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO
A revelação da Triunidade de Deus no Antigo Testamento não é tão clara quanto no Novo Testamento. Os textos bíblicos que seguem (respeitando-se os devidos contextos) mostram sempre juntos o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Levando-se em conta que Deus é único (Is 43.10) e que ele não partilha sua glória com ninguém (Is 42.8; 48.11), é interessante notar como o Pai, o Filho e o Espírito Santo são postos em pé de igualdade, coisa que nenhuma criatura, por melhor que fosse, poderia atingir, nem muito menos uma "força ativa" (agente passivo).
a) Mateus 28.19
A ordem de Jesus é para batizar em "nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo". Ora, se Jesus fosse uma criatura e o Espírito Santo uma "força ativa" (como pregam as testemunhas de Jeová), seria estranho que as pessoas fossem batizadas em nome do Criador (que não divide sua glória com ninguém), em nome de um anjo, e em nome de uma "força ativa"; aliás, que necessidade há em batizar alguém em nome de uma "força"? Tudo isto só faz sentido se Jesus e o Espírito Santo forem Deus, assim como o Pai também é Deus.
b) Lucas 3.22
No batismo do Filho, estão presentes o Espírito Santo e o Pai. Como sempre, inseparáveis. Esta é uma das razões pelas quais o batismo cristão deve ser ministrado em nome das três pessoas.
c) João 14.26
Jesus fala do Espírito Santo, que será enviado pelo Pai em seu próprio nome, ou seja, no nome de Cristo.
Jesus, tendo sido enviado pelo Pai, agora prometia enviar o Espírito Santo, na qualidade de Consolador para tomar o Seu lugar; e para consolar, instruir e fortalecer aqueles que Jesus estava deixando.
d) 2 Coríntios 13.13
Outra fórmula trinitária em que aparece o Filho em primeiro lugar com sua graça; depois, o Pai, com seu amor; e, finalmente, o Espírito Santo, com a comunhão ou participação que dele procede.
e) 1 Pedro 1.1,2
Pedro fala aos escolhidos eleitos pela presciência do Pai, santificados pelo Espírito Santo e aspergidos com o sangue de Jesus Cristo.
f) Outros versículos: Romanos 8.14-17; 15.16,30; 1Co 2.10-16; 6.1-20; 12.4-6; 2Co 1.21,22; Ef 1.3-14; 4.4-6; 2Ts 2.13,14; Tt 3.4-6; Jd 20,21; Ap 1.4,5 (Cf. 4.5), além de outros.
É digno de nota que se o Filho fosse uma criatura e o Espírito Santo uma "força ativa", os dois não poderiam assumir o primeiro lugar em algumas passagens bíblicas citadas. Aliás, o que uma "força ativa" estaria fazendo no meio de duas pessoas? As testemunhas de Jeová objetam dizendo que mencionar as três Pessoas juntas não indica que sejam a mesma coisa, pois Abraão, Isaque e Jacó (Mt 22.32), e também Pedro, Tiago e João (Mt 17.1) sempre são citados juntos; contudo, isso não os torna um. O que elas não perceberam foi o seguinte: Abraão, Isaque e Jacó tinham algo em comum: o patriarcado. Já Pedro, Tiago e João tinham em comum o apostolado. E o que o Pai, o Filho e o Espírito Santo têm em comum? Resposta: a natureza divina ou, simplesmente, a divindade.
A unidade composta de Deus
As Escrituras ensinam que Deus é Um, que além dele não existe outro Deus. Porém não devemos confundir uma doutrina; a da TRINDADE. Negada por muitos. Mas vou detalhar essa verdade pra você, sem dar muitas voltas. O fato da existência da TRINDADE não significa que existem três deuses, mas três pessoas divinas que constituem DEUS. DEUS é um termo que se refere a três pessoas distintas: PAI, FILHO e o ESPÌRITO SANTO. DEUS em unidade composta. Quando Deus criou o homem e a mulher, Deus disse que ambos deixariam a casa de seu pai e mãe e seriam ambos "uma só carne" (unidade composta). Duas pessoas, uma só carne. Esse é um exemplo muito claro da UNIDADE COMPOSTA que me refiro sobre DEUS. (Genesis 2:24).
