quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A Fé Salvadora







“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura.
Quem crer e for batizado será salvo: mas quem não crer será condenado.”
(Marcos 16:15,16)

A Fé Salvadora
Mt 18.3; Rm 10.5-13; Ef 2.4-10; 1 Ts 2.13; Tg 2.14-26

Certa vez Jesus destacou que, a menos que tivéssemos fé como uma criança, de maneira alguma entraríamos no Reino do céu. A fé como de uma criança é um pré-requisito para sermos membros do Reino de Deus. Há certa diferença, contudo, entre ter fé como de uma criança e ter uma fé infantil. A Bíblia nos chama a sermos crianças quanto ao mal, mas maduros em nosso entendimento. A fé salvadora é simples, mas não simplista.

Visto que a Bíblia ensina que a justificação é somente pela fé, e que a fé é uma condição necessária para a salvação, é imperativo que entendemos o que compreende a fé salvadora. Thiago explica claramente o que a fé salvadora não é: "De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo?" (Tiago 2.14). Aqui Thiago faz distinção entre uma confissão de fé e a realidade da fé. Qualquer um pode dizer que tem fé. Embora certamente sejamos chamados a professar nossa fé, a simples profissão de fé por si mesma não salva ninguém. A Bíblia deixa claro que as pessoas são capazes de honrar a Cristo com seus lábios enquanto seus corações estão longe dele. Aquilo que os lábios dizem, sem nenhuma manifestação do fruto da fé, não é a fé salvadora.

Thiago prossegue e diz: "Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta."(Tiago 2.17). A fé morta é descrita por Thiago como algo sem proveito. É fútil, vã e não justifica ninguém.

Quando Lutero e os reformadores declararam que justificação é pela fé somente, perceberam que era preciso apresentar uma declaração cuidadosa de fé salvadora. Definiram a fé salvadora como incluindo os elementos constituintes necessários. A fé salvadora se compõe de informações, assentimento intelectual e confiança pessoal.

A fé salvadora envolve um conteúdo. Não somos justificados por simplesmente crermos em qualquer coisa. Alguns dizem: "Não importa no que você creia, desde que seja sincero". Este sentimento é radicalmente oposto ao ensino da Bíblia, a qual ensina que aquilo em que cremos é profundamente importante. A justificação não ocorre simplesmente por meio da sinceridade. Podemos estar sinceramente errados. A doutrina certa, nas verdades essenciais do evangelho, é um ingrediente necessário da fé salvadora. Cremos no evangelho, na pessoa e obra de Cristo. Isso é parte integrante da fé salvadora. Se nossa doutrina é herética quanto à essência, não seremos salvos. Se, por exemplo, dissermos que cremos em Cristo, mas negamos sua divindade, não possuímos a fé que justifica. (joão 4.22)

Embora seja necessário termos um entendimento correto das verdades essenciais do evangelho para sermos salvos, sabemos que uns conhecem as verdades do Cristianismo, sem que ele próprio afirme que são verdadeiras. A fé salvadora inclui o conhecimento da verdade, o assentimento mental da verdade dos evangelhos e sua obediência aos evangelhos.

Mesmo que uma pessoa entenda o evangelho e afirme ou concorde que seja verdade, ainda pode estar longe da fé salvadora. O diabo sabe que o evangelho é verdade, mas o odeia. Existe um elemento de confiança e sentimento na fé salvadora. Envolve a confiança pessoal e a dependência do evangelho. Podemos crer que uma cadeira suportará nosso peso, mas não demonstramos confiança pessoal na cadeira até que nos sentemos nela.

A confiança envolve a vontade tanto quanto a mente. Ter fé salvadora exige que amemos a verdade e desejamos viver de acordo com ela. (Salmos 119:97,113,163)

Tecnicamente falando, a confiança pessoal pode ser considerada um sub-ponto ou um acréscimo do assentimento intelectual. O diabo pode assentir quanto à verdade de certos fatos sobre Jesus, mas não assente a todos eles. Ele não assente ao amor ou à aspiração de Cristo. Entretanto, quer distingamos ou combinamos assentimento intelectual com confiança pessoal, o fato que permanece é que a fé salvadora requer o que Lutero chamou de fé viva - uma vital e pessoal confiança em Cristo como Salvador e Senhor.
A fé salvadora envolve sentimento por aquele que temos fé e cremos. Envolve aproximação e comunhão com Deus e amor a Deus. Ter fé em Deus não é suficiente para a salvação. Temos que ter fé em Deus e unirmos a ele, pois Deus é o único ser que possui vida em si mesmo e distante dele toda vida esta morta. A volta do homem a comunhão com Deus é a principal vontade de Deus.

