segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A LEI DE DEUS



A Lei Cerimonial e A Lei Moral

A Lei Cerimonial
Constituída de rituais - é local, temporária, transitória. Moisés deu-a ao povo para servir de regra às cerimônias, ritos e sacrifícios essencialmente prefigurativos do sacrifício de Cristo. Tinha um objetivo profético, isto é, cessou no momento em que a profecia se cumpriu, ou seja, no momento em que a imagem encontrou o objeto que ela prefigurava. Quando o verdadeiro cordeiro que tira o pecado do mundo morreu na cruz do Calvário, o véu do templo se rasgou de alto a baixo, fazendo cessar a lei de sacrifícios de animais para a remissão dos pecados (ver S. Marcos 15: 37 e 38).

A Lei Moral
Que é divina, perfeita, espiritual, imutável e eterna, se dirige à humanidade inteira (ver relato em Exodo 20:1 a 17) Os dez Mandamentos. Ela perdura para sempre. Jesus a cumpriu, defendeu e mostrou sua imutabilidade ( ver S. Mateus 5: 17 e S. Lucas 16:17). Portanto, nenhum homem tem o poder ou autoridade para modifica-la. A lei é Santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom. Romanos 7:12. O que é perfeito não precisa de reparos, emendas e reajustes. Tudo o que Deus faz é perfeito, e o que é perfeito, não necessita de mudanças.

Não compete ao homem, modificar o texto da lei de Deus para apoiar seus convenientes e mesquinhos objetivos. (ver Deuteronômio 4:2 e Apocalipse 22:18 e 19). Esta lei servirá de norma de juízo. Todos serão julgados por ela (ver Tiago 2:12).

A descrição do texto em Exodo 20: 1 a 17,
1. Não terás outros deuses diante de mim;
2. Não farás para ti imagem de escultura e nem se encurvarás a ela;
3. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão;
4. Lembra-te do dia de sábado para o santificar, seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus;
5. Honra a teu pai e a tua mãe para que se prolonguem os seus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá;
6. Não matarás;
7. Não adulterarás;
8. Não furtarás;
9. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo;
10. Não cobiçarás a casa do teu próximo e nem a mulher do teu próximo.

Crê, boa parte dos cristãos de hoje que a Lei de Deus foi abolida quando Cristo morreu na cruz. Assim admitem esses irmãos, pelo fato de aceitarem que a Bíblia apresenta apenas uma lei, a Lei de Moisés. Entendem pelo termo “lei”, encontrado nas Escrituras, como definindo todas as leis da Bíblia. Não compreendem a separação delas, e discordam que haja distinção entre as mesmas. Tudo se resume, pensam, na Lei de Moisés. Não aceitam a existência de um código particular, como a Lei Moral (Os Dez Mandamentos), ou a Lei Cerimonial (ritualismo judaico). O estudante sincero encontra nas Escrituras muitas leis, entre as quais destaco: Lei Moral – os Dez Mandamentos (Êxodo 20:1-17). Lei Cerimonial (Levítico 23). Lei Dietética – de Saúde (Levítico 11). Lei Civil (que regia o governo dos judeus). Leis de Casamento. Leis de Divórcio. Leis de Escravatura. Leis de Propriedade. Leis de Guerra, etc.Caiu no domínio popular cristão que, quando se menciona ou se lê na Bíblia a palavra lei, tudo se resume na Lei de Moisés, o que não é correto. De fato, existem muitas leis que foram enunciadas, escritas e entregues por Moisés, embora provenham de Deus, e entre elas está a Lei Cerimonial, consistindo de um ritual que os judeus deveriam praticar até a chegada do Messias Jesus. Esse ritual simbolizava o evangelho para os judeus, e compunha-se de ordenanças como: ofertas diversas, holocaustos, abluções, sacrifícios, dias anuais de festas específicas e deveres sacerdotais (IICrôn.23:18; Lev.23; IICrôn.30:16; Esd.3:2). Há porém um código particular e distinto, escrito e entregue pelo próprio Deus a Moisés; é a Lei Moral dos Dez Mandamentos, e em nenhuma parte das Escrituras é esta lei chamada de Lei de Moisés. Portanto, estudando com cuidado, qualquer um encontrará na Bíblia essa variedade de leis.

Dizem que nós, como cristãos, estamos “livres da lei”. Está certo? Resposta: Não, não está certo, e espero que você não seja desencaminhado por estas opiniões; é de suma importância compreender o que quer dizer o Novo Testamento quando afirma que estamos ‘livres da lei’. Como é evidente, a palavra ‘lei’ é usada pelos escritores do Novo Testamento em dois sentidos. Algumas vezes ela se refere à Lei Cerimonial – do Velho Testamento, que se relaciona com matéria ritualística e regulamentos concernentes a manjares, bebidas e coisas deste gênero. Desta lei, os cristãos estão livres na verdade.// Mas o Novo Testamento também fala da Lei Moral, a qual é de caráter permanente e imutável e está sumariada nos Dez mandamentos.

Efésios 2: 15 – “Na Sua carne desfez a inimizade, isto é; a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças...” Romanos 3: 31 – “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei.”

Mas o escritor inspirado Paulo diz a uma determinada igreja que a “lei” está desfeita, e a outra igreja exclama: ‘De maneira nenhuma (Deus nos livre é o sentido original)’, ao pensamento mesmo de que a ‘lei’ esteja abolida, e se refere à mesma lei em cada caso? Obviamente Paulo deve estar falando de duas leis diferentes. Esses dois textos são suficientes em si mesmos para expor a falácia de que a Bíblia fala de uma só lei.”Vamos ainda ouvir o apóstolo São Paulo em Efésios 6: 2: “Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa.”

Seria irrazoável, não acha, já que o “mandamento” fora desfeito, Paulo mandar os efésios observá-lo!
Se a lei da saúde também for observada, evidente! Em I Timóteo 1: 8: “Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza legitimamente. ”Percebe, meu irmão...Jamais pode ser boa uma coisa “maldita”. Correto? Também, se é boa e útil, por que ser abolida e desfeita, não é? Tem mais em Romanos 7: 14:“Porque bem sabemos que a lei é espiritual, mas eu sou carnal...”

Note, Paulo toma a minha e a sua palavra agora e diz: “sabemos que a lei é espiritual”. Sabia você isso, irmão? Ou seja: A lei provém do Espírito de Deus. Se sua fonte é tão sagrada, não lhe surpreende vê-la tão rejeitada? Ainda em Romanos 7: 16:“E se faço o que não quero, consinto com a lei que é boa.” Observe novamente a afirmação paulina: “A lei é boa”. Não deixa ele brecha para suposições ou interpretações falseadas. A lei é boa disse.

Ora, se a lei é boa e contribui para tornar o homem espiritual, não pode nem deve ser anulada, desfeita, interrompida, caducada. Concorda? Nunca jamais, você dirá com certeza! Paulo em Romanos 7: 12 diz ainda: “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.” Permita-me repetir as palavras de Paulo mais uma vez: Lei santa, Lei justa, Lei boa. É inegável que Paulo faz alusão a leis diferentes, porque jamais poderia afirmar que uma lei não presta e seja boa ao mesmo tempo. Que foi anulada, e é santa, justa e boa. Que é maldição e que tenha uma promessa de longa vida ao se observá-la.

Observe ainda, irmão, Romanos 7: 22:“Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus.” Viu? Lei de Deus e não de Moisés. Claro, não é? Que acha que seja o “homem interior”? – Sim, é o homem espiritual, o crente fiel e sincero, o homem que não transgride a vontade divina, que não transige com o pecado, e, como Paulo, tem prazer na Lei de Deus. Além disso, em Romanos 7: 25: “Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor, assim que eu mesmo com o entendimento sirvo a Lei de Deus...” Caro irmão, Paulo já afirmou que a Lei de Deus é santa, justa, boa, espiritual, tinha prazer em guardá-la, e agora dá “graças a Deus por Jesus Cristo” pela oportunidade e privilégio de poder, com todo o seu entendimento, servir à Lei de Deus. Que maravilhoso! Creia isto, sinceramente, amado irmão e seja feliz!

LEIA TAMBÉM
Gálatas 3:10 - "Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição..."
Gálatas 3:13 - "Cristo nos resgatou da maldição da lei..."
Efésios 2:15 - "Aboliu, na Sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças..."
Colossenses 2:16 e 17 - "Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo."

Leia os versículos seguintes comparando com os citados acima.

Romanos 3:31 - "Anulamos, pois, a Lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a Lei." - Ora! Não foi desfeita a Lei? Não é maldito o que observa? Porque então "estabelecer" uma Lei nestas condições, ainda mais sobre a base da fé?

Romanos 7:7 - "Que diremos, pois? É a Lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da Lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a Lei não dissera: 'Não cobiçarás.'"
Romanos 7:12 - "Por conseguinte, a Lei é santa, e o mandamento, santo, e justo e bom." - Repetindo: Lei santa, Lei justa e Lei boa. Como admitir que a mesma seja maldita?
Efésios 6:2 - "Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa..." - Paulo adverti a observar esse mandamento, no entanto, seria ilógico observá-lo, já que os Dez Mandamentos, foram "desfeitos", não acha?

I Timóteo 1:8 - "Sabemos, porém, que a Lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo..." - E agora? Para onde ir? É inconcebível que uma coisa maldita, desfeita ou anulada, seja boa, concorda?
Até aqui, é possível ter entendido que há diversidade de leis na Bíblia. E realmente Paulo menciona muito o termo lei, nos assuntos que enfoca, de maneira ora explícita e clara, ora dificultosa ao entendimento imediato. Certo é que Paulo estabelece a diversidade de leis, realçando uma, a Lei de Deus (Dez Mandamentos) também conhecida como Lei Moral e mostrando a caducidade de outra, a Lei de Moisés, também conhecida Lei Cerimonial na qual era constituída de: sacrifícios, ofertas diversas, circuncisão, dias de festas...

Como falamos no inicio. Crê boa parte dos cristãos de hoje que a Lei de Deus foi abolida quando Cristo morreu na cruz. Isso ocorre porque estes mesmos cristãos aplicam ao termo "LEI", encontrado nas Escrituras, como a definição de todas as leis da Bíblia. Não sancionam a separação delas e discordam que haja distinção entre as mesmas, tudo se resume, pensam, na Lei de Moisés.
Admitir que a Bíblia só apresente uma lei, e que tudo é Lei de Moisés, não havendo portanto distinção entre elas, é o mesmo que dizer ser ela um amontoado de contradições. De fato, existem leis providas de Deus, que foram enunciadas, escritas e entregues por Moisés, e entre elas está a Lei Cerimonial, constituída de um ritual que os judeus deveriam praticar até que viesse o Messias Jesus. (Êxodo 24:7; Deuteronômio 31:24 a 26)

"Os descendentes de Abraão foram cativos no Egito, e o clamor de suas aflições foram ouvidas por Deus, e Ele 'lembrou' da aliança que fizera com Abraão, resgatando assim os israelitas do seu opressor, fazendo deles oráculos, guardiões dos estatutos divinos, e ao mesmo tempo testemunhas do poder Criador de Deus às demais nações." (Gênesis 17:1 a 8; Gênesis 17:9 a 14; Êxodo 3:1 a 9; Êxodo 19:1 a 8)

Os rituais cerimoniais que Deus estabeleceu, simbolizava o evangelho para eles (judeus), e compunha-se de ordenanças como: ofertas diversas, holocaustos, abluções, sacrifícios, dias anuais de festas específicas e deveres sacerdotais. E tais ordenanças foram registradas na Lei de Moisés [Lei Cerimonial], não na Lei de Lei Moral. (2 Crônicas 23:18; 2 Crônicas 30:15 a 17; Esdras 3:1 a 5).

Todo o cerimonialismo, representava Cristo. Todas os estatutos e leis cerimoniais que eram realizados pelos judeus apontavam para Ele. Todas as coisas realizadas representava o sacrifício, o perdão e a salvação realizado por Cristo na cruz. (Colossenses 2:8 a 19). Pesquisando atentamente as Escrituras, podemos encontrar outras leis como:

o leis acerca dos altares - Êxodo 20:22 a 26;
o leis acerca dos servos - Êxodo 21:1 a 11;
o leis acerca da violência - Êxodo 21:12 a 36;
o leis acerca da propriedade - Êxodo 22:1 a 15;
o leis civis e religiosas - Êxodo 22:16 a 31;
o lei dietética - Levítico 11;
o repetição de diversas leis - Levítico 19...
o leis para os sacerdotes - Levítico 21:1 a 24;


A Lei e o Evangelho


Quando os judeus rejeitaram a Cristo, rejeitaram a base de sua fé. E, por outro lado, o mundo cristão de hoje, que tem a pretensão de ter a fé em Cristo, mas rejeita a Lei de Deus, comete um erro semelhante ao dos iludidos judeus. Os que professam apegar-se a Cristo, polarizando nEle as suas esperanças, ao mesmo tempo que desprezam a Lei Moral e as profecias, não estão em posição mais segurar do que os judeus descrentes. Não podem chamar inteligentemente os pecadores ao arrependimento, pois são incapazes de explicar devidamente o de que se devem arrepender. O pecador, ao ser exortado a abandonar seus pecados, tem o direito de perguntar: Que é pecado? Os que respeitam a Lei de Deus podem responder: "Pecado é a transgressão da Lei." (I João 3:4). Em confirmação disto o apóstolo Paulo diz: "... eu não conheceria o pecado, não fosse a Lei." (Romanos 7:7)

Unicamente os que reconhecem a vigência da Lei Moral podem explicar a natureza da expiação. Cristo veio para servir de mediador entre Deus e o homem, para unir o homem a Deus, levando-o à obediência a Sua Lei. Não havia e não há na Lei, poder para perdoar o transgressor. Jesus, tão-só, podia pagar a dívida do pecador. Mas o fato de que Jesus pagou a dívida do pecador arrependido não lhe dá licença para continuar na transgressão da Lei de Deus; deve ele, daí por diante, viver em obediência a essa Lei.

A Lei de Deus existia antes da criação do homem, ou do contrário Adão não podia ter pecado. Depois da transgressão de Adão não foram mudados os princípios da Lei, mas foram definitivamente dispostos e expressos de modo a adaptar-se ao homem em seus estado decaído. Cristo, em conselho com o Pai, instituiu o sistema de ofertas sacrificais; de modo que a morte, em vez de sobrevir imediatamente ao transgressor, fosse transferida para uma vítima que devia prefigurar a grande e perfeita oferenda do Filho de Deus.

Os pecados do povo foram em figura transferidos para o sacerdote oficiante, que era um mediador para o povo. O sacerdote não podia ele mesmo tornar-se oferta pelo pecado e com sua vida fazer expiação, pois era também pecador. Por isso, em vez de sofrer ele mesmo a morte, sacrificava um cordeiro sem mácula; a pena do pecado era transferida para o inocente animal, que assim se tornava seu substituto imediato, simbolizando a perfeita oferta de Jesus Cristo. Através do sangue dessa vítima o homem, pela fé, contemplava o sangue de Cristo, que serviria de expiação aos pecados do mundo.

Propósito da Lei Cerimonial

Se Adão não tivesse transgredido a Lei de Deus, nunca teria sido instituída a Lei cerimonial. O evangelho das boas novas foi primeiro dado a Adão na declaração que lhe foi feita, de que a semente da mulher havia de esmagar a cabeça da serpente; e foi transferido através de gerações a Noé, Abraão e Moisés. O conhecimento da Lei de Deus e do plano da salvação foi comunicado a Adão e Eva pelo próprio Cristo. Entesouraram cuidadosamente a importante lição, transmitindo-a verbalmente aos filhos e aos filhos dos filhos. Assim se preservou o conhecimento da Lei de Deus.

Os homens naqueles dias viviam quase mil anos, e anjos visitavam-nos com instruções providas diretamente de Cristo. Foi estabelecido o culto de Deus mediante as ofertas sacrificais, e os que temiam a Deus reconheciam perante Ele os seus pecados, aguardando, com gratidão e santa confiança, a vinda da Estrela da Manhã, que havia de guiar ao Céu os caídos filhos de Adão, por meio do arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor e salvador Jesus Cristo. Assim era o evangelho pregado em cada sacrifício; e as obras dos crentes revelavam continuamente a sua fé num Salvador porvindouro. Disse Jesus aos judeus: "Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em Mim; porque de Mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas Minhas palavras?" (João 5:46 e 47)

Segundo o que falei acima (Distinção de Leis), é possível que alguém tenha ficado perplexo, pois há textos na Bíblia que positivamente declaram ser a Lei de Deus eterna, e que não muda, e que todos devem obedecê-la. Por outro lado, existem outras passagens que parecem significar que a lei foi dada por um determinado tempo apenas, e não nos encontramos agora na obrigação de obedecê-la.
Estas declarações parecem causar confusão no espírito de certas pessoas; mas a Palavra de Deus é verdadeira, e nela não há contradição. O que nos dá essa impressão, deve ser apenas falta de compreensão de nossa parte.