Como podem três Pessoas ser um DEUS? É uma pergunta que deixa muita gente perplexa. Ao considerar a natureza DEUS, estamos tratando de uma forma de existência muito diferente e superior a qualquer ser existente tanto no mundo físico como espiritual.
A natureza proporciona muitas analogias sobre a trindade, e exemplos de "UNIDADE COMPOSTA". A água por exemplo. A água é uma, mas esta também é conhecida sob três formas: água, gelo e vapor.
É de conhecimento geral que todo raio de luz realmente se compõe de três raios: primeiro, o actínico, que é invisivel; o segundo, o luminoso, que é visível; terceiro, o calorífero, que produz calor, o qual se sente mas não se vê. Onde há três, ali há luz; onde há luz, temos estes três. O apostolo João disse: "DEUS é luz” (1 João 1:5).
Adoramos um Deus em Trindade e a Trindade em Unidade
Adoramos um Deus em Trindade e a Trindade em Unidade. Sem confundirmos as Pessoas ou dividir a substância.
Porque uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo.
Mas o Pai, o Filho e o Espírito Santo têm uma só divindade, Glória igual e co-eterna Majestade.
O que o Pai é, tal é o Filho e tal o Espírito Santo. O Pai é incriado, o Filho é incriado e o Espírito Santo é incriado. O Pai é eterno, o Filho é eterno e o Espírito Santo é eterno.
No entanto não são três eternos, mas Um. Nem três incriados,
mas Um incriado . Semelhantemente o Pai é Onipotente, o Filho Onipotente
e o Espírito Santo Onipotente. E contudo não são três Onipotentes, mas um Onipotente.
Assim também o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. Do mesmo modo o Pai é Senhor, o Filho é Senhor e o Espírito Santo é Senhor. E apesar disso, não são três Senhores, mas Um só Senhor.
Porque, como a verdade cristã nos obriga a confessar que cada uma das Pessoas por si só é Deus e Senhor, assim a religião católica proíbe-nos dizer que há três Deuses ou três Senhores. O Pai não foi feito por ninguém, nem foi criado, nem gerado. O Filho é do Pai somente; não foi feito, nem foi criado, mas gerado. Por isso, há um Pai não três Pais; um Filho, não três Filhos; um Espírito Santo, não três Espíritos Santos.
O Espírito Santo é do Pai e do Filho; não foi criado, nem gerado, mas, deles procede. Há, pois, um só Pai, e não três Pais; um só Filho, e não três Filhos; um só Espírito Santo, e não três Espíritos Santos.
E nesta Trindade não há primeiro nem último; nem um é maior ou menor do que o outro; mas as três pessoas são justamente de uma mesma eternidade e igualdade. De sorte que no todo como já se disse,
cumpre adorar a Unidade na Trindade e a Trindade na Unidade. Aquele, pois, que quiser salvar-se,
deve assim pensar e crer na Trindade.
Tri-Unidade revelada nas profecias.
Uma pergunta emerge das páginas do Antigo Testamento: Devemos crer em um Deus que consiste em mais de uma pessoa, ou devemos aceitar o politeísmo? Uma breve investigação em algumas poucas passagens bíblicas pode ilustrar as alternativas que se abrem diante de nós.
No Salmo 45, o rei de Israel é apresentado como se fosse Deus. Lemos especificamente, nos versículos 6 e 7: "O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de eqüidade é o cetro do teu reino. Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por isso Deus,
o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria, como a nenhum dos teus companheiros". Visto que a primeira palavra Deus, em itálico, está no imperativo, destaca-se a indagação: Quem é o Deus de Davi?
Novamente, em Salmos 110:1, diz o rei Davi: "Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés". A questão que deve ser feita quanto a essa passagem é: A quem Davi dirigia-se como o seu Senhor? Quando Davi compôs esse salmo, ele era o monarca de Israel. Não havia outro maior do que Davi em Israel, exceto Deus. Quem, pois, deve ser considerado Senhor de Davi? E para quem Davi estava falando?
O Messias Reconhecido Como Deus
"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto" (Isaías 6:6,7).