A fé que salva é mais do que simples assentimento ou consentimento intelectual, é mais que um exercício intelectual; é também um exercício da afeição. A fé que está ligada a salvação não é mero consentimento ou exercício intelectual. Diz Calvino: “Mas é preciso que notemos bem que a sede da fé não está na cabeça, e, sim, no coração. Não me proponho a argumentar sobre a parte do corpo na qual a fé se acha localizada; mas, visto que a palavra coração geralmente significa um afeto sério e sincero, mantenho a tese de que a fé é uma confiança firme e eficaz, e não uma mera idéia oriunda da razão”.

O que é fé? Fé não é meramente certo conhecimento, pelo qual eu recebo verdadeiro tudo o que Deus nos revelou em sua palavra, mas também um sincera confiança, a qual o Espírito Santo opera em mim por meio do evangelho, para que, não só para outros, mas também para mim, nos seja dado por Deus, de sua graça, o perdão do pecado, a justiça e a vida eterna, somente por causa da obra de Cristo na cruz. Na fé salvadora ocorre o arrependimento (Atos 2:38/ 3:19), e no arrependimento há a necessidade de um despertamento intelectual de nós mesmos como pecadores, da santidade de Deus, de sua lei santa, e de sua misericórdia em Cristo; há uma desaprovação moral de nosso caráter e conduta; um sentimento de tristeza, vergonha e remorso; e um propósito de abandonar o pecado e viver uma vida santa em conformidade com a Palavra de Deus. Ao sermos instruídos a crer em Jesus Cristo como salvador, não se nos exige meramente consentir de que ele salva os pecadores, mas também receber somente ele para nossa salvação. A fé que se requer para a salvação, é um ato de toda a alma, de todo o entendimento, de todo coração e toda a vontade.

A fé salvadora produz amor.
O amor é o acompanhante necessário e inseparável e conseqüente da fé salvadora. (Gálatas 5:6)

“Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade.
Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele.
Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou... Aquele que diz que está na luz, e odeia a seu irmão, até agora está em trevas.
Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escandalo.
Mas aquele que odeia a seu irmão está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos” (1 João 2:4-6, 9-11).

A fé salvadora produz santificação.

A relação da fé com a santificação é amplamente apresentada na bíblia. (Romanos 6:19,22/ 1Tess 4:3,7)
“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14)
Alguém pode crer no evangelho sem estar arrependido? 


A bíblia parece falar de fé em duas formas, uma fé salvífica (que leva à salvação – cf. At 16:31) e uma fé que até os demônios tem (cf. Tg 2:19). Esta, é só crer que Deus existe, já a outra envolve confiar que Deus “existe e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11:6). A fé de demônios não está acompanhada de arrependimento, já a que salva, por confiar exclusivamente em Cristo, abandona toda outra confiança, ou seja, se arrepende de confiar no pecado.
As aplicações disso são muitas e profundas. 


Vamos pensar só em duas:
Confissão de pecados
Quando confessamos um pecado estamos virando nossas costas para ele e nos voltando para Cristo em fé. São dois lados de uma mesma moeda. Sendo assim, quando você afirma ter confessado seu pecado, mas não se arrependeu de seu pecado e creu em Cristo, você está se enganando.
Sim, algumas vezes nosso coração estará duro feito uma pedra e qualquer “Senhor, quero confessar meu pecado” parece altamente hipócrita. Nesses casos, não tente apaziguar sua consciência religiosa com uma oração que nem passa do teto (cf. Sl 66:18). Abra sua bíblia em salmos de confissão, como o Salmo 32, 51, etc., ore para o Espírito Santo quebrantar seu coração, e permaneça aí até que o arrependimento venha. Outra boa coisa a se fazer é pedir ajuda para um irmão mais maduro. Lembre-se do aviso de Hebreus 3:13: “encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama “hoje”, de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado”.
Evangelismo
Entendendo que fé e arrependimento andam juntos, fazer alguém repetir uma oração para receber a Cristo sem a pessoa estar arrependida é a mesma coisa que fazê-la exercer fé dos demônios. Ela não será salva, assim como os demônios não o são. Então, não seja precipitado em achar (ou pior, afirmar) que alguém foi salvo simplesmente porque repetiu uma oração. Se a pessoa não despreza seu pecado e se volta para Cristo (mesmo que imperfeitamente), então ela não foi salva. Portanto, um evangelismo que não fala da necessidade de arrependimento transforma o evangelho em uma crença barata, uma decisão vazia e pode enganar a pessoa de seu estado eterno.
Transcrição
O evangelho é uma mensagem de que podemos nos desviar da morte, deixar a rebelião contra Deus e receber perdão e nova vida com Deus. De fato, imagine só como seria se voltar para Deus sem, ao mesmo tempo, virar as costas para o pecado. Nenhum de nós, que seguimos a Cristo, afirmamos que nos arrependemos perfeitamente, mas não há como aceitar o dom gratuito da salvação em Cristo que também não implique em virar as costas para todas as coisas em que buscamos salvação. As duas coisas não podem existir ao mesmo tempo. Você não pode amar o pecado, amar sua rebelião contra Deus e, ao mesmo tempo, ter a Deus como o seu Pai amoroso. A Bíblia diz que se você realmente entende sobre o que é o evangelho, o que significa confiar em Cristo, que isso envolverá se arrepender dos seus pecados e se voltar para Ele. Então, o evangelho exige que viremos as costas para o pecado e nos voltemos para Cristo em fé.