Podemos ser sinceros em nossa opinião, e todavia enganar-nos por falta de perfeita compreensão do assunto. A Bíblia é a Palavra Viva, é a Palavra do Deus Vivo... Trata da realidade eterna. Encontra-se nela, alturas e profundidades além da compreensão da mente finita do homem. Mas esse mesmo fato não é senão outra evidência de que ela é de Deus.

Se nos deparamos com aparentes contradições, devemos estudar cuidadosamente o assunto, e com humildade, buscar o auxílio do Senhor para compreendê-las, e o Espírito Santo nos esclarecerá a mente. Dentre todas as leis mencionadas na Bíblia, duas têm destaque preeminente: A Lei Cerimonial e a Lei Moral, fatos que muitos cristãos não aceitam ou não compreendem, mas que é claro em toda a Bíblia.
"A Lei Moral ou Lei de Deus (Dez Mandamentos) vem da eternidade. Os princípios desta Lei são base do governo de Deus. São imutáveis como o Seu Legislador. A Lei é por natureza indestrutível, nem um mandamento pode ser tirado do Decálogo. Permanece todo ele irrevogável e assim permanecerá para sempre... Lucas 16:17."

Entretanto, o mesmo não se estabelece com a Lei Cerimonial, freqüentemente chamada de Lei de Moisés, que veio a existir depois da queda do homem. Esta lei consiste em manjares e bebidas, várias abluções, justificações da carne e sacrifícios, destinada a chamar a atenção para a primeira vinda de Jesus; e com Sua vinda, todas estas coisas foram encerradas. Aí encontram-se o tipo e o antítipo; a sombra encontrou o corpo (Colossenses 2:16 e 17). Quando Cristo, o Cordeiro de Deus, morreu na cruz, o véu do templo se rasgou em dois de alto a baixo (Mateus 27:51). Os serviços do templo a partir daquele momento deixaram de ter lugar. O sistema sacrifical cessou, e a lei que a ele pertencia deixou de existir. Foi cravada e riscada na cruz (Colossenses 2:13 a 15).

A Lei Cerimonial foi dada para satisfazer condições temporárias e locais da Antiga Aliança (Êxodo 24:1 a 11).
Uma vez que essas condições mudaram em virtude da crucificação, ao mesmo tempo, fez-se uma Nova Aliança (Hebreus 8:6 a 9).
Mediante o sacrifício do Cordeiro na cruz, todos os povos, nações e línguas poderão chegar a Deus (Isaías 56:1 a 8; Hebreus 8:11; João 14:6).
Somente através do sangue de Cristo conseguimos a remissão dos nossos pecados (João 14:12 a 15; I João 2:1 a 6; Hebreus 10:19 e 23).

A Lei de Deus da Antiga Aliança é a mesma Lei da Nova Aliança nos dias de hoje, permanece a mesma e permanecerá para sempre. Com a Nova Aliança os Dez Mandamentos, a Suprema Lei de Deus, é guardada e gravada na mente daqueles que O buscam, é selada no coração dos Seus discípulos (Isaías 8:16; Hebreus 8:10 a 13; Jeremias 31:31 a 35).

Todos são agora justificados na presença do Pai, através da fé em Jesus, e somente a parti dEle, somos aptos a guardar os Seus mandamentos (Romanos 2:13; Romanos 5:1 e 2; Romanos 16:25 a 27; João 15:9 e 10; Apocalipse 14:12).

Firmando assim a Nova Aliança, superior, perfeita e eterna (Hebreus 9:11 a 15).
Concluindo, na Nova Aliança a Lei Cerimonial (os estatutos cerimoniais) da Antiga Aliança não tem mais razão para continuar, não há mais razão para existir. A Lei Moral ou a Lei de Deus, no entanto, acompanhará os justos através dos séculos.

O Propósito da Lei

Deus concedeu Sua Lei a fim de prover abundantes bênçãos a Seu povo, e para conduzi-los a um relacionamento salvador com Ele. Observe os seguintes propósitos específicos:

Ela Revela a Vontade de Deus para a Humanidade
Na qualidade de expressão do caráter e do amor de Deus, os Dez Mandamentos revelam Sua vontade e propósito para a humanidade. Demandam obediência perfeita, "pois qualquer que guarda toda lei, mas tropeça em só ponto, se torna culpado de todos" (Tiago 2:10). Obediência à lei, sendo esta a regra de vida, é vital para a nossa salvação. O próprio Cristo explicou por quê: "Se queres, porém entrar na vida, guarda os mandamentos" (Mateus 19:17). Essa obediência somente é possível por intermédio do poder que o Espírito Santo, habitando no íntimo do ser, torna disponível.

Ela Funciona como Padrão de Julgamento
Tal como Deus, Seus "mandamentos são justiça" (Salmo 119:172). Portanto, a lei estabelece o padrão de justiça. Cada um de nós será julgado por esses retos princípios, e não por nossa consciência. Dizem as Escrituras: "Temei a Deus e guarda os Seus mandamentos... porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más" (Eclesiastes 12:13 e 14; Tiago 2:12).
A consciência humana é instável. A consciência de alguns é "fraca", enquanto a de outros é "corrompida", "má" ou "cauterizada" (I Coríntios 8:7 e 12; Tito 1:15; Hebreus 10:22; I Timóteo 4:2). Tal como um relógio, não importa quão bem ele trabalhe, deve a consciência ser "aferida" de acordo com algum padrão, para que ela possa ser de algum valor. Nossa consciência nos diz que devemos proceder de modo correto, mas não diz o que é correto. Somente a consciência aferida de acordo com o grande padrão divino - Sua lei - pode evitar que mergulhemos no pecado.

Ela aponta o pecado
Sem os Dez Mandamentos as pessoas não podem ver claramente a santidade de Deus, nem sua própria culpa ou necessidade de experimentar o arrependimento. Quando as pessoas não sabem que estão violando a Lei de Deus, não se arrependem de sua condição de perdidas ou a necessidade do sangue expiatório de Cristo.
Tendo em vista ajudar as pessoas a verem a sua verdadeira condição, a Lei funciona como uma espécie de espelho (Tiago 1:23 a 25). Aqueles que "olham" a seu próprio caráter defeituoso em contraste com a justiça do caráter de Deus, compreendem que a lei revela que todas as pessoas são culpadas diante de Deus (Romanos 3:19), e que são plenamente responsáveis perante Ele. "Pela lei vem o pleno conhecimento do pecado" (Romanos 3:20), já que "pecado é a transgressão da lei" (I João 3:4). Efetivamente, diz Paulo, "eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei" (Romanos 7:7). Ao convencer os pecadores de suas culpas, ela os ajuda a compreender que estão condenados sob juramento da ira de Deus e que estão diante da penalidade de morte eterna. A lei provoca neles, portanto, um senso de completo desamparo.

Ela é um Agente de Conversão
A lei de Deus é o instrumento que o Santo Espírito utiliza para trazer-nos à conversão. "A lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma" (Salmo 19:7). Quando, depois de ver nosso verdadeiro caráter, compreendemos que somos pecadores, que estamos condenados à morte e sem esperança, sentimos a necessidade de um Salvador. Neste ponto, as boas novas do evangelho tornam-se cheias de significado. Assim, pois, a lei nos indica a Cristo, o Único que nos pode ajudar a escapar de nossa desesperada condição. Foi nesse sentido que Paulo se referiu tanto à Lei Moral quanto a Cerimonial como sendo um tutor ou "aio", cujo objetivo é "nos conduzir a Cristo, a fim de que [sejamos] justificados por fé" (Gálatas 3:24).

Ao mesmo tempo que a lei revela nosso pecado, ela jamais será capaz de salvar-nos. Da mesma forma como a água é o elemento necessário para lavar as faces sujas, assim, depois de nos contemplarmos no espelho da Lei Moral de Deus, tendo descoberto nossa necessidade de limpeza, corremos à fonte que se encontra aberta "para remover o pecado e a impureza" (Zacarias 13:1), onde somos purificados pelo "sangue do Cordeiro" (Apocalipse 7:14). Temos de contemplar a Cristo. O pecador tem de "olhar para seu Salvador, o portador dos pecados. E ao ser-lhe revelado Cristo na cruz do Calvário, morrendo sob o peso dos pecados de todo o mundo, o Espírito Santo lhe mostra a atitude de Deus para com todos os que se arrependem de suas transgressões".

Nesse momento, a esperança extravasa de nosso coração e em fé nos dirigimos a nosso Salvador, que por Sua vez nos estende o dom da vida eterna (João 3:16).

Romanos 4:15 e 5:13 - "Porque a Lei suscita a ira; mas onde não há Lei, também não há transgressão." - "Porque até ao regime da Lei havia pecado, mas o pecado não é levado em conta quando não há Lei."

Aqueles que pregam que, a Lei de Deus foi abolida, forçosamente também terão de crer que não existe pecado, e se assim é, todos são justos, e todos se salvarão, creiam ou não em Cristo, tenham ou não nascido de novo. Sim, porque Deus não pode condenar nem destruir aqueles que não pecaram. Aceitando-se que a Lei Moral foi abolida por Cristo, não há mais necessidade de fé e muito menos angustiar-se por causa da perdição eterna, em chamas crepitantes.

Romanos 7:6 - "Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra."

"Livres da Lei" - Por quê? Simples. Antes, porém, se você achar que esse "livre" é para fazer o que bem entende, isente Paulo primeiro. A transgressão da Lei é pecado (I João 3:4). Disso Paulo não deixa dúvidas. Diz ele: "...mas o pecado não é levado em conta quando não há Lei." (Romanos 5:13). Guardando os mandamentos da Lei de Deus, não estaremos sob sua condenação, mas "estaremos livres" de sua penalidade. Não livres da Lei. Veja bem, o porque:

A Lei é espiritual. Paulo afirmou em Romanos 7:14. O homem carnal não é sujeito à Lei de Deus. O homem carnal transgride a Lei inopinadamente, porque é carnal. Este homem rouba e a Lei diz: "Não furtarás". Quando porém este homem se converte, deixa de roubar; passa da esfera carnal para a espiritual, que é a própria esfera da Lei, e então ela deixa de acusá-lo de roubo. Todavia (não esperamos), se um dia esse homem voltar a roubar, novamente a Lei tornará a acusá-lo: "Não furtarás"... então, entende como a Lei não perde o valor quando o homem se converte? Ela simplesmente não terá domínio sobre ele, não o acusará por todo o tempo enquanto com ela viver em obediência, está pessoa estará "livre da lei".

Romanos 7:7 - "Que diremos, pois? É a Lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão pela Lei; porque eu não conhecia a cobiça, se a Lei não dissesse: Não cobiçarás".
Paulo chama uma lei de maldita (Gálatas 3:10); logicamente esta que menciona agora em Romanos 7:7, realçando surpreso: "De modo nenhum!", não pode ser a mesma. Vamos então descobrir qual é ela. Na sua Bíblia, depois dos dois pontinhos que antecedem as palavras "não cobiçaras" (Romanos 7:7), há o número 8, "bem miudinho". Vá ao rodapé da Bíblia (referência) e ela o conduzirá até Êxodo 20:17, que é a Lei Moral, o Decálogo. Nunca foi difícil mesmo em meio à profunda dialética paulina descobrir que ele exaltava a Lei Moral, mesmo porque, ensinava que, sem sua vigência atuante não poderia existir o pecado. O "pecado é a força da lei" ou seja: existe porque a lei o aponta e o revela.

Hoje, porém, há pessoas que chegam ao grande erro de dizer que a Lei Moral foi pregada na cruz, que estamos sob maldição e que adoramos um Deus morto (tudo isso já nos disseram, portanto é experiência própria). Mas, para Paulo não é assim, "de modo nenhum!", enfatiza Paulo. Ele só se apercebeu da malignidade do pecado quando se espelhou na Lei de Deus. Diante dela, esta, o acusou de cobiça.

Por outro lado, quando Paulo era carnal (isto é, antes de sua conversão), cobiçava, matava (tinha carta de autorização para isso), praticava atos de judiaria com crentes, e sua consciência não lhe doía; participou da morte de Estevão e tudo era-lhe normal. Mas agora, Saulo é Paulo, o ímpio é cristão, o carnal é espiritual, e assim descobriu ele o verdadeiro valor da Lei, e no poder de Cristo a ela obedeceu enquanto teve fôlego de vida.

Mais três textos claros definem, se houver dúvidas, que a Lei é imprescindível na dispensação cristã para que possamos apresentar ao mundo que o pecado ainda impera, e, portanto, há necessidade do Salvador Jesus.
• Romanos 3:19 e 20: "... porque pela lei vem o pleno conhecimento do pecado."
• Romanos 4:15: "... mas onde não há lei, também não há transgressão."
• Romanos 5:13: "... mas o pecado não é levado em conta não havendo lei."


É bastante claro o ensino de Paulo. Ele não tem dúvida. A Lei permanece em vigor, enquanto existir pecado. Quando porém este chegar ao fim, a vigência da Lei cessa.

Romanos 7:8 - "Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a sorte de concupiscência; porque, sem Lei, está morto o pecado."

O apóstolo Paulo descobriu e ensinou que não teria conhecido o pecado se não fosse a Lei (Romanos 7:7). Disse que o pecado não teria valor, estaria morto, se não existisse a Lei (Romanos 5:13). A Lei lhe revelou a hediondez do pecado; por isso afirmou: "... o pecado reviveu e eu morri." (Romanos 7:9). Mas Paulo não permaneceu morto. Observando a Lei, o pecado desapareceu, ele reviveu para uma vida nova, e quem "morreu" agora foi o pecado, enquanto ele vivia em obediência, livre da penalidade da Lei.

Romanos 10:4 - "Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê".
Este texto, se for lido com o espírito de quem certa ocasião o leu para nós, tentando provar que ele cancelava por completo a Lei Moral, que fora abolida na cruz, e que quem a observa é maldito, e outros "mitos", certamente estará do lado do erro.

Se o termo "fim", que é proveniente da palavra grega telos, empregado aqui neste texto, ter como querem, o sentido de "término", "encerramento", "abolição", então o mesmo peso e a mesma medida terão que ser aplicados em I Pedro 1:9: "Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas." Ora o sentido é o mesmo, mas você jamais irá crer e aceitar o término, abolição e encerramento da fé do crente! Será que, assim, pode ele esperar a salvação de sua "alma"? A palavra "fim", aqui empregada, tem o sentido de finalidade, objetivo, propósito.

Imagine você, se aceitarmos que este fim aí cancelou a Lei de Deus; todo o ensinamento que Paulo deixou sobre essa Lei, que está em vigor e que foram provadas com inúmeras Escrituras aqui estudada; será abolida. E sendo assim, deveremos também apoiar a macabra idéia de que chegou ao "fim" a obrigação de temer a Deus. Ouça o que diz o pregador: "De tudo o que se tem ouvido o fim é: teme a Deus e guarda os Seus Mandamentos..." (Eclesiastes 12:13).

Romanos 14:5 - "Um faz diferença entre DIA e DIA, mas outro julga IGUAIS todos os DIAS..." (Gálatas 4:10)
A Epístola aos Romanos além de ser um hino de exaltação à Lei Moral é também, por excelência, um doutrinal de justificação pela fé. E aqui, da mesma forma que se nota nas outras cartas paulinas, "os judaizantes" não lhe davam tréguas. No capítulo 14 desta Epístola, vemos suas garras sendo estendidas solertemente a fim de injetar a heresia da justificação pelas obras da Lei Cerimonial.

"Portanto, ninguém vos julgue... por causa dos dias de festa, ou da Lua Nova, ou dos sábados." (Colossenses 2:16).

Especificamente, neste texto, Paulo extravasa o assunto de maneira muito clara e abrangente assegurando que a exigência dos judaizantes em todos os lugares onde se infiltrassem era mesma: guardar dias, meses, tempos, Luas Novas, que eram festivais sabático.