Esses versículos mostram-nos explicitamente que Aquele sobre cujos ombros estará o governo, e por intermédio de quem chegarão a este mundo a justiça, a paz e a retidão, é, ao mesmo, Deus e homem. Como criança ainda, Ele nasceu na nação de Israel. Isso dá a entender, de maneira enfática, a humanidade do Messias. Ao mesmo tempo, porém, ele também é ali reconhecido como o verdadeiro Deus, por ser o Filho dado por Deus. Além disso, essa criança, esse Filho, é chamado de "Deus Forte". Acrescente-se a isso que lhe são conferidos outros títulos que só cabem legitimamente a Deus. Pois Ele é designado "Maravilhoso", "Conselheiro", "Pai da Eternidade" e "Príncipe da Paz".
Jeremias aliou-se a Isaías, ao insistir que o Messias é Deus em carne humana.
"Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: Senhor Justiça Nossa" (Jeremias 23:5,6).
Não dúvidas que essa declaração refere-se ao Messias que procederia da linhagem de Davi. Na qualidade de Rei de Israel, Ele haveria de trazer justiça, retidão e paz a esta terra. Quem realizará tudo isso? De conformidade com essa porção da Palavra de Deus, será o Renovo justo de Davi (o Messias) , "Senhor Justiça Nossa". Visto que Deus deixa absolutamente claro que não existem deuses além dEle mesmo, como poderíamos compreender que Ele chamou Seu servo, o Messias, de Deus? Isso só pode ser compreendido quando percebemos que esse Filho de Deus, esse Renovo, justo, na realidade é Deus.
TRI-UNIDADE
Os unicistas afirmam que todas as religiões que batizam seus fiéis em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, são politeístas, pelo fato de estarem batizando em nome de três deuses. Esses nossos irmãos separados que não cessam de criticar a doutrina da triunidade, não entendem, ou não querem entender, que somos perfeitamente sabedores que não existe uma triunidade constituída de três deuses. O que existe, na realidade, queiram ou não aceitar este mistério, é UM DEUS TRIUNO, Hebreus 9:14; 1 Coríntios 13:13.
Os unicistas querem defender, a todo custo, a tese de que Deus é somente “UNO” e não “TRIUNO”, somente para confundir aqueles que desconhecem o verdadeiro sentido da palavra Deus. Os unicistas dizem não crer na triunidade, porque não existe esta palavra na bíblia. Mas este fato, insignificante em si mesmo, não é motivo suficiente para negar a sua realidade. Por exemplo: muitas coisas que hoje consideramos pecaminosas, não se mencionam e nem são condenadas pela bíblia. Na Bíblia também não esta escrito: não fumarás, não queimarás maconha, não assistirás filmes imorais, não lerás revistas pornográficas, etc. No entanto, não será pela simples razão de não se acharem escritas na bíblia estes ensinamentos que vamos deixar de condenar tais coisas. Por que então não reconhecemos que o conceito da palavra “TRIUNIDADE” é bíblico, embora não apareça claramente com esse nome?
Se na realidade não existisse a triunidade, como pretendem afirmar os unicistas, então a Bíblia seria um livro confuso e até mesmo contraditório em algumas afirmações. Se não existisse a Triunidade, como é então que se dá a esse Deus Uno, nomes diferentes, que o distinguem categoricamente como se fossem vários? Por que a esse Deus Uno, se dá o nome de PAI, e também outros nomes completamente diferentes? Se o Seu nome é PAI, deveria ser sempre chamado de PAI, ou com um sinônimo que o identificasse sempre como PAI. Não seria um absurdo que esse Deus Uno, chamado de PAI, fosse, ao mesmo tempo, também, chamado de FILHO? Isaías 44:6; Apocalipse 1:17-18. Por acaso Pai e filho são a mesma coisa? Sabemos que não, pois Pai é Pai e Filho é Filho. Mas a Bíblia não só chama Deus de três maneiras diferentes como também afirma que os três fizeram tudo o que foi criado, e que:
ESTES TRÊS SÃO UM
1 João 5:7; João 14:26; Judas 1:20-21; Atos dos Apóstolos 7:55-56; Atos dos Apóstolos 8:29; 13:2; João 12:28-30; João 5:23; Mateus 28:18-20; I1 Coríntios 13:13.