A FÉ QUE JUSTIFICA NÃO ESTÁ SÓ
(Tiago 2:21-26)

Esta seção começou com o verso 14. Seu ponto central, é que a fé que salva, produz boas obras na vida do crente. 
Tiago fez antes, a observação que se tudo que você tem, for uma fé que é apenas uma declaração doutrinal e nada além disso; você tem o mesmo tipo de fé que os demônios têm. 
Isto torna claro que este tipo de fé morta, é inútil. Não pode salvar; o que se comprova pelo fato de não produzir obras em Deus, como as que foram realizadas por Abraão e Raabe, por exemplo. Enfim, as obras que são realizadas por todos os crentes genuínos, que têm a mesma fé de Abraão e Raabe, que é a fé verdadeira, que salva (v 20). 
Tiago destaca a fé de Abraão e de Raabe como fé verdadeira, que justifica, porque tinha as obras, que acompanham a fé viva. 
Tiago 2:21 Abraão nosso pai – Especialmente os leitores judeus da epístola apreciariam esta identificação, porém, o Novo Testamento identifica Abraão como "o pai dos que crêem" (Rom. 4:11). 
Justificação por obras – Tiago destaca, que Abraão se dispôs a oferecer o próprio filho Isaque, sobre o altar, em obediência a Deus. Ora, esta obediência à ordem de Deus era a prova patente da sua fé verdadeira. 
No verso 22, Tiago diz literalmente: 
“Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou”. 
Em outras palavras, a fé de Abraão estava acompanhada pelas obras que sempre acompanham uma fé viva. Uma fé que justifica, faz com que aquele que é justificado, produza obras de justiça, tal como Abraão. 
Isto é o que se confirma no verso 24: 
“Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé somente”. 
Tiago destaca que a fé sincera é sempre acompanhada de obras, segundo a vontade de Deus. O argumento de Jesus contra a fé morta e falsa dos judeus, que alegavam serem filhos de Deus, por serem descendentes de Abraão, não foi assentado na fé de Abraão, pois ficaria no mesmo lugar comum dos judeus, que o confrontavam. 
O argumento usado foi que se eram de fato, filhos de Abraão, deviam fazer as mesmas obras de Abraão, tal como Abraão, que era obediente a Deus. 

O ponto aqui destacado por Tiago, não é, portanto: 
1) nem que somente as obras podem salvar, tanto quanto apenas ter fé em Deus e Cristo salva; 
2) nem ainda que, o somatório de fé mais obras. 

Thiago revela que, a fé produz frutos, prossegue dando frutos, como uma semente que brota uma arvore e dar frutos. A fé não pode estacionar. Não podemos ter uma crença em Deus, sem produzirmos amor, boas obras e renuncia do pecado.
A fé que salva, inclui muito mais que apenas concordar com as verdades que Jesus e as escrituras sagradas dizem, mas também a obediência a todas essas verdades.
“Vós, também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência,
E à ciência, temperança, e à temperança, paciência, e à paciência, piedade,
E à piedade, amor fraternal, e ao amor fraternal, amor.
Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento do nosso Senhor Jesus Cristo.” (2Pedro 1:5-8)

O primeiro ponto é totalmente descabível, porque a Palavra ensina claramente, desde o Velho Testamento, que o justo viverá pela fé, isto é, quem justifica é a fé e não as obras.