Portanto o - DIA e DIAS - de Romanos 14:5, é o próprio de Gálatas, e também o mesmo dos Colossenses, que não é outra coisa senão as festas judaicas que compunha a Lei Cerimonial. Estes festivais obedeciam a um calendário anual e quando chegavam, o DIA era considerado sábado e revestido de toda a santidade conferida ao sábado do sétimo dia da semana. Estas cerimônias foram exigidas antes da morte de Cristo porque eram sombras de Cristo (Colossenses 2:17). Vindo Ele, acabou. A insistência dos judaizantes ao reviver tais festas era a pura recusa às doutrinas Cristocêntricas apresentadas por Paulo.


Tito 3:9 - "Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas, e nos debates sobre a lei, porque são coisas inúteis e vãs."

I Timóteo 1:4 - "Nem se dêem a fábulas, ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificações de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora".
Paulo sempre encontrou acérrimos judaizantes em seu caminho, preocupados em promover debates acerca do ritualismo e fábulas judaicas. Estes dois textos dizem bem a preocupação do apóstolo em preservar seu rebanho da escravidão enfadonha da Lei Cerimonial que tais contendores desejavam acirradamente colocar em uso, em todos os lugares.
Quanto à lei aí focada, você não deve confundir com a Lei de Deus cujos mandamentos são cunho moral.

AOS GÁLATAS

Gálatas 2:16 - "Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei e sim mediante a fé em Jesus Cristo, também temos crido em Jesus Cristo, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado."

Circuncisão era uma exigência da Lei Cerimonial, necessária antes de Cristo. Mas após a morte do Senhor, cumprir esse ritual era buscar justificação pelas obras; por isso Paulo rebateu essa posição, pois o necessário agora era demonstrar e exercer fé no sacrifício de Jesus, e nada mais. Querer, portanto, praticar esse ritual depois que foi cancelado, era tentar justificar a si próprio, o que contraditava o Evangelho de Jesus.

Por isso Paulo enfatizava: "Por obras da lei ninguém será justificado." Corretíssimo. A Lei Cerimonial não se compunha somente do dogma dacircuncisão, mas de uma infinidade de cerimônias; porém, o problema na ordem do dia é ela. O foco principal discorrido entre Paulo e os demais, é a circuncisão comentada na epístola.

Gálatas 2:21 - "Não anulo a graça de Deus, porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu inutilmente."

Antes do advento do Messias, Deus dera aos judeus, em especial, um ritual maravilhoso. Um conjunto de cerimônias, acompanhado de variadas ordenanças. Sua obrigação era exigível, pois todo o cerimonial apontava para Jesus. Era portanto necessário até que Ele viesse. Vindo porém o Filho de Deus, todo aquele cerimonial, embora belo e requerido, tornara-se inútil, pois era sombra de Jesus (Hebreus 10:1). Paulo por sua vez, compreendeu assim, aceitou o fato e colocou-o em prática. Por isso, indignou-se, ao ver, agora, novamente os discípulos voltarem a circuncidar-se.

Mais irritado ficou, ao notar os próprios apóstolos presenciarem essa disposição de suas ovelhas e nada fazerem. Permaneciam inertes. Daí causar, em Paulo, repulsa tal que levou a repreender não somente os discípulos mas também a Pedro. Paulo não concordava de modo algum, com a atitude daqueles homens que tiveram repetidas vezes o esclarecimento do plano de salvação. Um plano tão detalhado, com o seu cumprimento na morte vicária de Jesus, voltar agora aos rituais abolidos. E se essas praticas pudesse justificar o ofertante, então Jesus teria morrido em vão, asseverava Paulo.
Ressaltando que a "lei" focada é sem dúvida nenhuma a Lei Cerimonial, pois tudo está exatamente dentro do mesmo fim explicativo de Paulo, da seqüência do pensamento discorrido por ele no capítulo 2.
Gálatas 3:10 - "Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as cousas escritas no livro da lei, para praticá-las."

Se tivéssemos aberto a Bíblia agora, tomando este versículo separado, lendo-o, e em seguida fechando-a, certamente iríamos interpretala de maneira errônea. Mas infelizmente é dessa forma que a mensagem do apóstolo Paulo é estudada por muitos. Servindo-se deste versículo, muitos pregam inverdades e escrevem grosseiras falsidades, enganando muita gente sincera.

E estes mesmos Dez Mandamentos entregue a Moisés no monte Sinai foram divididos sabiamente em duas partes pelo Seu Criador.

Os quatro primeiros dizem respeito à nossa obrigação para com Deus, e os seis restantes, para com o nosso próximo. Assim que, amar a Deus de todo coração, de toda a alma e entendimento, é cumprir os primeiros Quatro Mandamentos da primeira tábua de pedra. E amar nossos semelhantes como a nós mesmos é cumprir os Seis Mandamentos restantes na segunda tábua de pedra. Portanto se isso é maldição, pedimos-lhe para afirmar: é irracional, incabível, insuportável e inverossímil.

Gálatas 4:5 - "Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos."

A Lei Cerimonial apontava para Cristo. Ele acabou com todos os símbolos que apontavam para Sua obra redentora. Paulo procurava insistentemente mostrar aos gálatas que, com a vinda do Messias Jesus, o homem não podia ser salvo sob o judaísmo, escorado na Lei Cerimonial.
Gálatas 4:9 e 10 - "Mas agora, conhecemos a Deus, ou antes, sendo conhecidos de Deus, como estais voltando outra vez, a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses e tempos, e anos."
Após um logo estudo sobre as diferenças entre as Lei Moral e Cerimonial, temos certeza absoluta onde encaixar e enquadrar "esses rudimentos fracos e pobres." Entretanto deixaremos bem gravado que a "lei" enfocada novamente por Paulo, é aquela que a Bíblia nos diz ser: Lei Cerimonial, porque:

Na seqüência do pensamento de Paulo está se mostrando a inutilidade daquelas cerimônias introduzidas pelos judaizantes em sua ausência. Diz que é maldito (Gálatas 3:10) todo aquele que praticar aquelas obras, depois que se tornaram obsoletas. Por outro lado, na Lei Moral, não existem cerimônias. Pelo contrário Ela enobrece o homem, moralizando-o, daí não conter maldição.

Diz Paulo que a Lei Cerimonial tinha um propósito: mostrar a obra redentora de Cristo. E isso não pode ser requerido da Lei Moral. Nos Dez Mandamentos não há ordem para circuncidar, nem matar animais, ou outro ritual qualquer, os quais simbolizavam e apontavam a obra de expiação de Jesus.

Ninguém será maldito por guardar a Lei Moral; pelo contrário, ela ajuda o homem a tornar-se elevado, nobre e a ter bons princípios. A Lei do Senhor (Dez Mandamentos) é perfeita (Salmo 19:7).

Fica por conseguinte, claríssimo que a "lei" de "rudimentos fracos e pobres" jamais pode ser a Lei Moral, que é enaltecida por Paulo, e que mesmo a fé não pode anular (Romanos 3:31). "Pelo contrário, a Bíblia diz que os Dez Mandamentos e o testemunho de Jesus são requisitos, características, para distinguir os filhos de Deus, nos momentos finais deste mundo. (Apocalipse 12:17 e Apocalipse 14:12)."

Portanto a Lei Cerimonial é que se enquadra no texto, pois ela, sim tem "rudimentos", e estes são comprovadamente, "fracos e pobres", foram e são impotentes para justificar. Cumpriram sua missão e pronto. Acabou. E note o paradoxo, foram anulados pela fé em Cristo.


Gálatas 5:1 a 4 - "Estais pois firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a meter-vos debaixo do julgo da servidão. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. E de novo protesto a todo homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós, os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído."
Observe que Paulo novamente enfatiza o tema central especulativo da epístola: a circuncisão. Os gálatas buscavam com "ousadia e muita severidade" a justificação pelas suas próprias obras, e o apóstolo sabia que nada disso tinha valor; mesmo que eles observassem todos os ritos mosaicos com a maior sinceridade, de nada adiantaria. O homem só será justificado e salvo pela fé em Cristo, nada mais.

Paulo então determina, como que cansado de falar, argüir e repreender: "Se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará". E isso é fácil de compreender agora, pelo estudo que fazemos de toda a epístola de Gálatas.

Cristo Jesus morreu. Sua morte cancelou a Lei Cerimonial. Agora era necessário apenas exercer fé no ressurreto Filho de Deus, para que o homem fosse justificado. Isso é graça. Se os gálatas continuassem a buscar a justificação pelo cumprimento e prática das obras da Lei Cerimonial, a graça não teria nenhum valor para eles. Por certo, "da graça cairiam".

Gálatas 5:6 - "Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma; mas a fé que opera pelo amor."

Que clareza meridiana! Que declaração límpida! Perceptível! Só uma mente cauterizada, indecisa, deixará de alcançar o que Paulo passou toda a epístola combatendo, lutando para colocar na mente dos gálatas que o ritual da circuncisão, sendo parte integrante e saliente dos dogmas cerimoniais, perdera o seu valor e significado com o advento do Messias. Aliás, para eles isso não era uma doutrina nova, fora o evangelho que Paulo lhes pregou anteriormente. Eles haviam aceitado desta forma e até posto em prática, pois o que se depreende do versículo seguinte é isso, note bem o versículo de Gálatas 5:7.

Gálatas 5:7 - " Vós corríeis bem; quem vos impediu para não obedeçais à verdade?"
"Quem vos impediu...?"
Observe a enfática indagação de Paulo.

Quem?... Os professores judaizantes. Eles adoçaram sua mensagem de tal maneira, que não demorou muito e os gálatas estavam todos elevados e apegados à circuncisão. Os tais professores, naturalmente, devem ter-se servido de argumentos contundentes, porque, deixar os ensinamentos de Paulo anteriormente recebidos, para aceitar aquelas ordenanças agora obsoletas, apagadas, sem vida, é demais.

Gálatas 5:10 e 12 - "Confio de vós, no Senhor, que não alimentareis nenhum outro sentimento; mas aquele que vos perturba, seja ele quem for, sofrerá a condenação. Tomara até se mutilassem os que vos incitam à rebeldia."

Paulo pregava o evangelho da liberdade. Cristo concedera a liberdade pelo Evangelho. Fé, somente fé em Seu sacrifício. Fé e testemunho em favor de Cristo, eis tudo que era necessário. Entretanto, queriam novamente os gálatas meter-se debaixo da servidão do ritual mosaico; reviver os momentos solenes do sistema sacrifical e da infinidade de cerimônias, agora inúteis e sem nenhuma expressão, pois Jesus Cristo, o justo, tornara-Se a oferta viva pelo pecado, o Cordeiro Pascal, e, assim, abolira a Lei Cerimonial, conforme a mesma segura e abalizada palavra do apóstolo Paulo em Colossenses 2:14: "Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, cravando-a na cruz."

O véu do templo, que separava o lugar santo do santíssimo, rasga-se de alto a baixo por mãos potentes e invisíveis (Mateus 27:51).

I Coríntios 7:19 - "A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é a observância dos mandamentos de Deus."

Aqui Paulo define claramente as duas leis do conflito dos gálatas. Nega com veemência a lei da circuncisão (Cerimonial) e realça os mandamentos de Deus (Lei Moral). Assim com a descoberta da lei que Paulo menciona insistente e exaustivamente, na Epístola aos Gálatas, cuja preocupação geral foi a circuncisão, leva-nos sem dúvida até a Lei Cerimonial.

A Lei de Deus, revela a condição do homem, é como um espelho que nos mostra como estamos, cabe a essa Lei mostrar o nosso pecado, e a Cristo, quando assim permitimos através da verdadeira fé e obediência, remove-los, nos ajudando assim a alcançar a graça de Sua salvação.

Paulo estabelece em II Coríntios 3, um contraste entre dois Concertos, a saber:
Velho Concerto Novo Concerto
1 - (v. 7) "Ministério da Morte" 1 - (v. 8) "Ministério do Espírito"
2 - (v. 9) "Ministério da Condenação" 2 - (v. 9) "Ministério da Justiça"
3 - (v. 6) "Letra que Mata" 3 - (v. 6) "Espírito que Vivifica"
4 - (v. 14) "Foi abolido" 4 - (v. 11) "Permanece"
5 - (v. 10) "Em Glória" 5 - (v. 10) "Em Excelente Glória"
• O Velho Concerto, foi com sangue de animais (Hebreus 9:19 e 20). O Novo Concerto foi com o sangue de Jesus.
• A base fundamental destes dois Concertos foi uma só: Os Dez Mandamentos, chamados de Lei Moral. A função da Lei é revelar o pecado (Romanos 7:7). O objetivo da Lei é levar o homem a Cristo. (Romanos 2:13).

II Coríntios 3:3 - "Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita não com
tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração."

Tábuas de "pedra e de carne": Isto é uma metáfora, para comparar os dois Concertos. Leia o que diz o profeta, nas palavras seguintes:

Jeremias 31:31 a 33 - "Eis que vem dias, diz o Senhor, em que fareis um Concerto Novo com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme o Concerto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para tirar da terra do Egito; porquanto eles invalidaram o Meu Concerto, apesar de Eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o Concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a Minha Lei no seu interior, e a escreverei no seu coração: e Eu serei o seu Deus e eles serão Meu povo."

Deus está falando de um Novo Concerto e Se refere à mesma Lei que escreveu com o Seu dedo no Sinai. Portanto, nada há de indicativo do cancelamento da Lei Moral. Observe:

Ezequiel 11:19 e 20 - "E lhes darei um mesmo coração e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei de sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne. Para que andem nos Meus estatutos, e guardem os Meus juízos (leis), e os executem; e eles serão o Meu povo, e Eu serei o seu Deus."

Hebreus 8:10 - "Porque este é o concerto que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; porei as Minhas Leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e Eu serei por Deus, e eles Me serão por povo."
"Ministério da Morte" - (II Coríntios 3:7)
"Ministério da Condenação" - (II Coríntios 3:9)

"Sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados" (Hebreus 9:22). Se alguém transgredisse a Lei Moral deveria morrer. Todavia, o pecador poderia conseguir um substituto para assumir o seu lugar.

O Velho Concerto foi estabelecido nesta base: "A alma que pecar, esta morrerá" (Ezequiel 18:20). A Lei realiza sua função (ministério da condenação). Ao revelar o pecado, exige a morte do pecador (ministério da morte).

Quando pecava (transgredindo a Lei de Deus), o que, então, fazia o pecador? Adquiria um cordeiro sem defeitos físicos e o levava ao sacerdote para ser morto pelo seu pecado. Hoje a base (Lei Moral - único instrumento que revela o pecado) continua a mesma, apenas, o sacrifício é melhor. O Cordeiro é Jesus, o "Cordeiro que tira o pecado do mundo" (João 1:29).

"Letra que Mata" - (II Coríntios 3:6)

A função (ministério) da Lei era definida. Sua "letra que mata", resultava evidentemente em morte para os transgressores. Hoje, porém, a função (ministério) da Lei continua, mas "baseada na justiça de Cristo através da ação do Espírito Santo no coração do pecador, resulta em vida."

• Assim, "o primeiro ministério foi letra mortal, por inadimplemento por parte do povo. O último, 'Espírito que vivifica', por ser Cristo que habilita o homem a obedecer." Em ambos os Concertos, nada sugere a abolição da Lei de Deus.

"Foi Abolido" - (II Coríntios 3:14)
Quanto ao que foi "abolido", é claro, foi o Velho Concerto e não a Lei de Deus. O Novo Concerto permanece, e a Lei Moral como sua eterna base, continua em vigor. Enquanto houver o pecado, a Lei terá que existir. Ela é o mais perfeito instrumento que Deus possui para revelar o pecado.

" Em Glória" - (II Coríntios 3:10)
O Sinai foi envolvido em glória quando Deus proclamou a Lei. Porém, maior glória viu a Terra quando Cristo desceu do Céu para "salvar o povo dos seus pecados" (Mateus 1:21). A glória de Jesus no Sinai, produziu reflexos no rosto de Moisés, que precisou cobri-lo com um véu. Mas, a glória de Jesus em pessoa na Terra, visível e palpável entre os homens, empalideceu a glória do Sinai.

O texto de II Coríntios 3, menciona duas palavras que muitos cristãos sinceros aplicam à Lei de Deus, equivocadamente:
Abolido - Está claro que é o Velho Concerto.
Transitório - Esta palavra não pode referir-se à Lei Moral, porque:

Paulo em nenhum lugar da Bíblia falou contra ela.
Paulo, dezenas de vezes realça a santidade, legitimidade, utilidade e necessidade dela.