Se Deus é Uno e singular e não três em Um, se não existe a Triunidade, então somente um criou os céus e a terra, e não os três conforme afirma a Bíblia. Mas, não só a este Deus Uno, singular, se dá na Bíblia, três nomes diferentes e opostos, como se declara que os três criaram os céus e a terra Gênesis 1:26. Diz ainda que os três possuem, a mesma virtude, exercem os mesmos poderes e são igualmente divinos e eternos, Hebreus 9:14.
Também diz que Deus-Pai não veio morrer na cruz do calvário, mas que enviou Jesus o Filho de Deus-Pai, o qual a Bíblia declara ser Ele também Deus 1 Timóteo 3:13-16. Por outro lado, Jesus declarou que nada do que diz, tem ou faz, é de si mesmo, mas sim de Deus-Pai que lhe enviou João 5:19-23,30. Este Filho também declarou que tudo o que tem o Pai é dEle, e, ao mesmo tempo, ensinou que Ele não é o Pai (João 14:8-10; João 16:15).
Também diz a Bíblia que não é o Pai nem Filho, que convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo, mas sim o Espírito Santo, João 16:8. O próprio filho se encarrega de confirmar Sua identidade com o Espírito Santo, ao dizer: “Um pouco, e não mais me vereis; outra vez um pouco, e ver-me-eis", João 16:16 João 14:28. Não seria isso um absurdo, se Deus é somente Uno, singular e não Triuno? Se não existisse triunidade, como poderíamos compreender este mistério de Deus, ser chamado Pai e ao mesmo tempo ser também chamado de Filho ou de Espírito Santo? A Bíblia não só ensina tudo isto, como também declara que a estes três personagens devemos render culto, adorar e dar toda a glória, Atos dos Apóstolos 5:3; João 5:19-23.
Resumindo: Se tudo está escrito na Bíblia e Deus é somente Uno e não triuno, então a Bíblia seria um dos mais difíceis livros de ser compreendido. Mas graças a Deus que a própria Bíblia por si mesma se interpreta, e diz claramente que Deus é um Deus Triuno, quando afirma que são três que dão testemunho no céu, e estes três são “UM” 1 João 5:7. Se a Bíblia ensina que Deus é UM em TRÊS, e declara que estes TRÊS são UM, isto tem que ser assim, por mais incompreensível e contraditório que nos pareça, faltando somente entendermos e explicarmos adequadamente este mistério, Romanos 11:33; 1 Coríntios 2:14-16.
A seguir algumas perguntas:
Quem é Deus-Pai? João 3:16; João 5:23
Quem é Jesus Cristo? João 8:19; João 14:6-9
Quem é o Espírito Santo? João 14:16 26
O que Jesus disse acerca de Deus-Pai? João 6:44-45; João 14:6
De quantas maneiras Deus se revela aos homens? Hebreus 1:1-3; João 14:1621,23
Quem guiará os cristãos em toda a verdade? João 6:13
Através de quem somos lavados e regenerados? Tito3:5
O que aconteceu no Batismo de Jesus? Mateus 3:16-17
Quem enviou Paulo e Barnabé para Selêucia e Chipre? Atos dos Apóstolos 13:2
Qual deve ser a forma correta de batizar? Mateus 28:18-20; Atos dos Apóstolos 8:36-38
Profundas meditações e estudos sobre o assunto, da parte de autoridades cristãs esclarecidas e de estudiosos da Bíblia, deram como resultado a doutrina da Triunidade. Essa doutrina já existia na Bíblia, mas que ali não tinha este nome específico. Antigos estudiosos das Sagradas Escrituras não sabiam como expressá-la, considerando, porém, que existe um só Deus, e se atribui divindade constantemente aos Três: Pai, Filho e Espírito Santo. Consequentemente, e logicamente, criaram a doutrina da “TRIUNIDADE DIVINA” João 14:16 23. De fato a Bíblia ensina que Deus é UM em TRÊS, e que esses TRÊS são UM, Lucas 1:34-35; João 1:14-18.
A DOUTRINA FOI MANIFESTADA NO FILHO E NO ESPÍRITO SANTO
Não podemos, falar da doutrina da Trindade, se estudarmos a letra com precisão, como sendo revelada no Novo Testamento, como não podemos dizer que ela foi revelada no Velho Testamento. A revelação, em si, foi feita, não por palavras, mas por obras. Foi feita na encarnação de Deus o Filho, e no derramamento de Deus o Espírito Santo. Foi na vinda do Filho do Deus, na semelhança da carne do pecado, para se oferecer a Si mesmo com um sacrifício pelo pecado; e na vinda do Espírito Santo, para convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo, que a Trindade de Pessoas na Unidade da Divindade foi revelada, de uma vez para sempre, aos homens.