Paulo afirma expressamente em Rom 3.28: 
“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei”. E em Efésios 2.8,9: 
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. 
As afirmações de Paulo estão baseadas nas Palavras do próprio Jesus, especialmente as de João 3.16-18, onde se destaca: 
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus”. 
A essência da boa nova da salvação, do evangelho, é justamente esta verdade; que o pior dos pecadores pode ser justificado somente por sua fé em Cristo, independentemente de ter que fazer algo de bom para Deus, a fim de poder pagar o preço por todos os seus pecados. 
Ele recebe este perdão gratuitamente, em razão da obra que Jesus fez em seu favor. 

Quanto ao segundo ponto, de que não é somente a fé que salva, mas o somatório de fé mais obras; temos para destacar o exemplo daqueles, que aceitam a Cristo no leito de enfermidade e morrem logo em seguida, não tendo tempo para fazer qualquer obra. 

O ladrão que se converteu na cruz, também ilustra bem esta verdade, que não é o somatório de fé mais obras que salva, mas somente a fé. 
Quando dizemos somente a fé, não contradizemos Tiago. Ele não quer afirmar que as obras podem salvar independentemente da fé, ou mesmo que se tem que praticar obras juntamente com a fé, para que haja salvação. Não é a isto que Tiago quer se referir, mas que uma verdadeira fé, naqueles que afirmam pertencer a Cristo, sempre revelará evidências em obras, desta união do crente com Cristo. Ela será acompanhada das obras de Deus naqueles que de fato, passaram a pertencer a Cristo, pela fé nEle. 
Uma afirmação de que se tem fé em Cristo, sem a evidência destas obras, é de fato a fé de alguém que não conhece a Cristo. Uma fé morta. 
A fé de um filho de Deus, sempre produzirá alguma evidência de que a pessoa pertence a Cristo, porque a fé verdadeira que Ele dá ao crente, é viva, indestrutível, e operante de boas obras. 
Este verso 24, é realmente uma resposta à pergunta do verso 14: 
“Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salva-lo?” 
Veja que Tiago está se referindo a quem não foi salvo por Cristo, por ter a fé que não tem obras. Não está em foco portanto, na condição alinhada neste trecho da carta de Tiago, autênticos crentes, quando fala de fé morta, que não tem obras; porque como já dissemos antes, não pode de fato salvar, já que não é a fé verdadeira que Cristo dá àqueles que nEle crêem. 
Certamente aproveita a ilustração e o fato, para exortar os crentes à prática das boas obras, posto que podem e devem fazê-las; já que o poder e a vida de Cristo opera neles, por graça. 
O assunto desta porção de Tiago, não é colocado de maneira técnica ou teológica, com vistas a discutir o assunto justificação pela fé, e justificação pelas obras. 
Não era de modo nenhum a intenção de Tiago debater sobre o assunto, para fazer uma reflexão teológica da possibilidade de alguém poder ser justificado por boas obras, sem a fé; ou ser justificado pela fé sem as obras. O que ele quer enfatizar é que a verdadeira fé, que justifica, nunca está sozinha, pois sempre é acompanhada por obras.
Ele quer enfatizar as evidências, os resultados da fé verdadeira. 
Já o apóstolo Paulo, quando afirma que o pecador é salvo pela graça, mediante a fé, e não pelas obras; não quer de modo algum dizer, que o crente não deve praticar boas obras. Ele recomenda isto abundantemente, em suas epístolas.
Mas, a sua ênfase recai exatamente, sobre a reflexão teológica da salvação pela fé, e não pelas obras que alguém pratique para tal fim, sem que tenha a fé salvadora. 
Obras sem a fé que salva, não pode realmente justificar a quem quer que seja, por melhores e maiores que sejam estas boas obras.
Não é de modo algum, o que de bom um crente autêntico possa fazer, que lhe faz receber a justificação, mas a obra de Cristo em seu favor; cujo benefício se recebe somente pela fé. Mas, o crente que assim foi justificado terá para si mesmo, a prova disto em razão de verificar, que esta fé o capacita e o conduz à prática das boas obras designadas por Deus, para serem praticadas por aqueles que são assim justificados, e tornados Seus filhos por meio desta justificação. 
No versículo 25, é destacada a ação de Raabe, provando que de fato se convertera a Deus. Ela possuía uma fé sincera e genuína; a fé que salva. 
Realmente, Tiago tem razão no que afirma, porque o evangelho produz mudança de vida. Novo nascimento, pelo Espírito Santo. 
De nada serve alguém afirmar, que crê que Jesus é o Salvador e Senhor; e não tiver uma vida transformada, que comprove que sua fé é verdadeira. 
Uma fé que não transformou a vida é morta, e não poderá produzir as obras de Deus.
Assim, se não houver nenhuma obra, a fé alegada é um consentimento meramente intelectual. Isto até mesmo os demônios fazem. 