O Senhor Jesus mencionou cinco dos Dez Mandamentos dessa Lei, para o jovem rico, dizendo-lhe da necessidade de observá-la, para entrar na vida eterna. (Mateus 19:16 a 19).


Os bons e sinceros cristão que militam hoje sob as mais diversas bandeiras denominacionais, ainda que não descobriram a verdade sobre a Lei de Deus em seu esplendor magno, admitem e crêem que ela findou na cruz, estribando-se para isso em Colossenses 2:14 - "Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e atirou do meio de nós, cravando-a na cruz."

Por outro lado, há também os que ensinam que a Lei durou até a posteridade que é Cristo (Gálatas 3:16). E outros, mais afoitos, afirmam que o fim da Lei se deu com o advento de João Batista, e para tanto citam: "A lei e os profetas duraram até João" - Lucas 16:16. Deduzimos daí, lamentavelmente, que os adeptos da abolição da Lei de Deus sequer chegam a um acordo mútuo, uma unidade. Se houve três abolições intercaladas no tempo, qual deve basear-se o crente para firmar sua fé?

Novamente lembramos, quando quiser descobrir a verdade que o versículo bíblico quer ensinar, não o isole do contexto, nem se sirva dele separadamente, para não comprometer-se a um grande engano. Porque se ensinam que depois de João não houve mais profetas, é uma heresia tal ensinamento e este verso jamais financiou tal afirmativa. Por exemplo:

Atos 2:17 e 18 - "E nos últimos dias acontecerá diz o Senhor, que do Meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e vossas filhas profetizarão... e também sobre os Meus servos... e profetizarão."
Atos 19:6 - "E impondo-lhes as mãos... profetizaram."
Atos 21:9 e 10 - "E tinha este quatro filhas donzelas, que profetizavam. E demorando-nos ali... chegou da Judéia um profeta por nome Agabo."
I Coríntios 14:29 e 32 - "E falem dois ou três profetas... E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas."

Pela leitura destes textos do Novo Testamento, fica comprovado que depois de João Batista houve profetas, efetivamente. Quanto à existência e permanência da Lei de Deus após João é uma evidente afirmação. Veja: depois de Lucas registrar - "A lei e os profetas duraram até João...", um moço rico procurou a Jesus com as palavras, conhecidas: "... Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna?" (Mateus 19:16). Resposta de Jesus: "Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos" (Mateus 19:17).

Estas palavras são do Mestre e ninguém pode negar que estes mandamentos são do Decálogo, porque Jesus definiu dizendo para o jovem: "Não matarás; não cometerás adultério; não furtarás; não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe" (Mateus 19:18 e 19).

Agora perguntamos: Por essas omissões tais cristãos deixaram de adorar a Deus? Terão ídolos? Lógico que não! Então porque aceitar uma declaração e negar a outra? É coisa seria entrar na vida eterna, e a condição foi estipulada e estabelecida por Cristo: obediência aos Dez Mandamentos. Se a Lei foi abolida, ou vigorou até João Batista apenas, porque ordenaria Cristo a obediência a esta Lei "abolida"? E têm mais: como poderia estabelecer a guarda dela como norma para entrar na vida eterna, já que Ele "veio para mudar ou abolir"?

Jesus referindo-se aos doutores da Lei, disse: "Observai pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras , porque dizem e não praticam" (Mateus 23:3).

Agora, leia Mateus 11:13: "Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João." - Agora sim, está clara e explícita a verdade que Jesus queria ensinar.

A "lei e os profetas" formam uma expressão que designa os ensinos do Antigo Testamento (João 1:45), incluindo o Pentateuco e os escritos de todos os profetas, porque "os escritos do Antigo Testamento constituíam o primeiro guia do homem para a salvação. Estes escritos eram tudo que os homens tinham em matéria de revelação. O evangelho veio, não para abolir os escritos antigos, mas para suplementá-los, reforçá-los e confirmá-los.

O evangelho veio, não para ser colocado no lugar do Antigo Testamento, mas em acréscimo a ele."

Logo, quis o Mestre dizer que até João Batista todas as Escrituras dos profetas, referentes à Sua primeira vinda contidas nos livros do Antigo Testamento, com o Seu advento, batismo e ministério, enfim as profecias referentes a Sua vinda encontraram cumprimento.

Até João Batista, a lei e os profetas (escritos do Antigo Testamento) indicavam, através da palavra escrita, dos símbolos e do sistema sacrifical (sombras de Jesus), o tempo em que o reino de Deus seria anunciado, e, de fato, com a pregação do reino, novo tempo raiava. O próprio João Batista afirmava: "... arrependei-vos porque é chegado o Reino dos Céus..." (Mateus 3:2).

Distorção de textos - Quanto à Lei


Uma das "razões" apresentadas para "justificar" que a lei findou na cruz, é a indevida citação de Colossenses 2:14, 16 e 17, que assim reza: "Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de algum modo nos era contrária, e a tirou no meio de nós, cravando-a na cruz...

Notemos os seguintes fatos, que saltam à vista:

Não há aí a mais leve referência à Lei Moral, ou à sua súmula: o Decálogo. Não há, em todo contexto, alusão a nenhum preceito dos Dez Mandamentos, mas sim a outros preceitos - isto é muito importante. Em Romanos 7:7, por exemplo, Paulo alude à "lei", mas o contexto esclarece que se referia a Lei Moral, porque um dos seus preceitos é citado, "não cobiçarás", Tiago também fala em "lei" (Tiago 2:10 e 11) e a seguir cita dois preceitos da Lei Moral. Mas, no caso que se discute, nada consta do Decálogo. Nem a palavra "lei" também é sequer mencionada nos textos , mas apenas uma cédula de ordenança.

Sabemos que o preceito cerimonial consistia de extensas instruções ritualistas a que os judeus ficavam obrigados. Um autêntico "escrito de divida" - como reza outra tradução. "Ordenança" são prescrições litúrgicas, e isto não se aplica Lei Moral. Compare em Hebreus 9:1. Ordenança "é um rito religioso ou cerimonial ordenada por autoridade divina ou eclesiástica"

Coloquemos o quadro que Paulo nos pinta, na sua moldura contemporânea. A igreja de Colossos (a exemplo das de Galácia, Éfeso, Roma e outras) enfrentava dissensões internas em virtude da ação conservadora dos elementos judaizantes, isto é, judeus que aceitavam o evangelho, ingressavam na igreja, mas conservavam práticas do judaísmo e pretendiam impô-las aos cristãos vindos do gentilismo. Entre estas práticas estava a observância da lei cerimonial, notadamente os dias de festas (Páscoa, Pentecostes, Dia da Expiação, Festa dos Tabernáculos, Lua Nova e outras). Como é natural, no passo que estamos considerando, Paulo quis dizer aos cristãos de Colossos que estas ordenanças e festividades foram riscadas ou cravadas na cruz tendo vindo Cristo, a Realidade, automaticamente cessaram os tipos e "sombras" que para Ele apontavam. Colossenses 2:16,17 / Heb 10:1.

O contexto esclarece alguma coisa do conteúdo desta "cédula de ordenança". Alguns dos seus itens se acham registrados no versículo 16, ligado aos versículos anteriores pela conjugação "portanto". Lemos que aí consta comer, beber, festividades, lua nova e sábados prefigurativos, tudo averbado de "sombras de coisas futuras". Ora, resta ver em qual código constavam tais exigências ritualistas e festivas.

Consultaremos o Decálogo (leis morais). Examinemos-lhe os preceitos. Há nele algum mandamento sobre comer ou beber? E sobre os dias de festas e Lua Nova? Não! Nele só há preceitos morais e éticos. Nenhuma "ordenança", portanto. Sabemos que Moisés escreveu um livro, cujo o conteúdo consistia de estatutos civis, preceitos higiênicos, ordenanças levíticas e regulamentos sobre festividades, Lua Nova, manjares, ofertas, sacrifícios, etc. (Deuteronômio 31:24 e Êxodo 24:4 e 7). A parte propriamente cerimonial e festival estava em Êxodo 23:14 a 19; capítulos 29 e 30; Levítico capítulos 1 a 7, 21, 22, 23, etc. E todas estas coisas estavam no livro de Moisés, mas não em tábuas do Decálogo (leis morais ou dez mandamentos), escritas pelo dedo de Deus. (Êxodo 31:18)







quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

REGENERAÇÃO




REGENERAÇÃO


Nomes Diferentes para Regeneração
A Bíblia alude ou descreve, a regeneração com diferentes nomes ou termos — incluindo os seguintes:

1. O novo nascimento (João 1:13; 3:3,6-7/ 1 Pedro 1:3,23/ 1 João 3:9; 5:1,18)
2. Uma ressurreição (espiritual), ou novidade de vida (Romanos 6:4-13/ Efésios 2:4-6/ Coloss. 2:12-13; 3:13
3. Uma nova criação (2 Coríntios 5:17/ Gálatas. 6:15)
4. Um novo coração (ou mente) (Jeremias 24:7; 31:33; 32:38-39/ Ezequiel 11:19-20; 36:25-27/ Hebreus 10:16)

A Necessidade de Regeneração
Assim como o nascimento natural resulta em entrar num reino natural e temporal (o reino deste mundo), assim o nascimento espiritual resulta em entrar no reino espiritual e eterno (o reino de Deus e o mundo ou era vindoura). Não podemos experimentar o mundo físico sem ter nascido nele fisicamente. Similarmente, não podemos experimentar o mundo espiritual sem ter nascido nele espiritualmente. A não ser que uma pessoa nasça de novo, ela não pode ver o reino de Deus (João 3:3,5,7).

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”
(João 1.12-13)

A regeneração é a comunicação da vida divina à alma (Jo 3.5; 10.10, 28; 1 Jo 5.11, 12), como a concessão de uma nova natureza (II Ped 1.4) ou coração (Jer 24.7; Ez 11.19/ 36.26), e a produção de uma nova criação (II Co 5.17; Ef 2.10; 4.24).

Portanto, regeneração é uma ressurreição espiritual, o começo de uma nova vida. A regeneração é um ato de Deus. Deus regenera. O cristão se torna uma nova criatura. Renasce. E isso é sua regeneração.

A regeneração é o ato de Deus pelo qual a disposição governante da alma se torna santa e pela qual, através da verdade, assegura-se o primeiro exercício dessa disposição santa. A regeneração, ou o novo nascimento, é o lado divino da mudança do coração que, vista do lado humano, chamamos conversão. É Deus voltando a alma para ele mesmo; enquanto a conversão é a volta da alma para Deus, a qual é tanto a conseqüência como a causa.

Regeneração é um ato secreto de Deus pelo qual ele nos concede nova vida espiritual. Isso é às vezes chamado de nascer de novo (na linguagem de João 3.3-8).

A regeneração é um evento único e instantâneo É uma mudança instantânea operada secretamente por Deus em nós, e só se conhece em seus resultados.

É preciso entender que algumas condições ou práticas não sinalizam, nem garantem a realidade da regeneração na vida do crente:

- Nascer num lar cristão
- Ter uma linguagem e uma conduta moral íntegra
- Ter conhecimento bíblico teológico
- Ter uma boa habilidade de comunicação e oratória
- Ter habilidades de liderança e administração
- Saber pregar ou ensinar
- Falar em outras línguas
- Promover ou contribuir para o crescimento da igreja, de uma congregação, de um órgão ou departamento

A regeneração deve ser uma experiência vivenciada por aqueles que almejam ou já exercem o santo ministério. As implicações práticas da regeneração na vida do obreiro se manifestam da seguinte forma:

- A regeneração possibilita o desenvolvimento e manifestação do fruto do Espírito na vida do cristão (Gl 5.22-25)
- A regeneração é uma experiência pessoal e sobrenatural com Deus.
- A regeneração é a realização da habitação do Espírito Santo na vida do crente, lhe proporcionando consolo, socorro, direção, etc. (João 14.16-17).
- A regeneração possibilita o revestimento de poder, necessário para potencialização de nossas realizações (1samuel 10:6).

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (João 1.12-13)

Estes versículos ensinam uma doutrina simples, mas importante: aqueles que recebem a Cristo, aos quais foi-lhes dado o poder para tornarem- se filhos de Deus e crêem no nome de Cristo, foram nascidos de Deus. Em outras palavras, uma pessoa se torna verdadeiro crente por meio de uma especial aplicação de poder por parte do Todo poderoso a fim de mudar seu coração. A expressão, “nasceram... de Deus”, freqüentemente utilizada pelos escritores do Novo Testamento, expressa linguagem figurada. Sua adequação, quando aplicada às coisas espirituais, resulta da analogia que existe entre o início de nossa existência física e de nossa vida espiritual. Os crentes são filhos de Deus; isto precisa ser entendido em um sentido peculiar. Todos os homens são criados por Deus e dEle recebem suas capacidades naturais; neste sentido todos são filhos de Deus. Mas, quando a Bíblia aplica a expressão “filhos de Deus” aos crentes, para distingui-los das outras pessoas, ela o faz para ressaltar um relacionamento que Deus não tem com os demais seres humanos. E somente Ele é o autor da regeneração, pela qual os crentes se tornam seus filhos e é dito que eles são nascidos de Deus. As Escrituras afirmam que os crentes foram gerados por Deus, em comparação ao relacionamento que existe entre os pais terrenos e seus filhos.

O objetivo destes versículos é mostrar que nosso relacionamento com Deus, como seus filhos espirituais, foi produzido exclusivamente por meio de seu soberano poder. A princípio, estes versículos foram adaptados para oporem-se aos preconceitos carnais dos judeus. A opinião comum destas pessoas era que todos os descendentes de Abraão eram herdeiros das promessas divinas e tinham o direito à vida eterna. Este conceito foi consistentemente combatido por Cristo e seus apóstolos. Deixando de lado a tentativa de determinar o significado exato da afirmativa: “os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”; observamos que havia duas maneiras de pessoas serem consideradas filhos de Abraão: por descendência natural e por adoção. Independentemente da maneira, os judeus imaginavam que se tornava um filho de Deus aquela pessoa que se tornava filho de Abraão.

Jesus Cristo aniquilou as falsas esperanças dos judeus, afirmando que, se alguém havia se tornado filho de Abraão, isto não o transformava em filho de Deus. Outro tipo de nascimento é necessário; uma nova filiação, vinda do alto. Era preciso que Deus os fizesse nascer de novo. Qualquer que seja o significado específico destes versículos, a impressão geral e o objetivo específico do escritor sagrado é que todos os outros métodos de alguém tornar-se filho de Deus são falsos e imaginários, exceto o ser nascido de novo. Estas palavras foram escritas para combater as idéias predominantes naqueles dias, e hoje podemos utilizá-las de maneira semelhante.

Ter idéias claras e definidas sobre este assunto é crucial; errar no que concerne a ele equivale a um perigo terrível.

Todos os poderes e capacidades que um homem possui procedem de Deus. Todos os meios da graça e ordenanças espirituais foram instituídas por Ele. Mas, quando as Escrituras falam sobre nascer de novo, elas querem dizer muito mais do que um homem ser influenciado por esses meios da graça e ordenanças espirituais, ao utilizar seus poderes e capacidades naturais. A fim de evitar uma compreensão errada sobre o assunto, afirmei no início que a regeneração é uma obra especial efetuada pelo poder do Todo poderoso. Os que erram neste assunto jamais tentaram negar abertamente que os crentes são nascidos de Deus, pois isto corresponderia a renunciar toda aparência de confiança nas Escrituras. Eles escolheram um método mais seguro para divulgarem suas opiniões: ao mesmo tempo que preservam as palavras dos autores sagrados, atacam e desprezam o significado das mesmas, de modo que a regeneração se torna uma simples aplicação de um rito externo ou uma persuasão da mente afetada de maneira comum, que resulta em uma reforma da moralidade.

Esclarecer o erro ajuda-nos a compreender a verdade. De maneira abreviada, consideraremos alguns conceitos errados sobre a regeneração e, em seguida, mostraremos o que significa ser nascido de Deus.

Não preciso gastar muito tempo esforçando-me para demonstrar que o batismo não é regeneração. Nada é tão evidente quanto o fato de que um rito exterior não pode mudar o coração. O batismo é apenas um sinal ou símbolo das salvadoras influências do Espírito Santo, e não a obra de regeneração. Tanto a Escritura quanto a experiência mostram que nem todas as pessoas batizadas são regeneradas, pois algumas delas em suas vidas e conversas não diferem do mundo que jaz no Maligno.. Quanto a isto, precisamos apenas citar as palavras de um eminente teólogo inglês: O ensino da regeneração através do batismo é a completa rejeição e desprezo da graça de nosso Senhor Jesus Cristo.; e acrescentou: ”A vaidade desta presunção tola destrói a graça do evangelho; é uma presunção forjada para apoiar os homens em seus pecados e ocultar lhes a necessidade de nascerem de novo e de se converterem a Deus. Entretanto, irmãos amados, não foi assim que aprendemos de Cristo”.