A revelação, por meio da palavra, teve que esperar pela revelação de fato, a qual traz, sem dúvida, a sua necessária explicação, mas da qual também deriva todo o seu significado e valor. Porém, podemos igualmente compreender, do mesmo fato central, por que é que a doutrina da Trindade se encontra no Novo Testamento, mais em forma de alusões do que em ensino formal, por que é que se pressupõe, por toda a parte, aparecendo apenas aqui e acolá, e não inculcada formalmente. É porque a revelação, tendo sido feita nas próprias ocorrências da redenção, se tornara já propriedade comum de todos os corações cristãos.
EM TODO O NOVO TESTAMENTO A DOUTRINA É IMPLÍCITA
A prova fundamental de que Deus é uma Trindade é fornecida, assim, pela revelação fundamental da Trindade, como um fato: isto é, na encarnação de Deus o Filho e na efusão do Santo Espírito. Numa palavra, Jesus Cristo e o Espírito Santo são a prova fundamental da doutrina da Trindade. Isto é o mesmo que dizer
que todas as provas, de qualquer espécie, e qualquer que seja a sua origem, de que Jesus Cristo é Deus manifesto na carne, e que o Espírito Santo é uma Pessoa Divina, são, igualmente provas da doutrina da Trindade; e que, quando procuramos no Novo Testamento provas da Trindade, devemos procurá-las, não
meramente nas alusões à Trindade, como tal, por muito numerosas e instrutivas que sejam, mas, principalmente, em toda a multidão de provas que o Novo Testamento fornece da divindade de Cristo e da personalidade divina do Espírito Santo. Tendo dito isto, dissemos, com efeito, que todo o Novo Testamento é uma prova da Trindade.
Porque o Novo Testamento está saturado com provas da Deidade de Cristo e da personalidade divina do Espírito Santo. O Novo Testamento é precisamente a documentação da religião do Filho encarnado e do Espírito que foi derramado, ou seja, da religião da Trindade, e o que queremos significar pela doutrina da
Trindade, é nem mais nem menos do que a formulação, em linguagem exata, do conceito de Deus, como pressuposto na religião do Filho encarnado e do Espírito derramado.
O PAI E O FILHO, NOS DISCURSOSEM JOÃO
É, porém, nos discursos registrados em João, que Jesus se refere, copiosamente, à Sua unidade, como Filho, com o Pai, e à missão do Espírito Santo, enviado da parte d’EIe mesmo, como o Dispenseiro das atividades divinas. Ele declara aqui, não só, muito diretamente, que Ele e o Pai são um (10:30; vd.
17:11,21,22,25), com uma unidade de interpenetração (“O Pai está em mim, e eu no Pai”, 10:38; vd. 16:10,11), de tal forma que vê-Lo era o mesmo que ver o Pai (14:9; vd. 15:21); mas Ele remove qualquer dúvida quanto à natureza essencial da Sua unidade com o Pai, afirmando, explicitamente, a Sua eternidade (“Antes que Abraão existisse, eu sou”, João 8:58), a Sua co-eternidade com Deus (“tinha Contigo antes que o mundo existisse”, João 17:5; vd. 17:18; 6:62), a Sua eterna participação na própria glória divina (“aquela glória que tinha Contigo” em comunhão, comunidade Contigo “antes que o mundo existisse”, 17:5).
É tão evidente, que, ao falar correntemente de Si mesmo, como Filho de Deus (5:25; 9:35; 11:4; vd 10:36), Ele queria dizer, de acordo com o significado que está por debaixo da idéia de filiação na maneira de falar semítica (baseada na implicação natural de que tudo o que o Pai é, isso o Filho é também; vd 16:15; 17:10), para se fazer a Si mesmo, como os Judeus perceberam, com a apreciação exata do significado do que Ele
afirmava, “igual a Deus” (v. 18), ou, simplesmente, “Deus” (10:33).