"Somente a fé justifica, mas a fé que justifica não está só" (Calvino). 


A FÉ QUE SALVA PRODUZ OBRAS
(Tiago 2:18-20)

Há dois fatos básicos e importantes que sempre devem ser se lembrados, ao se estudar o assunto da fé e obras relacionado à salvação: 

1. A salvação sempre é pela fé, à parte de obras. 
2. A salvação por fé, sempre resulta em obras. 

Tiago se preocupa em enfatizar o segundo destes dois pontos. Se você tiver a fé que salva, haverá obras em sua vida. Se não há nenhuma obra, então, sua fé não é a que salva. 
O fato que há alguns incrédulos que parecem ser crentes, ou alguns crentes que parecem estar vivendo como incrédulos, não muda a verdade básica que a verdadeira fé muda a vida, e resulta em obras. 
O fato de que um verdadeiro crente produzirá boas obras, não significa que podemos discernir ou ver isto em todas as situações. Às vezes, nós nos enganaremos, porque o joio e o trigo estão juntos. Apesar de Jesus ter dito, que pelos frutos conheceremos aqueles que não são seus, nem sempre somos hábeis o bastante para identificar o joio no meio do trigo. 
Tiago parece querer demonstrar que uma boa confissão doutrinal, não significa necessariamente que a pessoa que a faz, tem a fé que salva. 
No verso 18, através de um desafio genérico, Tiago afirma que uma verdadeira fé pode ser vista, pelas obras que a acompanham; mas, uma fé morta e falsa, não tem obras. 
No verso 19, Tiago afirma que crer que há somente um Deus verdadeiro é quase um dever para toda e qualquer pessoa. Até os próprios demônios crêem nesta verdade, e tremem. 
No contexto das coisas que ele afirma, está bastante claro que uma fé deste tipo não é suficiente para salvar, se não houver evidência na vida dos frutos da única e verdadeira fé que salva. 
A palavra “inútil”, “inoperante”, do verso 20, é “arge”, no grego, que tem a idéia de "estéril", “ocioso”, “não funcional”, ou "ineficaz". 
O ponto é que este tipo de fé, não pode produzir a salvação (cf. v. 14). 
Jesus ensinou uma verdade bem parecida em João 8:33-47. Estes judeus acreditavam que eram de Deus, em razão da confiança de sua posição como descendentes de Abraão (cf. v. 33,39). 
Note a resposta de Jesus à reivindicação deles no verso 39: 
"Se vocês fossem filhos de Abraão fariam as obras de Abraão". 
Ele diz que o pai deles era o diabo porque faziam as suas obras (cf. v. 41,44). 
Jesus relaciona assim, as obras da fé à salvação, como que mostrando que um verdadeiro crente, não é conhecido simplesmente por aquilo em que afirma crer, mas pelas suas ações e suas obras, que evidenciam uma vida transformada por Deus mediante a fé. 

SALVAÇÃO - UM DOM DE DEUS

"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus". 
(Efésios 2:8)

A maioria dos homens tenta colocar Deus numa posição de débito com relação a sua salvação. Eles trabalham para serem salvos, ao invés de trabalharem por serem salvos. Eles vão "procurando estabelecer a sua própria justiça" (Rm. 10:3). Deste modo, pessoas mundanas procuram vida eterna - "Que faremos para realizar as obras de Deus?" (Jo. 6:28). Embora em palavras renunciem toda pretensão de qualquer mérito neles mesmos ou em suas obras, eles acalentam uma esperança secreta de serem recomendados a Deus por sua decência, sobriedade e performance religiosa. Deste modo, aqueles que tem uma pequena preocupação com suas almas, como o jovem rico, buscam a vida eterna - "Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna?" (Mt. 19:16). Seu maior desejo era parecer justo diante de Deus. Assim também, aqueles que experimentam uma inquietação mais profunda, freqüentemente vagueiam buscando perdão e paz. Talvez haja traços deste sentimento na pergunta ansiosa do pobre carcereiro - "Senhores, que devo fazer para que seja salvo?" (At. 16:30); e no grito lancinante do prostrado Saulo - "Senhor, que queres que eu faça?" (At.9:6). Certamente esta justiça própria é o pior e mais duradouro veneno do coração humano. A maioria dos homens, debaixo de convicção, se mostra relutante em abandonar a confiança que depositam em si mesmos. Eles não estão dispostos a tirar suas esperanças das suas "boas" obras. Eles se assustam com a idéia de estarem perdidos, a despeito de qualquer coisa que façam. Eles não gostam do perigo de jazer sem socorro e sem justificativa, aos pés da soberania de Deus. Quão solene estas palavras deveriam ser, para um pecador neste estado "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus".