O absurdo de alterar assim o verdadeiro ensino sobre a regeneração e outras doutrinas semelhantes é tão grotesco, que pode ser detectado e percebido onde existe qualquer grau de conhecimento acerca da natureza da vida espiritual.


Outro sistema de doutrina errada sobre a regeneração resume-se no seguinte: Deus outorga as capacidades e a graça a todos os homens de maneira semelhante; e, tendo sido estas outorgadas, eles trabalham por sua própria salvação, sendo persuadidos a fazer isso por meio das promessas e ameaças do evangelho. A terrível ilusão causada por esse tipo de doutrina resulta de sua plausibilidade, tem aparência de verdade, mas está repleta de erros graves e perigosos.

Apesar de todos os meios preparatórios, todas as ameaças e promessas do evangelho, todas as atividades da graça comum e todos os esforços dos pecadores não-regenerados, eles precisam nascer de novo para que se tornem filhos de Deus. É necessário que ocorra uma nova criação, uma obra realizada pelo Todo Poderoso numa atividade soberana, especial e sobrenatural, à semelhança da criação do mundo ou do ressuscitar um morto, pois sem esta grandiosa realização ninguém pode ver o reino de Deus. A persuasão não é capaz de fazer novas criaturas. Se o Espírito Santo opera nas mentes dos homens somente por meio de apresentar-lhes os argumentos e motivos mais diversos e mais adequados para a sua conversão, afinal de contas a vontade do homem determinará se ele será regenerado ou não. Nesse tipo de ensino, a glória da regeneração pertenceria a nós mesmos.

A persuasão moral que oferece uma vida melhor não outorga qualquer poder supranatural à alma, a fim de que esta seja capacitada a viver. A persuasão não produz novo interesse e discernimento espiritual. Se a regeneração acontece desta maneira, então o homem regenera a si mesmo, nasce de novo por si mesmo, tornando a si mesmo diferente dos outros homens. Se assim fosse, o Espírito Santo não teria mais a realizar.

Existe apenas uma maneira de uma pessoa morta em seus delitos e pecados ressurgir para a vida: por meio do poder de Deus que a vivifica e faz nascer de novo. Observe a linguagem que os escritores sagrados utilizaram para transmitirem este conceito: nascer de Deus, gerado de Deus, vivificar, receber vida e nascer de novo.
(Efésios 2:1,5/ Col. 2:13/ 1Pedro 1:23/ Tito 3:5)

Você pode supor todas as preparações, conhecimento, motivos, moralidade, esforços que lhe convier; mas, apesar de tudo isso, repetimos, é necessário que aconteça o novo nascimento (os mortos precisam ser vivificados), pois os crentes são nascidos de Deus. O mesmo poder que ressuscitou Cristo dentre os mortos, o supremo poder do Deus vivo tem de realizar esta obra. Essa foi a súplica do apóstolo: “que conheçamos .qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder, o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos.” (Ef 1.19-20).

Na verdade, meus amigos, onde mais podemos encontrar a fonte de uma mudança que nos torna verdadeiros cristãos e nos traz da morte para a vida, senão na onipotência do Espírito Santo? É nosso entendimento que realiza esta mudança? Nosso entendimento está em trevas. “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus... e não pode entendê-las” (1 Co 2.14). É a nossa vontade? Somos inclinados para o mal, assim como dois e dois são quatro. Nossas vontades são perversas e rebeldes (Romanos 7:14-24). São os nossos méritos que realizam esta mudança? Alguns podem semear a Palavra, e outros, regá-la, mas a germinação é realizada por Deus (1Corint 3:6).

Todos os esforços têm sido realizados pela ingenuidade humana, mediante doutrinas claramente errôneas ou aparentemente plausíveis, a fim de retirar do Espírito Santo a glória da obra de regeneração e levar o homem a reivindicar esta realização para si mesmo ou, pelo menos, a compartilhar da honra. No entanto, a origem da regeneração se encontra somente na livre e soberana graça do todo poderoso poder de Deus. A regeneração é uma obra totalmente divina; a glória, portanto, tem de pertencer e pertencerá para sempre a Deus.

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;
Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.”
João 1:12,13

Regeneração não é uma mudança de mente ou propósito engendrada pelo próprio pecador. Não é uma determinação da parte do pecador para escolher Deus ou a santidade, antes do que os prazeres do pecado. A humanidade caída e não-regenerada está espiritualmente morta. Regenerar é fazer viver para Deus, ou ser despertado da morte espiritual para a nova vida espiritual (Efésios 2:1-6; 4:18-19; Tito 3:3-7).

“A regeneração é o ato de Deus pelo qual a disposição governante da alma se torna santa e pela qual, através da verdade, assegura-se o primeiro exercício dessa disposição santa. A regeneração, ou o novo nascimento, é o lado divino da mudança do coração que, vista do lado humano, chamamos conversão. É Deus voltando a alma para ele mesmo; enquanto a conversão é a volta da alma para Deus, a qual é tanto a conseqüência como a causa.”


S e tem uma doutrina esquecida na Igreja hoje, e isso está destruindo o evangelismo, é a doutrina da regeneração. Regeneração não é meramente uma decisão humana. Você não é salvo simplesmente porque você decidiu sair do caminho que leva ao inferno e entrar no caminho que leva ao céu. Salvação é uma obra sobrenatural de Deus, onde o poder Deus é manifestado de tal forma que se equipara, ou excede o próprio poder de Deus demonstrado na criação do universo. O universo foi criado do nada. Mas quando Deus salva um homem, Ele o recria de uma desordem corrompida. Quando pessoas verdadeiramente se arrependem e verdadeiramente crêem, há uma obra de regeneração acontecendo que transforma aquelas pessoas em novas criaturas, e sendo novas criaturas com uma nova natureza, elas irão viver uma vida diferente!


A evidência da regeneração não é que uma vez você tomou uma decisão numa campanha evangelística. A evidência da regeneração é que sua vida está sendo transformada.

A doutrina que ensina que o Cristão pode viver num estado contínuo de carnalidade é absolutamente heresia. Cristãos pecam? Sim. Cristãos podem cair em carnalidade? Sim. Cristãos podem caminhar na imaturidade por um tempo? Sim. Mas os Cristãos podem viver de maneira ímpia e mundana todos os dias de sua vida? Absolutamente não! Por quê? Porque a salvação é uma obra sobrenatural de Deus e se qualquer homem está em Cristo, ele é uma nova criatura e novas criaturas vivem de maneira diferente.

A evidência da conversão não é um “cartão de decisão” preenchido, é uma vida sendo vivida.

As pessoas vêm à frente, assinam um cartão, falamos com eles cinco minutos sobre a salvação e os declaramos salvos. E ainda ficamos imaginando porque investimos tanto em discipulado e, mesmo assim, eles não crescem. Nós os fazemos passar por um rito evangélico, porque eles responderam corretamente as perguntas, nós os declaramos salvos e não nos preocupamos com isso novamente. Isso está errado. Eu te digo isso: se você se arrepender e crer em Cristo, se você já fez isso, Ele te salvou. Mas eu lhe digo isso: se você fez uma decisão por Cristo, se você O vê como Senhor e professa fé Nele, Ele te salvou. Mas se sua vida não mudar, e você não começar a crescer e Aquele que começou a boa obra em você não a completar, o que aconteceu com você não foi uma conversão genuína. Porque a evidência de uma genuína conversão é uma contínua obra de Deus na alma do homem.

Veja o quão superficial nosso cristianismo tem se tornado. Oh meu querido amigo. Estas coisas não deviam ser assim, mas são. Despertem para o evangelho, para o verdadeiro evangelho, e não para esse evangelho diluído.











EVIDÊNCIAS DO NOVO NASCIMENTO

"Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito." João 3:7-8.
Sabemos quando o vento sopra, porque podemos ouvir-lhe o som e ver o efeito que causa na poeira, fumaça, palha, árvores e grama. Tudo isto são evidências de que o vento está soprando. A Bíblia também nos dá efeitos e evidências do novo nascimento, e se as tivermos em nossa vida, podemos ter a certeza de que somos nascidos de novo.

A pessoa nascida de novo:

OUVE A PALAVRA DE DEUS
"Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus." João 8:47. As pessoas a quem Jesus falou estas palavras sabiam as Escrituras e ouviam a Palavra de Deus através de Jesus, mas tudo entrava por um ouvido e saía pelo outro. Elas não ouviam com o coração. Faziam ouvido de mercador e endureciam o coração contra a verdade. O filho de Deus não só ouve a Palavra de Deus com a mente, mas recebe no coração. Ele concorda com Ela e está disposto a ser dirigido pela verdade que Ela transmite. Ele reconhece a autoridade de Deus em falar e sua obrigação em ouvir o que Deus diz. Ele crê que Deus falou através dos Apóstolos e dos outros escritores que foram inspirados para escrever a Bíblia e ouve a mensagem que pregam como vindo de Deus. "Nós somos de Deus; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro." I João 4:6.


CRÊ NO FILHO DE DEUS
"Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus." I João 5:1. A Bíblia não diz que nascemos de novo porque cremos, mas cremos porque nascemos de novo. João não escreveu: "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, será nascido de Deus," mas, "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus;" isto é, sua fé é evidência da regeneração. Muitos pecadores perdidos dizem que crêem em Cristo, mas não crêem. Não há convicção nem fé verdadeiras no coração de que Cristo morreu por seus pecados, que ele é o Filho de Deus, que ressuscitou dos mortos, que "convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés," nem que Deus o designou para "julgar o mundo com justiça." Os pecadores perdidos talvez creiam num Cristo falso ou imaginário ensinado por homens, mas não no Cristo da Bíblia, "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus."

AMA A JESUS CRISTO
"Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis." João 8:42. O pecador perdido não ama ao Senhor. Quem já nasceu de novo o ama e fará qualquer coisa por ele. "Se alguém me ama, guardará a minha palavra." João 14:23. "Porque este é o amor de Deus que guardemos os seus mandamentos." I João 5:3.

AMA OS IRMÃOS
"Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus." "Todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido." "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros." I João 4:7, 5:1. João 13:35.

CONSERVA-SE A SI MESMO
"Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca." I João 5:18. A pessoa que já nasceu de novo tem dentro dela um desejo de perseverar na fé, e Deus lhe dá o poder de conservar-se a si mesmo, do mesmo modo como "mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo." I Pd. 1:5.

PRATICA A JUSTIÇA
"Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele." I João 2:29. "Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito." Rom. 8:3-4.

NÃO VIVE NA PRÁTICA DE PECADO
"Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus." "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito." "Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, as o pecado que habita em mim." I João 3:9, João 3:6 e Rom. 7:20.

É CORRIGIDO
"Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e não desmaies quando por ele fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos." Heb. 12:5-8.

VENCE O MUNDO
"Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é vitória que vence o mundo, a nossa fé." I João 5:4. A pessoa vencida pelo mundo, que volta ao mundo, talvez tenha um tipo qualquer de religião, mas não tem Cristo. Os filhos de Deus vencem o mundo, em vez de serem vencidos por ele.
Você já nasceu de novo? Examine-se à luz da Palavra de Deus. "Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." João 3:3


O QUE NÃO É REGENERAÇÃO

Em primeiro lugar regeneração não é meramente ser batizado e dizer: “eu me arrependi”. A água do batismo é apenas um sinal externo (lPe.3:21). A água mesmo só pode molhar e lavar alguém da “imundícia da carne”. Mas como um sinal exterior ela significa “uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo” (lPe.3:21. Veja Hb.9:14; Rm.6:3-7). O apóstolo Paulo faz claramente a distinção entre a ordenança exterior e o ato de regeneração em si mesmo (Gl.6:15). Se batismo acompanhado de confissão de arrependimento for regeneração, então todos aqueles que foram batizados e se confessaram arrependidos têm de ser regenerados. Mas é claro que isso não é assim (veja At.8: 13 com os vv. 21, 23).
Em segundo lugar a regeneração não é uma reforma moral da vida exterior e do comportamento. Por exemplo, suponhamos uma tal reforma exterior pela qual alguém volta-se de fazer o mal para fazer o bem. Deixa de roubar e passa a trabalhar. Não obstante, haja o que houver de justiça real nessa mudança moral exterior de comportamento, ela não procede de um novo coração e de uma nova natureza que ama a justiça. É tão-somente pela regeneração que um corrupto e pecaminoso inimigo da justiça pode ser trazido a amá-la e a deleitar-se em praticá-la.
A idéia de que a regeneração nada mais é do que uma reforma moral da vida, procede da negação do pecado original e do fato de sermos maus por natureza. Se não fôssemos maus por natureza, se fôssemos bons no fundo do nosso coração, então não haveria necessidade de nascermos de novo.


Regeneração não é uma mudança completa ou perfeita da natureza total do homem, ou de alguma parte dela, de sorte que ela não é mais capaz de pecar. Não significa que ela não afeta a natureza inteira do homem, mas somente que não constitui a mudança completa da natureza humana (1João 1:8/ Tiago 3:2/ 1Cor 2:6/ 2 Cor 13:11/ Felip 3:15/ Col 2:10/ 4:12/ Heb 5:14).

Nicodemos, um importante mestre de Israel, declarou a sua ignorância quanto a isso. “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?”. Cristo maravilhou-se de que um mestre de Israel não conhecesse esta doutrina da regeneração. Estava nitidamente declarado nas promessas especificas do Velho Testamento, como também em outras passagens, que Deus haveria de circuncidar os corações do Seu povo, tirar-lhes o coração de pedra e dar-lhes um coração de carne (Ezeq 36:26/ 11:19). Em sua ignorância os mestres de Israel imaginavam que a regeneração significava apenas uma reforma de vida. De modo semelhante muitos hoje consideram a regeneração como nada mais que o esforço para se levar uma vida moral.

A regeneração e a doutrina da regeneração existiram no Velho Testamento. Os eleitos de Deus, de qualquer geração, nasceram de novo pelo Espírito Santo. Mas antes da vinda de Cristo, todas as coisas dessa natureza, estavam “desde o princípio do mundo, ocultas em Deus” (Ef.3:9).

A obra da regeneração não tem nada haver com os dons do Espírito Santo. As evidencias de um crente regenerado não estão nos dons do Espírito Santo que ele tem, mas nos frutos do Espírito Santo (Gal 5:22,24,25/ Efes 5:9/ Mateus 7:22,23/ Rom 11:29).

Regeneração é colocar na alma uma nova lei de vida que é verdadeira e espiritual, que é luz, santidade e justiça, que leva à destruição de tudo o que odeia a Deus e luta contra Ele. A regeneração produz uma milagrosa mudança interior do coração e da alma. “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura”. A regeneração não se dá só pelos sinais exteriores de uma mudança moral (Gal. 6:15).

A regeneração é um ato onipotente de criação. Um novo princípio ou lei é criado em nós pelo Espírito Santo (Sl.51:10; Ef.2:10). Esta nova criação não é um novo hábito formado em nós, mas uma nova capacidade e faculdade. É chamada, portanto, de “natureza divina” (2Pe. 1:4). Esta nova criação é o revestir de uma nova capacidade e faculdade criada em nós por Deus e que traz a Sua imagem (Ef.4:22-24).

A regeneração renova as nossas mentes. Ser renovado no espírito de nossas mentes significa que as nossas mentes possuem agora uma nova e salvadora luz sobrenatural que as capacita a pensarem e a agirem espiritualmente (Ef.4:23; Rm.12:2). O crente é renovado em “conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl.3:10).

Esta capacidade e faculdade nova produzida em nós pela regeneração é chamada de “novo homem”, porque envolve uma completa e total mudança da alma, de onde procede toda ação espiritual e moral (Ef.4:24). Este “novo homem” é contraposto ao “velho homem” (Ef.4:22,24). Este “velho homem” é a nossa natureza humana corrompida que tem a capacidade e faculdade de produzir pensamentos e atos malignos. O “novo homem” está capacitado e habilitado a produzir atos religiosos, espirituais e morais (Rm.6:6). Denomina-se de “novo homem” porque é uma “nova criação de Deus” (Ef.l:19; 4:24; Cl.2:12, 13; 2Ts.1:11).