Como é que Ele, sendo, assim, igual ou antes idêntico a Deus, estava no mundo, Ele o explica como envolvendo uma saída da Sua parte, não meramente da presença de Deus (João 16:30; 13:3) ou da comunhão com Deus (pará, 16:27; vd. 17:8), mas do próprio Deus (ek, 8:42; 16:28). E, no próprio ato de afirmar, assim, que o Seu lar eterno se encontra nas profundidades do Ser Divino, Ele põe em relevo, com
uma saliência tão grande quanto pode expressar-se por pronomes acentuados, a distinção pessoal entre Ele e o Pai. “Se Deus fosse o vosso Pai” diz Ele (8:42), “certamente me amaríeis: pois que eu saí, e vim de Deus, não vim de mim mesmo, mas Ele me enviou”. Diz, noutro lugar (16:26,27): “Naquele dia pedireis em meu nome: e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai; pois o mesmo Pai vos ama; visto como vós
me amastes, e crestes que foi da comunhão com o Pai que eu saí; saí do Pai, e vim ao mundo”. Menos diretamente, mas, da mesma maneira, de forma clara, Ele afirma, de novo (17:8): “Eles têm verdadeiramente conhecido que foi de comunhão Contigo que eu saí, e creram que foste Tu que me enviaste”.
O ESPÍRITO SANTO, NOS DISCURSOSEMJOÃO
É mais importante afirmar que estes fenômenos de inter-relação não se limitam ao Pai e ao Filho, mas estendem-se, também, ao Espírito Santo. Assim, por exemplo, num contexto em que o nosso Senhor sublinhara, da forma mais forte, a Sua unidade essencial e contínua interpenetração com o Pai (“Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai”; “Quem me vê a mim, vê ao Pai”; “Eu estou no
Pai, e o Pai está em mim”; “O Pai, que está em mim, é quem faz as obras”: João 14:7,9,10), lemos, assim (João 14:16-26): “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro [discriminado, assim, nitidamente, do nosso Senhor, como Pessoa distinta] Consolador, para que Ele fique convosco para sempre, o Espírito de
Verdade... Ele habita convosco, e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós... Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai... Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e nós (ou seja, tanto o Pai como o Filho) viremos para ele, e faremos nele morada... Tenho-vos dito estas coisas, estando convosco. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”..
Seria impossível falar, de forma mais precisa, de três que eram, no entanto, um. O Pai, o Filho e o Espírito Santo se distinguem constantemente uns dos outros — o Filho pede ao Pai, e o Pai, em resposta a este pedido, dá um Consolador, “outro” que não o Filho, que é enviado no nome do Filho. E, apesar
disso, a unidade destes três é tida em atenção, de tal maneira, que se fala da vinda deste “outro Advogado”, sem embaraço, como da vinda do próprio Filho (vs. 18,19,20,21); e, na verdade, como da vinda do Pai e do Filho (v. 23).
Há, portanto, um sentido em que, quando Cristo parte, o Espírito Santo vem em Seu lugar; há também, um sentido em que, quando o Espírito Santo vem, Cristo vem n’Ele; e, com a vinda de Cristo, vem também o Pai. Há uma certa distinção entre as Pessoas apresentadas; e, com ela, uma identidade entre elas; é
necessário ter ambas em conta. Encontramos, em outros lugares, os mesmos fenômenos. Lemos, assim, noutro lugar: (15:26): “Mas quando vier o Consolador, que Eu, da parte do Pai [da comunhão com o Pai], vos hei de enviar, aquele, o Espírito de Verdade, que procede do (comunhão com) Pai, Ele testificará de mim”. No âmbito só deste versículo, é intimado que o Espírito Santo é distinto, pessoalmente, do Filho, e, no entanto, é tal como Ele, tem o Seu lar eterno [em comunhão] com o Pai, de quem, a semelhança do Filho, procede, para realizar a Sua obra salvadora, sendo, no entanto, enviado para isso, neste caso, não pelo Pai, mas pelo Filho.
Esta última característica é salientada com maior ênfase numa outra passagem, em que a obra do Espírito Santo, em relação ao Filho, é apresentada como a par com a obra do Filho em relação ao Pai (16:5 e segs.).