O que é fé?
Qual é a natureza psicológica do ato ou estado da mente ao qual designamos fé ou crença?

Fé, no sentido mais amplo do termo, é o assentimento à verdade, ou a persuasão da mente de que algo é certo. Em linguagem popular ordinária, dizemos que cremos naquilo que consideramos certo. O elemento primário da fé é confiança. 

Definição de FÉ 

1)- Secularmente: Confiança, crença, crédito; convicção; ( Invoca a idéia de: Fidelidade; lealdade; honestidade, religião)
2)- Teologicamente : Uma firme convicção, efetuada no coração pelo Espírito Santo, quanto a verdade do evangelho, e uma confiança sincera e entusiástica nas promessas de Deus em Cristo. Fé é crer, acreditar.
3)- Bíblicamente: “Ora, a fé é: A CERTEZA de cousas que se esperam A CONVICÇÃO de fatos que se não vêem”- Hb.11:1

DIFERENTES “TIPOS” DE FÉ
A Bíblia não fala de fé sempre no mesmo sentido, existem várias distinções, destacaremos as seguintes: 
1. Fé Histórica - Pode ser definida como a aceitação intelectual da verdade da Escritura sem qualquer resposta moral ou espiritual (João.3:29-Nicodemos) Ela aceita as verdades bíblicas, como aceita as verdades históricas, sem nenhum envolvimento mais profundo (At.26:27 - Agripa) 

2. Fé para Milagres - Consiste na convicção de alguém de que um milagre será efetuado através dele crer 
(Mateus 17:20/ 9:19-22/ 9:27-30/ 13:58/ Marc.16:17,18/ Mat.8:13/ João11:23-27) Esta fé para milagres pode ou não ser acompanhada da fé salvadora. 

3. Fé Temporal - Consiste na crença das verdades religiosas acompanhadas de algum despertamento de consciência e um excitamento de emoções, mas que não está enraizada em um coração regenerado (Mateus 13:20,21). É óbvio que não é uma fé hipócrita, quem a possui, enquanto dura, acha que é a fé verdadeira e pode até mesmo parecer ser. Uma das maneiras de distinguir Fé temporal de Fé salvadora é: A fé temporal se baseia na emoção e procura antes o gozo pessoal; A fé salvadora se baseia na Palavra e procura antes a glória de Deus. Não há nada mais comum do que o fato de o evangelho produzir uma impressão temporal, mais ou menos profunda e duradoura. Os que recebem essa impressão, crêem. Mas, por não terem raiz em si mesmo, mais cedo ou mais tarde apostatam. É igualmente uma experiência comum é que homens totalmente indiferentes ou descrentes, em tempos de perigo, ou ao avizinhar-se da morte, se convencem profundamente da certeza daquelas verdades religiosas previamente conhecidas, porem ate então negligenciadas ou rejeitadas. Essa fé temporal se deve à graça comum; ou seja, àquelas influencias do Espírito Santo comuns em maior ou menor medida a todos homens, que operam na alma sem renová-la, e que revelam a verdade à consciência, e fazem com que produza convicção.

4. Fé Morta ou Especulativa - Há muitos que crêem que a bíblia é a palavra de Deus; que recebem tudo o que ela ensina; e que são perfeitamente ortodoxos em sua crenças doutrinarias. Caso lhes seja indagado por que crêem, talvez nem saibam o que responder. A reflexão poderia levá-los a dizer que crêem porque outros crêem. Recebem sua fé por herança. Foram ensinados a crer assim desde a mais tenra idade. A igreja à qual pertence inculca esta fé, que lhes é ensinada como verdadeira e necessária. Outros de maior cultura podem dizer que a evidência da origem divina da bíblia, tanto externa quanto interna, satisfaz sua mente e lhes produz a convicção racional de que as Escrituras são uma revelação de Deus, e recebem seu conteúdo com base nessa autoridade. Essa fé, tal como ensina a experiência, é perfeitamente compatível com a uma vida mundana. Isso é o que Bíblia chama de fé morta.

5- Fé Salvífica – A fé que assegura a vida eterna; que nos une a Cristo como membros vivos de seu corpo; que nos converte em filhos de Deus; que nos faz participantes de todos os benefícios da redenção; que opera através do amor e é frutífera em boas obras, fundamenta-se não apenas na evidencia externa ou moral da verdade, mas no testemunho do Espírito Santo com a verdade e através da verdade na alma renovada.