Assim pois não podemos produzir boas obras aceitáveis a Deus sem que primeiro Ele produza esta nova criação em nós. Está dito que este “novo homem” é “criado segundo Deus à Sua imagem, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef.4:24).

Deus já nos tem dito como nos trata em Sua aliança (Ez.36:25-27; Jr.31:33; 32:39,40). Ele primeiro lava e limpa a nossa natureza; arranca o nosso coração de pedra e dá-nos um coração de carne; escreve as Suas leis em nossos corações e coloca o Seu Espírito em nós para nos capacitar a guardar essas leis. É isso o que significa regeneração. Que também é descrita como o santificar, o tornar santo todo nosso espírito, alma e corpo (lTs.5:23).

A CONSTANTE OBRA DO ESPÍRITO
“E o espírito do Senhor se apoderará de ti, e profetizarás com eles, e te mudarás em outro homem.”
(1Samuel 10:6)

“Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto”
(Salmos 51:10)

Os eleitos de Deus não eram regenerados de uma maneira no Velho Testamento e de outra completamente diferente, pelo Espírito Santo, no Novo Testamento. Todos eram regenerados de um mesmo modo pelo mesmo Espírito Santo. Aqueles que foram milagrosamente convertidos, como Paulo, ou que em suas conversões lhes foram concedidos dons miraculosos, como muitos dos cristãos primitivos, não foram regenerados de um modo diferente de nós mesmos, que também temos recebido esta graça e privilégio.

Os dons miraculosos do Espírito Santo nada tinham a ver com a Sua obra de regeneração. Não eram a comprovação de que alguém havia sido regenerado. Muitos dos que possuíram dons miraculosos jamais foram regenerados; outros que foram regenerados jamais possuíram dons miraculosos.

Jamais cairemos neste erro se considerarmos o seguinte:

A condição espiritual de todos os não-regenerados é exatamente a mesma (Sl.51:5;Jo.3:5, 36; Rm.3:19; 5:15-18; Ef.2:3; Tt.3:3,4).

Há variados níveis de malignidade nos não-regenerados, assim como há diversos níveis de santidade entre os regenerados. Todavia o estado de todos os não-regenerados -é o mesmo. Todos carecem de que se faça neles a mesma obra do Espírito Santo.

O estado a que os homens são trazidos pela regeneração é o mesmo. Nenhum é mais regenerado do que outro, contudo uns podem ser mais santificados que outros.

A graça e o poder pelos quais esta obra de regeneração é operada em nós são os mesmos. A verdade é que aqueles que desprezam o novo nascimento, fazem-no porque desprezam a nova vida. Aquele que odeia a idéia de viver para Deus, odeia a idéia de ser nascido de Deus.

Natureza da regeneração
Regeneração é o aspecto singular da religião do Novo Testamento. Nas religiões pagãs, reconhece-se universalmente a permanência do caráter. Embora essas religiões recomendem penitências e ritos, pelos quais a pessoa espera expiar os seus pecados, não há promessa de vida e de graça para transformar a sua natureza. A religião de Jesus Cristo é "a única religião no mundo que declara tomar a natureza decaída do homem e regenerá-la, colocando-a em contacto com a vida de Deus". Assim declara fazer, porque o Fundador do Cristianismo é Pessoa Viva e Divina, que vive para salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus. (Heb. 7:25.)

Não existe nenhuma analogia entre a religião cristã, e, digamos, o Budismo ou a religião maometana. De maneira nenhuma se pode dizer: "quem tem Buda tem a vida". (Vide 1João 5:12.) Buda pode ter algo em relação à moralidade. Pode estimular, causar impressão, ensinar, e guiar, mas nenhum elemento novo foi acrescido às almas que professam o Budismo. Tais religiões podem ser produtos do homem natural e moral. Mas o Cristianismo declara-se ser muito mais. Além das coisas de ordem natural e moral, o homem desfruta algo mais na Pessoa de Alguém mais, Jesus Cristo.

Antes que o homem possa ter uma vida que agrade a Deus, seja no presente ou na eternidade, sua natureza precisa passar por uma transformação tão radical, que seja realmente um segundo nascimento. O homem não pode transformar-se a si mesmo; essa transformação terá que vir de cima.

Jesus não tentou explicar o como do novo nascimento, mas explicou opor quê do assunto. "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido de Espírito é espírito." Carne e espírito pertencem a reinos diferentes, e um não pode produzir o outro. A natureza humana pode gerar a natureza humana, mas somente o Espírito Santo pode gerar a natureza espiritual. A natureza humana somente pode produzir a natureza humana; e nenhuma criatura poderá elevar-se acima de sua própria natureza. A vida espiritual não passa do pai ao filho pela geração natural; ela procede de Deus para o homem por meio da geração espiritual.

A natureza humana não pode elevar-se acima de si própria.

Estritamente falando, o homem não pode cooperar no ato de regeneração, que é um ato soberano de Deus; mas o homem pode tomar parte na preparação para o novo nascimento. Qual é essa preparação? Resposta: Arrependimento e fé.

sábado, 5 de janeiro de 2013

TRI-UNIDADE de Deus





“Devemos chegar diante desta grande verdade com corações gratos pela revelação em si, e reconhecer com humildade a nossa incapacidade em compreendê-la racionalmente.
Devemos aceitá-la com Fé, visto ser uma verdade real e revelada nas Sagradas Escrituras.”



Falar de Deus é falar de alguém incomparavelmente transcendente. Esta consciência deve levar-nos, antes de mais, à uma atitude de humildade e de extrema reverência. Dito isto, convém prepararmos as nossas mentes com as palavras do apóstolo Paulo, no momento em que termina a exposição da magnífica doutrina da salvação (concretamente a da justificação), ao exclamar “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus!” (Romanos 11: 33).


É unânime o reconhecimento da complexidade e da dificuldade que envolvem a doutrina da santíssima Trindade. Esta é uma doutrina que revela, de um modo bem claro, a nossa limitação racional na tentativa de captar toda a realidade compreensível. Se isto acontece em relação ao mundo dos fenômenos, criado por Deus, muito mais difícil se torna a tarefa de tentarmos compreender a complexidade da própria pessoa do Criador.

Contudo, a nossa tarefa é a de procurarmos entender, dentro do possível, o que o próprio Deus revelou na Sua santa Palavra, tendo em vista o propósito da nossa fé e do nosso estudo: o conhecimento de Deus (João 17: 3). Este conhecimento, por sua vez, deve levar-nos ao sublime propósito da nossa existência: a glória de Deus (Isaías 43:7; 60:21).

Trindade é a palavra usada na tentativa de definir em termos simples a plenitude da Deidade, em termos da Sua unidade assim como da Sua diversidade.
Em termos históricos, a doutrina da Trindade é a verdade de que Deus é essencialmente Um, mas que ‘existe em Três pessoas’. Assim, podemos dizer que Deus é uma unidade.
Esta doutrina é misteriosa e paradoxal, mas que de maneira nenhuma é contraditória.
A Unidade da Deidade é afirmada em termos da essência (o ser), enquanto que a diversidade é expressa em termos de pessoas. O conceito da Trindade encontra-se implícito na Bíblia, desde o princípio até ao fim de toda a revelação escrita.
Apesar de tudo, a Bíblia afirma veementemente a unidade (unicidade) de Deus (Deuteronómio 6:4). Por outro lado, Ela afirma, com toda a clareza, a plena divindade das três pessoas dentro da Deidade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Esta verdade é contrária ao ensino do Modalismo e do Triteísmo.
O Modalismo nega a distinção das pessoas dentro da Deidade, alegando que Pai, Filho e Espírito Santo são apenas três modos pelos quais Deus se revela.
O Triteísmo declara falsamente que existem três deuses diferentes.
A dificuldade, muitas vezes, encontra-se no termo pessoa que, como se sabe, não significa uma distinção em essência mas uma diferente subsistência dentro da Divindade. A subsistência na Deidade é uma diferença real, mas não essencial, no sentido de uma diferença no ser. Cada pessoa subsiste ou existe ‘sob’ a pura essência divina. A subsistência é uma diferença dentro do escopo do ser. Não se trata de um ser ou de uma essência separada; quer dizer que todas as pessoas da Deidade possuem todos os atributos divinos.
Existe também uma distinção no que diz respeito à obra realizada por cada membro da santíssima Trindade. Num sentido, a obra da salvação é comum a todas as três Pessoas da Trindade. Mesmo assim, quanto às actividades, existem diferenças na realização das operações assumidas pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
O Pai inicia a criação e a redenção; o Filho redime a criação; o Espírito Santo regenera e santifica, aplicando a redenção aos crentes (João 3: 16; Romanos 5: 5).

Várias analogias, tais como a do homem que é pai, filho e marido, não conseguem captar a profundidade da doutrina da Trindade, com todo o seu mistério. Ela explica o mistério da pessoa e do carácter de Deus, estabelecendo, deste modo, o limite do qual não nos é possível transpor. Ela revela a finitude da nossa capacidade de reflexão.
Devemos chegar diante desta grande verdade com corações gratos pela revelação em si, e reconhecer com humildade a nossa incapacidade em compreendê-la racionalmente.
Devemos aceitá-la com Fé, visto ser uma verdade real e revelada nas Sagradas Escrituras.


Uma vez que a Bíblia atribui as prerrogativas divinas tanto ao Pai quanto ao Filho e ao Espírito Santo, passaremos a analisar, à luz da Palavra de Deus, o relacionamento existente entre os membros da Trindade.

A Bíblia reconhece as prerrogativas divinas as três pessoas da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Porém, isto não sanciona de forma alguma uma idéia triteísta de Deus; ou seja, que a Bíblia reconheça três deuses diferentes como formando a Divindade. Esta espécie de politeísmo é totalmente contrária ao pensamento bíblico. A religião bíblica é essencialmente monoteísta. Já na promulgação do decálogo aparecem as palavras: “Eu sou o Senhor teu Deus... Não terás outros deuses diante de Mim” (Êxo. 20:2 e 3). Também a religião judaica tinha por fundamento o texto de Deuteronômio 6:4: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Igualmente o apóstolo São Paulo fala que “há um só Deus” (I Cor. 8:6). Esses e outros textos nos deixam claro o fato de que existe uma unidade essencial entre os membros da Trindade. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são três pessoas distintas que formam um só Deus, e não três deuses.

Nesse sentido é que Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30; cf. João 17:21 e 22). É por isso que a respeito de Cristo pode ser dito que desde o principio Ele “estava com Deus, e ... era Deus” (João 1:1), que Ele é “igual a Deus” (Filip. 2:6), pois “nEle habita corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Col. 2:9), sendo Ele “Deus Forte, Pai da Eternidade” (Isa. 9:6). Mesmo o título “Filho” ao ser aplicado a Cristo não é sinônimo de inferioridade, mas sim de igualdade com o Pai. Ele significa que o Filho participa da mesma natureza do Seu Pai. Foi por essa razão que os judeus acusaram a Jesus de blasfêmia, ao chamar a Deus de “Meu Pai” (João 5:17 e 18).

O Espírito Santo é chamado de o “outro consolador” (João 14:16; etc.) e o “Espírito de Deus” (Rom. 8:9; I Cor. 3:16; etc.). Como também são atribuídos a ele todas as características divinas. Isto é especialmente enfatizado em I Coríntios 2:10 e 11, onde lemos: “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas penetra, até mesmo as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? Assim as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus”. Neste caso, “penetra” não significa que o Espírito penetra com vistas a obter informação. Antes, é um modo de dizer que não há nada que esteja fora ou longe do Seu conhecimento. Em particular, Paulo especifica as profundezas de Deus... Não se pode contestar que esta passagem atribui plena divindade ao Espírito Santo... Portanto não podemos negar a unidade essencial existente entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, os quais formam um só Deus (Tri-unidade).

A Bíblia, menciona a Trindade, porém devemos ter em mente que a Bíblia é a revelação de Deus aos homens no contexto da história da salvação”, e que o seu objetivo primordial não é elucidar o “Ser” essencial de Deus. Portanto a chave para a compreensão da revelação de Deus encontra-se no “mistério da encarnação”; isto é, que Cristo, sendo Deus no mais alto sentido da palavra, “a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-Se em semelhança de homens” (Filip. 2:5-8). Nesse contexto encontraremos o Pai, o Filho e o Espírito Santo assumindo funções diferentes que poderão ser interpretadas como uma aparente “hierarquia” na Trindade, mas que não alteram a essência da natureza divina. Veremos, assim, o Filho dizendo que “o Pai é maior do que Eu” (João 14:28), que “o Filho nada pode fazer de Si mesmo” (João 5:19), e também pôr-Se de joelhos e orar ao Pai (Luc. 22:41 e 42). Mas não devemos nos esquecer que Ele também orou: “Eu Te glorificarei na Terra, consumando a obra que Me confiaste para fazer; e agora, glorifica-Me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que Eu tive junto de Ti, antes que houvesse mundo” (João 17:4 e 5).

A palavra trindade significa a tríplice manifestação de Deus ou a sua manifestação no Pai, no Filho e no Espírito Santo. A palavra triunidade conceitua a existência das três pessoas em um único Deus. Dessa forma, existe em Deus três personalidades diferentes e divinas, mas iguais na natureza. Contudo, não há três deuses: há um só Deus.
A despeito desse modo triúno de Deus existir e de se revelar, o Antigo Testamento ressalta a unidade de Deus. É o monoteísmo prático, a definição de que Deus é um. A palavra unidade é invariavelmente reproduzida no Antigo Testamento. Em meio a tantas nações idólatras, que adoravam a vários deuses, fazia-se necessário persistirem fazer o povo de Israel venerar apenas um Deus. Este fato motivou o Antigo Testamento a realçar a unidade de Deus.
O Novo Testamento ensina que são três pessoas divinas, distintas, eternas e iguais subsistindo numa só essência. E também que Deus é uma Trindade simples, mas tríplice, no seu modo de existir e de se revelar.
Se as Escrituras realmente embasam estas declarações sobre a Trindade, esta doutrina deve fazer parte do ensino ortodoxo cristão e todo cristão fica obrigado a defendê-la, vigorosamente (Jd 3). Por ser uma das doutrinas mais atacadas pelas seitas, por isso mesmo prosseguiremos abordando o tema.
A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

a) Gênesis 1.26,27
Chegando o momento de criar o homem, Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança". O verbo "fazer", neste caso, aponta para um ato criativo, e somente Deus pode criar. Assim, ao ser criado, o homem não poderia ter a imagem de um anjo ou de qualquer outra criatura, mas a imagem de Deus, a imagem de seu Criador. No versículo 27, lemos: "E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou". O interessante, porém, é que a Bíblia diz que Jesus Cristo também criou todas as coisas, as visíveis e as invisíveis (Jo 1.1,3; Cl 1.16,17; Hb 1.10), o que inclui necessariamente o homem. Desse modo, concluímos, à luz da Bíblia, que Jesus é o Criador do homem, logo, o homem carrega a imagem de Cristo, pois Jesus é Deus, uma vez que "à imagem de Deus" o homem fora criado. Já em Jó 33:4, Eliú declara: "O Espírito de Deus me fez". Indagamos; afinal de contas, quem fez o homem? A Bíblia diz: "E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou". E quem é este Deus? Resposta: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É digno de nota que há outros textos em que Deus fala no plural: Gênesis 3.22;11.7-9; Isaías 6.8.
b) Deuteronômio 6.4
"Escuta, ó Israel: Jeová, nosso Deus, é um só Jeová" (Tradução do Novo Mundo - versão utilizada pelas testemunhas-de-jeová). Este texto é usado para desacreditar a doutrina da Trindade, mas, ao contrário disso, é o trecho que prova que na unidade de Deus existe uma pluralidade, dando abertura à concepção trinitariana.
Como assim? Na língua hebraica, existem duas palavras para expressar unidade: echad e yachid. A primeira designa uma unidade composta ou plural. Exemplo: Gênesis 2.24 diz que o homem e a mulher seriam uma (echad) só carne, ou seja, dois em um. A segunda palavra é usada para expressar unidade absoluta, ou seja, aquela que não permite pluralidade. Exemplo: Juízes 11.34 diz que Jefté tinha uma única (yachid) filha. Qual dessas palavras é empregada em Deuteronômio 6.4? Echad, que indica que na unidade da Divindade há uma pluralidade.