“E agora vou para Aquele que Me enviou... Todavia, digo-vos a verdade, que vos convém que Eu vá; porque, se Eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se Eu for, enviar-vo-Lo-ei. E, quando Ele vier,
convencerá o mundo... da justiça, porque vou para meu Pai e não me vereis mais... Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito de Verdade, Ele vos guiará em toda a verdade; porque não falara de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele Me glorificará, porque há de receber do que é Meu, e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o
Pai tem é Meu; por isso vos disse que há de receber do que é Meu e vo-lo há de anunciar”.
Vemos que aqui o Espírito é enviado pelo Filho, e vem para completar e aplicar a obra do Filho, recebendo toda a Sua comissão do Filho — porém, não em detrimento do Pai, porque, ao falarmos das coisas do Filho, é o mesmo que falarmos das coisas do Pai.
Quando as lemos essas passagens da bíblia, estamos mantidos em contacto permanente com Três Pessoas que agem, cada uma delas como uma Pessoa distinta, mas que são, num sentido profundo e essencial, um. Há um só Deus — nunca houve questão acerca disto — e, no entanto, este Filho que foi enviado ao mundo por Deus, não só representa Deus, como é Deus, e este Espírito Santo que, por Sua
vez, o Filho enviou ao mundo, é, também, Ele mesmo, Deus. Nada podia ser mais claro, do que serem o Filho e o Espírito Santo, Pessoas distintas, a menos que, na verdade, o Filho de Deus, seja apenas Deus o Filho e o Espírito Santo de Deus seja apenas Deus o Espírito Santo.
A CONJUNÇÃO DAS TRÊS PESSOAS, NOS ESCRITOS DE PAULO
Em numerosas passagens, espalhadas através das Epístolas de Paulo, das primeiras (I Tes. 1:2-5; II Tes. 2:13,14) as últimas (Tito 3:4-6; II Tim. 1:3,13,14), todas as três Pessoas, Deus o Pai, o Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo, são postas lado a lado da maneira mais incidental, como fontes comuns de todas as
bênçãos salvadoras que os crentes em Cristo recebem. Uma série típica de passagens como estas encontra-se em Efésios 2:18; 3:2-5,14,17; 4:4-6; vv. 18-20.
Porém, os exemplos mais interessantes, talvez sejam aqueles que nos são oferecidos nas Epístolas aos Coríntios. Em I Coríntios 12:4-6, Paulo apresenta os riquíssimos dons espirituais, com que a Igreja era abençoada, com um aspecto triplo, e liga estes aspectos com as três Pessoas Divinas. “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos”. Pode-se pensar que há algo do que se pode quase chamar artificialidade, ao atribuir os dons da Igreja como sendo graças, ao Espírito; como serviços, a Cristo; e como operações, a Deus. Mas, desta maneira, ainda mais nitidamente é revelada a concepção Trinitariana básica que domina a estrutura das orações: Paulo escreve assim, evidentemente, não porque “dons”, “ministérios”, “operações” se destaquem no seu pensamento como coisas muito diferentes, mas, sim, porque Deus, o Senhor, e o Espírito, estão presentes, constantemente, na sua mente,
sugerindo uma tripla causalidade, por detrás de todas as manifestações da graça. Faz alusão à Trindade, em vez de afirmar a sua existência; mas faz-lhe alusão de tal maneira que mostra que ela constitui o fator determinante de todo o conceito de Paulo, a respeito do Deus da redenção.
II Coríntios 13:14, é ainda mais elucidativo, tendo passado para o uso litúrgico, geral, nas Igrejas, como bênção: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo, seja com vós todos!”. As três bênçãos redentoras, mais elevadas, são reunidas, e ligadas, distributivamente, às três
Pessoas do Deus Triuno. Não há, de novo, qualquer ensino formal da doutrina da Trindade, mas apenas, um outro exemplo do falar naturalmente, baseado numa consciência Trinitariana. Paulo está, simplesmente, a pensar da origem divina destas grandes bênçãos; no entanto, ele pensa, habitualmente, desta origem Divina de bênçãos da redenção, de forma trina. Não diz, pois, como poderia, e muito bem, ter feito: “A graça e o amor e a comunhão de Deus seja com todos vós”, mas, “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo, seja com vós todos”. Testifica, assim, quase inconscientemente, mas duma maneira muito rica, dessa trina composição da Divindade, tal como a concebe.