ELEMENTOS BÁSICOS DA FÉ SALVADORA
1. O elemento intelectual - (Conhecimento) O reconhecimento positivo da verdade, na qual se aceita a Palavra de Deus como realmente sendo a palavra de Deus.
É um conhecimento seguro - A certeza deste conhecimento, como “a certeza do que se espera...”
Este conhecimento, que se transforma em reconhecimento, leva a pessoa a desejar “conhecer cada vez mais a Deus e quanto mais O conhece, mais o ama – Oséias.6:3
2- O elemento emocional – ( Assentimento) O conhecimento intelectual apenas não é suficiente em relação á verdadeira fé. É necessário o assentimento, ou seja, alguma coisa no sentimento acontece também: 
A alma fica impressionada com a verdade salvadora, causando-lhe um interesse pessoal, um envolvimento, um santo entusiasmo. Poderíamos chamar de um sentir-se bem, ou seja, um assentimento sincero.
3. O elemento volitivo (Confiança) É o que os téologos chamam de o elemento coroador da fé. A fé salvadora não é apenas uma questão intelectual, nem emocional, mas é também uma questão da vontade que determina a direção da vida, um ato da alma pelo qual ela vai ao encontro de seu objeto e o abraça. Na fé salvadora, este terceiro elemento é chamado de CONFIANÇA PESSOAL e inabalável na pessoa de JESUS CRISTO, como Senhor e Salvador, que inclui uma rendição voluntária e completa diante de Jesus Cristo, nEle apropriando-se da fonte de perdão e da vida espiritual, recebendo como recompensa a segurança e garantia de gratidão e alegria. 
Ilustração : O Filho pródigo
1= Intelecto - Lembrou-se de seu pai, pelo conhecimento que tinha dele;
2=Emocional - Preparou-se para ir de encontro a ele, sentindo-se arrependido, mas com a certeza de que seria bom estar na casa do pai, ainda que fosse como um mero empregado; 
3=Volitivo- Encheu-se de coragem e foi confiantemente ao encontro do pai, crendo que seria recebido por ele 

fé natural e fé salvadora

A definição de fé natural é facilmente extraída dos dicionários, como se lê: "fé.1 crença religiosa. 2. Conjunto de dogmas e doutrinas que constituem um culto. 3. Rel. A primeira das virtudes teológicas: adesão e anuência pessoal a Deus. 4. Firmeza na execução de uma promessa ou compromisso. 5. Crença, confiança. 6. Testemunho autêntico, escrito, de certos funcionários, que tem força em juízo".

Da definição dos dicionários subentende-se que até mesmo os ateus possuem algo em que acreditar. Se eles professam que não crêem em Deus, ao menos crêem nas leis da natureza e em suas próprias ideologias.

A fé natural refere-se à certeza que o homem tem das coisas concernentes ao seu dia-a-dia. Todos os homens possuem a certeza de um amanhã. Todos têm certeza das conseqüências dos seus atos. Todos têm certeza quanto às leis da física, da matemática, da natureza, etc.

Esta confiança não é algo nato do homem. A fé surge através da inteiração do homem com o mundo. Ao nascer, o homem não tem certeza ou fé, e nem mesmo acredita em coisa alguma. Porém, no decorrer do tempo, o homem passa a interagir com o mundo, e dessa interação surge às certezas e as crenças.

A fé natural surge da experimentação, do ensino, da constatação. O que leva a concluir que a fé não é proveniente do homem, antes, a fé é proveniente do mundo que o cerca. A realidade é que concede elementos por demais convincentes e dignos de confiabilidade ao homem.

Isto é verificável de duas formas: 

(1) a certeza que o homem possui não torna a realidade verdadeira ou certa, ou seja, a certeza do homem não muda a essência real das coisas; 

(2) antes de o homem vir à existência, certas verdades já existiam.

A verdade produz certeza (fé), mas a certeza não produz verdade. O que nos leva a concluir que a fé não é proveniente do homem, mas sim, das coisas que estão a muito estabelecidas.

Não é a confiança do homem que promove a infabilidade das leis naturais, antes a certeza de que tais leis são irrevogáveis, é que promove a confiança do homem. 

A fé, ou a confiança, surge da constatação de verdades contidas no mundo, e o homem passa a agir conforme estas verdades ou a esperar com confiança nas leis naturais que constatou com os seus sentidos e perspectivas. Ex: a lei da gravidade, a chuva, dia e noite, etc. 