A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO

A revelação da Triunidade de Deus no Antigo Testamento não é tão clara quanto no Novo Testamento. Os textos bíblicos que seguem (respeitando-se os devidos contextos) mostram sempre juntos o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Levando-se em conta que Deus é único (Is 43.10) e que ele não partilha sua glória com ninguém (Is 42.8; 48.11), é interessante notar como o Pai, o Filho e o Espírito Santo são postos em pé de igualdade, coisa que nenhuma criatura, por melhor que fosse, poderia atingir, nem muito menos uma "força ativa" (agente passivo).

a) Mateus 28.19
A ordem de Jesus é para batizar em "nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo". Ora, se Jesus fosse uma criatura e o Espírito Santo uma "força ativa" (como pregam as testemunhas de Jeová), seria estranho que as pessoas fossem batizadas em nome do Criador (que não divide sua glória com ninguém), em nome de um anjo, e em nome de uma "força ativa"; aliás, que necessidade há em batizar alguém em nome de uma "força"? Tudo isto só faz sentido se Jesus e o Espírito Santo forem Deus, assim como o Pai também é Deus.

b) Lucas 3.22
No batismo do Filho, estão presentes o Espírito Santo e o Pai. Como sempre, inseparáveis. Esta é uma das razões pelas quais o batismo cristão deve ser ministrado em nome das três pessoas.

c) João 14.26
Jesus fala do Espírito Santo, que será enviado pelo Pai em seu próprio nome, ou seja, no nome de Cristo.
Jesus, tendo sido enviado pelo Pai, agora prometia enviar o Espírito Santo, na qualidade de Consolador para tomar o Seu lugar; e para consolar, instruir e fortalecer aqueles que Jesus estava deixando.

d) 2 Coríntios 13.13
Outra fórmula trinitária em que aparece o Filho em primeiro lugar com sua graça; depois, o Pai, com seu amor; e, finalmente, o Espírito Santo, com a comunhão ou participação que dele procede.

e) 1 Pedro 1.1,2
Pedro fala aos escolhidos eleitos pela presciência do Pai, santificados pelo Espírito Santo e aspergidos com o sangue de Jesus Cristo.

f) Outros versículos: Romanos 8.14-17; 15.16,30; 1Co 2.10-16; 6.1-20; 12.4-6; 2Co 1.21,22; Ef 1.3-14; 4.4-6; 2Ts 2.13,14; Tt 3.4-6; Jd 20,21; Ap 1.4,5 (Cf. 4.5), além de outros.
É digno de nota que se o Filho fosse uma criatura e o Espírito Santo uma "força ativa", os dois não poderiam assumir o primeiro lugar em algumas passagens bíblicas citadas. Aliás, o que uma "força ativa" estaria fazendo no meio de duas pessoas? As testemunhas de Jeová objetam dizendo que mencionar as três Pessoas juntas não indica que sejam a mesma coisa, pois Abraão, Isaque e Jacó (Mt 22.32), e também Pedro, Tiago e João (Mt 17.1) sempre são citados juntos; contudo, isso não os torna um. O que elas não perceberam foi o seguinte: Abraão, Isaque e Jacó tinham algo em comum: o patriarcado. Já Pedro, Tiago e João tinham em comum o apostolado. E o que o Pai, o Filho e o Espírito Santo têm em comum? Resposta: a natureza divina ou, simplesmente, a divindade.
A unidade composta de Deus
As Escrituras ensinam que Deus é Um, que além dele não existe outro Deus. Porém não devemos confundir uma doutrina; a da TRINDADE. Negada por muitos. Mas vou detalhar essa verdade pra você, sem dar muitas voltas. O fato da existência da TRINDADE não significa que existem três deuses, mas três pessoas divinas que constituem DEUS. DEUS é um termo que se refere a três pessoas distintas: PAI, FILHO e o ESPÌRITO SANTO. DEUS em unidade composta. Quando Deus criou o homem e a mulher, Deus disse que ambos deixariam a casa de seu pai e mãe e seriam ambos "uma só carne" (unidade composta). Duas pessoas, uma só carne. Esse é um exemplo muito claro da UNIDADE COMPOSTA que me refiro sobre DEUS. (Genesis 2:24).

Como podem três Pessoas ser um DEUS? É uma pergunta que deixa muita gente perplexa. Ao considerar a natureza DEUS, estamos tratando de uma forma de existência muito diferente e superior a qualquer ser existente tanto no mundo físico como espiritual.

A natureza proporciona muitas analogias sobre a trindade, e exemplos de "UNIDADE COMPOSTA". A água por exemplo. A água é uma, mas esta também é conhecida sob três formas: água, gelo e vapor.
É de conhecimento geral que todo raio de luz realmente se compõe de três raios: primeiro, o actínico, que é invisivel; o segundo, o luminoso, que é visível; terceiro, o calorífero, que produz calor, o qual se sente mas não se vê. Onde há três, ali há luz; onde há luz, temos estes três. O apostolo João disse: "DEUS é luz” (1 João 1:5).
Adoramos um Deus em Trindade e a Trindade em Unidade
Adoramos um Deus em Trindade e a Trindade em Unidade. Sem confundirmos as Pessoas ou dividir a substância.
Porque uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo.
Mas o Pai, o Filho e o Espírito Santo têm uma só divindade, Glória igual e co-eterna Majestade.
O que o Pai é, tal é o Filho e tal o Espírito Santo. O Pai é incriado, o Filho é incriado e o Espírito Santo é incriado. O Pai é eterno, o Filho é eterno e o Espírito Santo é eterno.
No entanto não são três eternos, mas Um. Nem três incriados,
mas Um incriado . Semelhantemente o Pai é Onipotente, o Filho Onipotente
e o Espírito Santo Onipotente. E contudo não são três Onipotentes, mas um Onipotente.
Assim também o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. Do mesmo modo o Pai é Senhor, o Filho é Senhor e o Espírito Santo é Senhor. E apesar disso, não são três Senhores, mas Um só Senhor.
Porque, como a verdade cristã nos obriga a confessar que cada uma das Pessoas por si só é Deus e Senhor, assim a religião católica proíbe-nos dizer que há três Deuses ou três Senhores. O Pai não foi feito por ninguém, nem foi criado, nem gerado. O Filho é do Pai somente; não foi feito, nem foi criado, mas gerado. Por isso, há um Pai não três Pais; um Filho, não três Filhos; um Espírito Santo, não três Espíritos Santos.

O Espírito Santo é do Pai e do Filho; não foi criado, nem gerado, mas, deles procede. Há, pois, um só Pai, e não três Pais; um só Filho, e não três Filhos; um só Espírito Santo, e não três Espíritos Santos.
E nesta Trindade não há primeiro nem último; nem um é maior ou menor do que o outro; mas as três pessoas são justamente de uma mesma eternidade e igualdade. De sorte que no todo como já se disse,
cumpre adorar a Unidade na Trindade e a Trindade na Unidade. Aquele, pois, que quiser salvar-se,
deve assim pensar e crer na Trindade.
Tri-Unidade revelada nas profecias.
Uma pergunta emerge das páginas do Antigo Testamento: Devemos crer em um Deus que consiste em mais de uma pessoa, ou devemos aceitar o politeísmo? Uma breve investigação em algumas poucas passagens bíblicas pode ilustrar as alternativas que se abrem diante de nós.
No Salmo 45, o rei de Israel é apresentado como se fosse Deus. Lemos especificamente, nos versículos 6 e 7: "O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de eqüidade é o cetro do teu reino. Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por isso Deus,
o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria, como a nenhum dos teus companheiros". Visto que a primeira palavra Deus, em itálico, está no imperativo, destaca-se a indagação: Quem é o Deus de Davi?
Novamente, em Salmos 110:1, diz o rei Davi: "Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés". A questão que deve ser feita quanto a essa passagem é: A quem Davi dirigia-se como o seu Senhor? Quando Davi compôs esse salmo, ele era o monarca de Israel. Não havia outro maior do que Davi em Israel, exceto Deus. Quem, pois, deve ser considerado Senhor de Davi? E para quem Davi estava falando?


O Messias Reconhecido Como Deus
"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto" (Isaías 6:6,7).

Esses versículos mostram-nos explicitamente que Aquele sobre cujos ombros estará o governo, e por intermédio de quem chegarão a este mundo a justiça, a paz e a retidão, é, ao mesmo, Deus e homem. Como criança ainda, Ele nasceu na nação de Israel. Isso dá a entender, de maneira enfática, a humanidade do Messias. Ao mesmo tempo, porém, ele também é ali reconhecido como o verdadeiro Deus, por ser o Filho dado por Deus. Além disso, essa criança, esse Filho, é chamado de "Deus Forte". Acrescente-se a isso que lhe são conferidos outros títulos que só cabem legitimamente a Deus. Pois Ele é designado "Maravilhoso", "Conselheiro", "Pai da Eternidade" e "Príncipe da Paz".

Jeremias aliou-se a Isaías, ao insistir que o Messias é Deus em carne humana.
"Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: Senhor Justiça Nossa" (Jeremias 23:5,6).
Não dúvidas que essa declaração refere-se ao Messias que procederia da linhagem de Davi. Na qualidade de Rei de Israel, Ele haveria de trazer justiça, retidão e paz a esta terra. Quem realizará tudo isso? De conformidade com essa porção da Palavra de Deus, será o Renovo justo de Davi (o Messias) , "Senhor Justiça Nossa". Visto que Deus deixa absolutamente claro que não existem deuses além dEle mesmo, como poderíamos compreender que Ele chamou Seu servo, o Messias, de Deus? Isso só pode ser compreendido quando percebemos que esse Filho de Deus, esse Renovo, justo, na realidade é Deus.


TRI-UNIDADE
Os unicistas afirmam que todas as religiões que batizam seus fiéis em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, são politeístas, pelo fato de estarem batizando em nome de três deuses. Esses nossos irmãos separados que não cessam de criticar a doutrina da triunidade, não entendem, ou não querem entender, que somos perfeitamente sabedores que não existe uma triunidade constituída de três deuses. O que existe, na realidade, queiram ou não aceitar este mistério, é UM DEUS TRIUNO, Hebreus 9:14; 1 Coríntios 13:13.
Os unicistas querem defender, a todo custo, a tese de que Deus é somente “UNO” e não “TRIUNO”, somente para confundir aqueles que desconhecem o verdadeiro sentido da palavra Deus. Os unicistas dizem não crer na triunidade, porque não existe esta palavra na bíblia. Mas este fato, insignificante em si mesmo, não é motivo suficiente para negar a sua realidade. Por exemplo: muitas coisas que hoje consideramos pecaminosas, não se mencionam e nem são condenadas pela bíblia. Na Bíblia também não esta escrito: não fumarás, não queimarás maconha, não assistirás filmes imorais, não lerás revistas pornográficas, etc. No entanto, não será pela simples razão de não se acharem escritas na bíblia estes ensinamentos que vamos deixar de condenar tais coisas. Por que então não reconhecemos que o conceito da palavra “TRIUNIDADE” é bíblico, embora não apareça claramente com esse nome?

Se na realidade não existisse a triunidade, como pretendem afirmar os unicistas, então a Bíblia seria um livro confuso e até mesmo contraditório em algumas afirmações. Se não existisse a Triunidade, como é então que se dá a esse Deus Uno, nomes diferentes, que o distinguem categoricamente como se fossem vários? Por que a esse Deus Uno, se dá o nome de PAI, e também outros nomes completamente diferentes? Se o Seu nome é PAI, deveria ser sempre chamado de PAI, ou com um sinônimo que o identificasse sempre como PAI. Não seria um absurdo que esse Deus Uno, chamado de PAI, fosse, ao mesmo tempo, também, chamado de FILHO? Isaías 44:6; Apocalipse 1:17-18. Por acaso Pai e filho são a mesma coisa? Sabemos que não, pois Pai é Pai e Filho é Filho. Mas a Bíblia não só chama Deus de três maneiras diferentes como também afirma que os três fizeram tudo o que foi criado, e que:
ESTES TRÊS SÃO UM
1 João 5:7; João 14:26; Judas 1:20-21; Atos dos Apóstolos 7:55-56; Atos dos Apóstolos 8:29; 13:2; João 12:28-30; João 5:23; Mateus 28:18-20; I1 Coríntios 13:13.
Se Deus é Uno e singular e não três em Um, se não existe a Triunidade, então somente um criou os céus e a terra, e não os três conforme afirma a Bíblia. Mas, não só a este Deus Uno, singular, se dá na Bíblia, três nomes diferentes e opostos, como se declara que os três criaram os céus e a terra Gênesis 1:26. Diz ainda que os três possuem, a mesma virtude, exercem os mesmos poderes e são igualmente divinos e eternos, Hebreus 9:14.
Também diz que Deus-Pai não veio morrer na cruz do calvário, mas que enviou Jesus o Filho de Deus-Pai, o qual a Bíblia declara ser Ele também Deus 1 Timóteo 3:13-16. Por outro lado, Jesus declarou que nada do que diz, tem ou faz, é de si mesmo, mas sim de Deus-Pai que lhe enviou João 5:19-23,30. Este Filho também declarou que tudo o que tem o Pai é dEle, e, ao mesmo tempo, ensinou que Ele não é o Pai (João 14:8-10; João 16:15).
Também diz a Bíblia que não é o Pai nem Filho, que convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo, mas sim o Espírito Santo, João 16:8. O próprio filho se encarrega de confirmar Sua identidade com o Espírito Santo, ao dizer: “Um pouco, e não mais me vereis; outra vez um pouco, e ver-me-eis", João 16:16 João 14:28. Não seria isso um absurdo, se Deus é somente Uno, singular e não Triuno? Se não existisse triunidade, como poderíamos compreender este mistério de Deus, ser chamado Pai e ao mesmo tempo ser também chamado de Filho ou de Espírito Santo? A Bíblia não só ensina tudo isto, como também declara que a estes três personagens devemos render culto, adorar e dar toda a glória, Atos dos Apóstolos 5:3; João 5:19-23.
Resumindo: Se tudo está escrito na Bíblia e Deus é somente Uno e não triuno, então a Bíblia seria um dos mais difíceis livros de ser compreendido. Mas graças a Deus que a própria Bíblia por si mesma se interpreta, e diz claramente que Deus é um Deus Triuno, quando afirma que são três que dão testemunho no céu, e estes três são “UM” 1 João 5:7. Se a Bíblia ensina que Deus é UM em TRÊS, e declara que estes TRÊS são UM, isto tem que ser assim, por mais incompreensível e contraditório que nos pareça, faltando somente entendermos e explicarmos adequadamente este mistério, Romanos 11:33; 1 Coríntios 2:14-16.

A seguir algumas perguntas:
Quem é Deus-Pai? João 3:16; João 5:23

Quem é Jesus Cristo? João 8:19; João 14:6-9

Quem é o Espírito Santo? João 14:16 26

O que Jesus disse acerca de Deus-Pai? João 6:44-45; João 14:6

De quantas maneiras Deus se revela aos homens? Hebreus 1:1-3; João 14:1621,23

Quem guiará os cristãos em toda a verdade? João 6:13

Através de quem somos lavados e regenerados? Tito3:5
O que aconteceu no Batismo de Jesus? Mateus 3:16-17

Quem enviou Paulo e Barnabé para Selêucia e Chipre? Atos dos Apóstolos 13:2

Qual deve ser a forma correta de batizar? Mateus 28:18-20; Atos dos Apóstolos 8:36-38


Profundas meditações e estudos sobre o assunto, da parte de autoridades cristãs esclarecidas e de estudiosos da Bíblia, deram como resultado a doutrina da Triunidade. Essa doutrina já existia na Bíblia, mas que ali não tinha este nome específico. Antigos estudiosos das Sagradas Escrituras não sabiam como expressá-la, considerando, porém, que existe um só Deus, e se atribui divindade constantemente aos Três: Pai, Filho e Espírito Santo. Consequentemente, e logicamente, criaram a doutrina da “TRIUNIDADE DIVINA” João 14:16 23. De fato a Bíblia ensina que Deus é UM em TRÊS, e que esses TRÊS são UM, Lucas 1:34-35; João 1:14-18.

A DOUTRINA FOI MANIFESTADA NO FILHO E NO ESPÍRITO SANTO

Não podemos, falar da doutrina da Trindade, se estudarmos a letra com precisão, como sendo revelada no Novo Testamento, como não podemos dizer que ela foi revelada no Velho Testamento. A revelação, em si, foi feita, não por palavras, mas por obras. Foi feita na encarnação de Deus o Filho, e no derramamento de Deus o Espírito Santo. Foi na vinda do Filho do Deus, na semelhança da carne do pecado, para se oferecer a Si mesmo com um sacrifício pelo pecado; e na vinda do Espírito Santo, para convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo, que a Trindade de Pessoas na Unidade da Divindade foi revelada, de uma vez para sempre, aos homens.