O TRINITARIANISMO DOS OUTROS ESCRITORES DO NOVO TESTAMENTO
Os fenômenos das Epístolas de Paulo repetem-se nos outros escritos do Novo Testamento. Nestes, também, se pressupõe, por toda a parte, que as atividades redentoras de Deus, baseiam-se numa tripla origem: em Deus o Pai, no Senhor Jesus Cristo, e no Espírito Santo; e estas três Pessoas surgem, repetidamente, juntas, nas expressões da esperança cristã ou nas aspirações da devoção cristã (por exemplo, Heb. 2:3,4; 6:4-6; 10:29-31; I Ped. 1:2; 2:3-12; 4:13-19; I João 5:4-8; Judas vv. 20, 21; Apoc. 1:4-6).
Exemplos tão típicos, talvez, como quaisquer outros, são fornecidos pelos dois
seguintes: “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para
a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo” (I Ped. 1:2); “Orando no Espírito
Santo, conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de
nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna” (Judas vv. 20,21).
Podemos acrescentar-lhes, o exemplo, sumamente simbólico, do Apocalipse:
“Graça e paz seja convosco, da parte daquele que é, e que era, e que há-de vir; e da dos
sete espíritos que estão diante do Seu Trono; e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel
testemunha, o primogênito dos mortos, e o príncipe dos reis da terra!” (Apoc. 1:4,5).
O QUE OS TERMOS “FILHO” E “ESPÍRITO SANTO” ENVOLVEM
Quanto ao fato da Trindade (isto é, quanto ao fato de, na unidade da Divindade, subsistirem três Pessoas,
cada uma das quais tendo a sua ação particular na operação da salvação), o testemunho do Novo Testamento é claro e coerente. Neste está incluído o testemunho constante da Deidade, completa e não diminuída, de cada uma das Pessoas.
Pode parecer muito natural ver, na designação “Filho”, urna indicação da subordinação do Ser, e pode ser relativamente fácil atribuir uma semelhante significação incluída na expressão “Espírito Santo”. O que está por detrás do conceito de “filiação” na linguagem bíblica, é, simplesmente, “semelhança”; o que o pai é, é-o também o filho. O uso enfático da expressão “Filho” a uma das Pessoas da Trindade, portanto, afirma, antes, a Sua igualdade com o Pai, e não a Sua subordinação ao Pai. A palavra “unigênito” (João 1:14; 3:16-18; I João
4:9), não acrescenta, necessariamente, outra idéia senão a de singularidade, ser único e não de derivação (Sal. 22:20; 25:16; 35:17 /João 1:18); e até uma frase como “o primogênito de toda a criação” (Col. 1:15) pode não trazer consigo a idéia principiar a existir, mas apenas afirma a prioridade de existência.
Da mesma forma, a designação “Espírito de Deus” ou “Espírito de Jeová”, que encontramos frequentemente no Velho Testamento, não traz consigo, de forma alguma, nem a idéia de derivação nem a de subordinação, mas é, apenas, o nome executivo de Deus. — a designação de Deus, do ponto de vista da Sua
atividade, e, portanto, sugere identidade com Deus; e não há razão para supor que ao passar do Velho para o Novo Testamento, a expressão tivesse adquirido um significado essencialmente diferente.
Em João 5:18, lemos: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-Lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”. A questão está, claro, no adjetivo “próprio”. Jesus era bem compreendido em chamar Deus “Seu próprio Pai”, e isto é, em usar as expressões “Pai” e “Filho”, não apenas num sentido meramente figurativo, tal como quando Israel foi chamado filho de Deus, mas no sentido verdadeiro da palavra. E isto era compreendido como a pretensão de ser tudo quanto Deus é. Ser Filho de Deus, em qualquer sentido, era ser semelhante a Deus nesse sentido; ser o próprio Filho Deus, era ser exatamente como Deus, ser “igual a Deus”.
Lemos, da mesma maneira, em I Coríntios 2:10,11: “Porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim, também, ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”.
Tal como o espírito do homem é o centro da vida humana, assim também o Espírito de Deus é o Seu próprio elemento vital. Como se pode, pois, pensar que está subordinado a Deus?