A revelação, por meio da palavra, teve que esperar pela revelação de fato, a qual traz, sem dúvida, a sua necessária explicação, mas da qual também deriva todo o seu significado e valor. Porém, podemos igualmente compreender, do mesmo fato central, por que é que a doutrina da Trindade se encontra no Novo Testamento, mais em forma de alusões do que em ensino formal, por que é que se pressupõe, por toda a parte, aparecendo apenas aqui e acolá, e não inculcada formalmente. É porque a revelação, tendo sido feita nas próprias ocorrências da redenção, se tornara já propriedade comum de todos os corações cristãos.


EM TODO O NOVO TESTAMENTO A DOUTRINA É IMPLÍCITA
A prova fundamental de que Deus é uma Trindade é fornecida, assim, pela revelação fundamental da Trindade, como um fato: isto é, na encarnação de Deus o Filho e na efusão do Santo Espírito. Numa palavra, Jesus Cristo e o Espírito Santo são a prova fundamental da doutrina da Trindade. Isto é o mesmo que dizer
que todas as provas, de qualquer espécie, e qualquer que seja a sua origem, de que Jesus Cristo é Deus manifesto na carne, e que o Espírito Santo é uma Pessoa Divina, são, igualmente provas da doutrina da Trindade; e que, quando procuramos no Novo Testamento provas da Trindade, devemos procurá-las, não
meramente nas alusões à Trindade, como tal, por muito numerosas e instrutivas que sejam, mas, principalmente, em toda a multidão de provas que o Novo Testamento fornece da divindade de Cristo e da personalidade divina do Espírito Santo. Tendo dito isto, dissemos, com efeito, que todo o Novo Testamento é uma prova da Trindade.

Porque o Novo Testamento está saturado com provas da Deidade de Cristo e da personalidade divina do Espírito Santo. O Novo Testamento é precisamente a documentação da religião do Filho encarnado e do Espírito que foi derramado, ou seja, da religião da Trindade, e o que queremos significar pela doutrina da
Trindade, é nem mais nem menos do que a formulação, em linguagem exata, do conceito de Deus, como pressuposto na religião do Filho encarnado e do Espírito derramado.


O PAI E O FILHO, NOS DISCURSOSEM JOÃO
É, porém, nos discursos registrados em João, que Jesus se refere, copiosamente, à Sua unidade, como Filho, com o Pai, e à missão do Espírito Santo, enviado da parte d’EIe mesmo, como o Dispenseiro das atividades divinas. Ele declara aqui, não só, muito diretamente, que Ele e o Pai são um (10:30; vd.
17:11,21,22,25), com uma unidade de interpenetração (“O Pai está em mim, e eu no Pai”, 10:38; vd. 16:10,11), de tal forma que vê-Lo era o mesmo que ver o Pai (14:9; vd. 15:21); mas Ele remove qualquer dúvida quanto à natureza essencial da Sua unidade com o Pai, afirmando, explicitamente, a Sua eternidade (“Antes que Abraão existisse, eu sou”, João 8:58), a Sua co-eternidade com Deus (“tinha Contigo antes que o mundo existisse”, João 17:5; vd. 17:18; 6:62), a Sua eterna participação na própria glória divina (“aquela glória que tinha Contigo” em comunhão, comunidade Contigo “antes que o mundo existisse”, 17:5).

É tão evidente, que, ao falar correntemente de Si mesmo, como Filho de Deus (5:25; 9:35; 11:4; vd 10:36), Ele queria dizer, de acordo com o significado que está por debaixo da idéia de filiação na maneira de falar semítica (baseada na implicação natural de que tudo o que o Pai é, isso o Filho é também; vd 16:15; 17:10), para se fazer a Si mesmo, como os Judeus perceberam, com a apreciação exata do significado do que Ele
afirmava, “igual a Deus” (v. 18), ou, simplesmente, “Deus” (10:33).


Como é que Ele, sendo, assim, igual ou antes idêntico a Deus, estava no mundo, Ele o explica como envolvendo uma saída da Sua parte, não meramente da presença de Deus (João 16:30; 13:3) ou da comunhão com Deus (pará, 16:27; vd. 17:8), mas do próprio Deus (ek, 8:42; 16:28). E, no próprio ato de afirmar, assim, que o Seu lar eterno se encontra nas profundidades do Ser Divino, Ele põe em relevo, com
uma saliência tão grande quanto pode expressar-se por pronomes acentuados, a distinção pessoal entre Ele e o Pai. “Se Deus fosse o vosso Pai” diz Ele (8:42), “certamente me amaríeis: pois que eu saí, e vim de Deus, não vim de mim mesmo, mas Ele me enviou”. Diz, noutro lugar (16:26,27): “Naquele dia pedireis em meu nome: e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai; pois o mesmo Pai vos ama; visto como vós
me amastes, e crestes que foi da comunhão com o Pai que eu saí; saí do Pai, e vim ao mundo”. Menos diretamente, mas, da mesma maneira, de forma clara, Ele afirma, de novo (17:8): “Eles têm verdadeiramente conhecido que foi de comunhão Contigo que eu saí, e creram que foste Tu que me enviaste”.



O ESPÍRITO SANTO, NOS DISCURSOSEMJOÃO
É mais importante afirmar que estes fenômenos de inter-relação não se limitam ao Pai e ao Filho, mas estendem-se, também, ao Espírito Santo. Assim, por exemplo, num contexto em que o nosso Senhor sublinhara, da forma mais forte, a Sua unidade essencial e contínua interpenetração com o Pai (“Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai”; “Quem me vê a mim, vê ao Pai”; “Eu estou no
Pai, e o Pai está em mim”; “O Pai, que está em mim, é quem faz as obras”: João 14:7,9,10), lemos, assim (João 14:16-26): “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro [discriminado, assim, nitidamente, do nosso Senhor, como Pessoa distinta] Consolador, para que Ele fique convosco para sempre, o Espírito de
Verdade... Ele habita convosco, e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós... Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai... Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e nós (ou seja, tanto o Pai como o Filho) viremos para ele, e faremos nele morada... Tenho-vos dito estas coisas, estando convosco. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”..

Seria impossível falar, de forma mais precisa, de três que eram, no entanto, um. O Pai, o Filho e o Espírito Santo se distinguem constantemente uns dos outros — o Filho pede ao Pai, e o Pai, em resposta a este pedido, dá um Consolador, “outro” que não o Filho, que é enviado no nome do Filho. E, apesar
disso, a unidade destes três é tida em atenção, de tal maneira, que se fala da vinda deste “outro Advogado”, sem embaraço, como da vinda do próprio Filho (vs. 18,19,20,21); e, na verdade, como da vinda do Pai e do Filho (v. 23).

Há, portanto, um sentido em que, quando Cristo parte, o Espírito Santo vem em Seu lugar; há também, um sentido em que, quando o Espírito Santo vem, Cristo vem n’Ele; e, com a vinda de Cristo, vem também o Pai. Há uma certa distinção entre as Pessoas apresentadas; e, com ela, uma identidade entre elas; é
necessário ter ambas em conta. Encontramos, em outros lugares, os mesmos fenômenos. Lemos, assim, noutro lugar: (15:26): “Mas quando vier o Consolador, que Eu, da parte do Pai [da comunhão com o Pai], vos hei de enviar, aquele, o Espírito de Verdade, que procede do (comunhão com) Pai, Ele testificará de mim”. No âmbito só deste versículo, é intimado que o Espírito Santo é distinto, pessoalmente, do Filho, e, no entanto, é tal como Ele, tem o Seu lar eterno [em comunhão] com o Pai, de quem, a semelhança do Filho, procede, para realizar a Sua obra salvadora, sendo, no entanto, enviado para isso, neste caso, não pelo Pai, mas pelo Filho.


Esta última característica é salientada com maior ênfase numa outra passagem, em que a obra do Espírito Santo, em relação ao Filho, é apresentada como a par com a obra do Filho em relação ao Pai (16:5 e segs.).

“E agora vou para Aquele que Me enviou... Todavia, digo-vos a verdade, que vos convém que Eu vá; porque, se Eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se Eu for, enviar-vo-Lo-ei. E, quando Ele vier,
convencerá o mundo... da justiça, porque vou para meu Pai e não me vereis mais... Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito de Verdade, Ele vos guiará em toda a verdade; porque não falara de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele Me glorificará, porque há de receber do que é Meu, e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o
Pai tem é Meu; por isso vos disse que há de receber do que é Meu e vo-lo há de anunciar”.

Vemos que aqui o Espírito é enviado pelo Filho, e vem para completar e aplicar a obra do Filho, recebendo toda a Sua comissão do Filho — porém, não em detrimento do Pai, porque, ao falarmos das coisas do Filho, é o mesmo que falarmos das coisas do Pai.


Quando as lemos essas passagens da bíblia, estamos mantidos em contacto permanente com Três Pessoas que agem, cada uma delas como uma Pessoa distinta, mas que são, num sentido profundo e essencial, um. Há um só Deus — nunca houve questão acerca disto — e, no entanto, este Filho que foi enviado ao mundo por Deus, não só representa Deus, como é Deus, e este Espírito Santo que, por Sua
vez, o Filho enviou ao mundo, é, também, Ele mesmo, Deus. Nada podia ser mais claro, do que serem o Filho e o Espírito Santo, Pessoas distintas, a menos que, na verdade, o Filho de Deus, seja apenas Deus o Filho e o Espírito Santo de Deus seja apenas Deus o Espírito Santo.


A CONJUNÇÃO DAS TRÊS PESSOAS, NOS ESCRITOS DE PAULO
Em numerosas passagens, espalhadas através das Epístolas de Paulo, das primeiras (I Tes. 1:2-5; II Tes. 2:13,14) as últimas (Tito 3:4-6; II Tim. 1:3,13,14), todas as três Pessoas, Deus o Pai, o Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo, são postas lado a lado da maneira mais incidental, como fontes comuns de todas as
bênçãos salvadoras que os crentes em Cristo recebem. Uma série típica de passagens como estas encontra-se em Efésios 2:18; 3:2-5,14,17; 4:4-6; vv. 18-20.


Porém, os exemplos mais interessantes, talvez sejam aqueles que nos são oferecidos nas Epístolas aos Coríntios. Em I Coríntios 12:4-6, Paulo apresenta os riquíssimos dons espirituais, com que a Igreja era abençoada, com um aspecto triplo, e liga estes aspectos com as três Pessoas Divinas. “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos”. Pode-se pensar que há algo do que se pode quase chamar artificialidade, ao atribuir os dons da Igreja como sendo graças, ao Espírito; como serviços, a Cristo; e como operações, a Deus. Mas, desta maneira, ainda mais nitidamente é revelada a concepção Trinitariana básica que domina a estrutura das orações: Paulo escreve assim, evidentemente, não porque “dons”, “ministérios”, “operações” se destaquem no seu pensamento como coisas muito diferentes, mas, sim, porque Deus, o Senhor, e o Espírito, estão presentes, constantemente, na sua mente,
sugerindo uma tripla causalidade, por detrás de todas as manifestações da graça. Faz alusão à Trindade, em vez de afirmar a sua existência; mas faz-lhe alusão de tal maneira que mostra que ela constitui o fator determinante de todo o conceito de Paulo, a respeito do Deus da redenção.

II Coríntios 13:14, é ainda mais elucidativo, tendo passado para o uso litúrgico, geral, nas Igrejas, como bênção: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo, seja com vós todos!”. As três bênçãos redentoras, mais elevadas, são reunidas, e ligadas, distributivamente, às três
Pessoas do Deus Triuno. Não há, de novo, qualquer ensino formal da doutrina da Trindade, mas apenas, um outro exemplo do falar naturalmente, baseado numa consciência Trinitariana. Paulo está, simplesmente, a pensar da origem divina destas grandes bênçãos; no entanto, ele pensa, habitualmente, desta origem Divina de bênçãos da redenção, de forma trina. Não diz, pois, como poderia, e muito bem, ter feito: “A graça e o amor e a comunhão de Deus seja com todos vós”, mas, “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo, seja com vós todos”. Testifica, assim, quase inconscientemente, mas duma maneira muito rica, dessa trina composição da Divindade, tal como a concebe.

O TRINITARIANISMO DOS OUTROS ESCRITORES DO NOVO TESTAMENTO
Os fenômenos das Epístolas de Paulo repetem-se nos outros escritos do Novo Testamento. Nestes, também, se pressupõe, por toda a parte, que as atividades redentoras de Deus, baseiam-se numa tripla origem: em Deus o Pai, no Senhor Jesus Cristo, e no Espírito Santo; e estas três Pessoas surgem, repetidamente, juntas, nas expressões da esperança cristã ou nas aspirações da devoção cristã (por exemplo, Heb. 2:3,4; 6:4-6; 10:29-31; I Ped. 1:2; 2:3-12; 4:13-19; I João 5:4-8; Judas vv. 20, 21; Apoc. 1:4-6).

Exemplos tão típicos, talvez, como quaisquer outros, são fornecidos pelos dois
seguintes: “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para
a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo” (I Ped. 1:2); “Orando no Espírito
Santo, conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de
nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna” (Judas vv. 20,21).
Podemos acrescentar-lhes, o exemplo, sumamente simbólico, do Apocalipse:
“Graça e paz seja convosco, da parte daquele que é, e que era, e que há-de vir; e da dos
sete espíritos que estão diante do Seu Trono; e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel
testemunha, o primogênito dos mortos, e o príncipe dos reis da terra!” (Apoc. 1:4,5).

O QUE OS TERMOS “FILHO” E “ESPÍRITO SANTO” ENVOLVEM
Quanto ao fato da Trindade (isto é, quanto ao fato de, na unidade da Divindade, subsistirem três Pessoas,
cada uma das quais tendo a sua ação particular na operação da salvação), o testemunho do Novo Testamento é claro e coerente. Neste está incluído o testemunho constante da Deidade, completa e não diminuída, de cada uma das Pessoas.

Pode parecer muito natural ver, na designação “Filho”, urna indicação da subordinação do Ser, e pode ser relativamente fácil atribuir uma semelhante significação incluída na expressão “Espírito Santo”. O que está por detrás do conceito de “filiação” na linguagem bíblica, é, simplesmente, “semelhança”; o que o pai é, é-o também o filho. O uso enfático da expressão “Filho” a uma das Pessoas da Trindade, portanto, afirma, antes, a Sua igualdade com o Pai, e não a Sua subordinação ao Pai. A palavra “unigênito” (João 1:14; 3:16-18; I João
4:9), não acrescenta, necessariamente, outra idéia senão a de singularidade, ser único e não de derivação (Sal. 22:20; 25:16; 35:17 /João 1:18); e até uma frase como “o primogênito de toda a criação” (Col. 1:15) pode não trazer consigo a idéia principiar a existir, mas apenas afirma a prioridade de existência.
Da mesma forma, a designação “Espírito de Deus” ou “Espírito de Jeová”, que encontramos frequentemente no Velho Testamento, não traz consigo, de forma alguma, nem a idéia de derivação nem a de subordinação, mas é, apenas, o nome executivo de Deus. — a designação de Deus, do ponto de vista da Sua
atividade, e, portanto, sugere identidade com Deus; e não há razão para supor que ao passar do Velho para o Novo Testamento, a expressão tivesse adquirido um significado essencialmente diferente.

Em João 5:18, lemos: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-Lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”. A questão está, claro, no adjetivo “próprio”. Jesus era bem compreendido em chamar Deus “Seu próprio Pai”, e isto é, em usar as expressões “Pai” e “Filho”, não apenas num sentido meramente figurativo, tal como quando Israel foi chamado filho de Deus, mas no sentido verdadeiro da palavra. E isto era compreendido como a pretensão de ser tudo quanto Deus é. Ser Filho de Deus, em qualquer sentido, era ser semelhante a Deus nesse sentido; ser o próprio Filho Deus, era ser exatamente como Deus, ser “igual a Deus”.

Lemos, da mesma maneira, em I Coríntios 2:10,11: “Porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim, também, ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”.

Tal como o espírito do homem é o centro da vida humana, assim também o Espírito de Deus é o Seu próprio elemento vital. Como se pode, pois, pensar que está subordinado a Deus?