A fé natural surge no homem quando ele consegue 'mapear' os eventos que o cercam durante o seu desenvolvimento. Com base nos elementos que o meio fornece, e através daquilo que conseguiu constatar, surge a 'fé', e este homem passa a agir de modo seguro e confiante. 

A 'crença' do homem não garante os eventos que acorre ao seu redor, porém, os eventos certos e previsíveis produzem confiança, fazendo o homem agir com segurança. 

A certeza que o homem tem quanto à lei da gravidade não é o que a torna real, antes é a ação da gravidade ao influenciar a realidade que o cerca que lhe dá a certeza da existência desta lei. Esta certeza foi adquirida gradualmente, aprendida e internalizada de forma experimental e teórica.

O atrito dá certeza a um motorista que o carro não derrapará. O semeador semeia na certeza de que a terra produzirá e que as sementes germinarão segundo a sua espécie. A fé no amanhã dá ao o homem a condição necessária para desenvolver projetos, etc.

A fé natural e a fé salvadora possuem os mesmos princípios quanto à sua inserção no homem, porém, elas diferem quanto à finalidade.

A fé salvadora é semelhante à fé natural, pois ambas são alcançadas de fora para dentro. Enquanto esta advém da inteiração do homem com o mundo, aquela advém da inteiração do homem com a palavra de Deus.

A diferença principal entre fé salvadora e fé natural está no objetivo, ou na finalidade a que ambas propõe. Em última instância, tanto a fé natural, quanto a fé salvadora são provenientes de Deus.

A fidelidade de Deus é onde a confiança de todos os homens fundamenta-se. 

Para uns, a confiança é algo imperceptível, uma vez que não se dão conta que a infabilidade das leis naturais é que dá segurança e equilíbrio à existência dos homens. Outros, além de desfrutarem da segurança e equilíbrio que as leis naturais conferem ao seu dia-a-dia, ao saberem que Deus providenciou salvação poderosa a todos os homens, descansam e esperam na fidelidade de Deus, que prometeu e é poderoso para cumprir.

A fé salvadora apresenta as características seguintes: 
1. A fé salvadora provem da crença na verdade, na palavra de Deus e no Deus verdadeiro. A fé salvadora não provem de heresias ou num Deus falso.
2. A salvação é pré-estabelecida - antes que o homem viesse a existir, Deus providenciou salvação a todos os homens;
3. A fé é certeza das coisas que não se vêem - não é a fé que torna real o mundo vindouro, antes, é a realidade do mundo vindouro que proporciona fé;

Todos os homens de alguma maneira exercem confiança. O crente é aquele que faz menção do nome do Senhor, pois crê na informação de que Deus salva o homem Sl 20: 6-7. O descrente, por sua vez, confia em suas forças e possessões, pois através destes elementos ele consegue influenciar e interagir com o mundo.

"Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus"
(Salmos 20:7)

Fé Ativa x Fé Passiva

A fé ativa e a fé passiva é o que difere a fé que salva e a fé que não salva. A fé ativa, crê em Deus, crê na sua palavra, pratica a palavra de Deus, tem comunhão com Deus, faz a obra de Deus, busca a Deus em primeiro lugar. A fé passiva se contenta apenas em crer em Deus e na sua palavra, mas não envolve um sentimento profundo de comunhão com Deus, mas põe Deus como algo secundário, não como prioridade. A fé passiva crer que não é preciso estar constantemente em oração a Deus e nem ser muito religioso. Deus é lembrado apenas nos momentos de dificuldades ou em momentos festivos.

Fé intelectual

É muito importante em si mesmo, mas não é suficiente para a salvação (Atos: 17.28/ Tiago: 2.19) denominamos como fé objetiva (fé exterior), que pode vir ao encontro de pessoas humanas pelo testemunho e estudo das Escrituras e a manifestação do universo visível.

Assim a fé intelectual afirma a existência de Deus, mas não descobre o plano da redenção. (Salmo: 19/ Atos 17.11/ Romanos: 10.17)

A fé traz a remissão dos pecados. (Atos 10.43)
A fé traz a justificação. (Romanos 5.1)
A fé traz a santificação. (Atos 15.9)
A fé traz a luz espiritual. (João 12.36,46)
A fé traz a vida espiritual no contexto profundo da promessa. (João 20.31).
A fé traz a adoração. (Gálatas 3.26).
A fé traz o acesso a Deus. (Romanos 5.2).
A fé traz o descanso espiritual. (paz interior) Hebreu 4.3. 

Crer e ter fé
Fé quer dizer fidelidade. Ter fé significa, pois, ter fidelidade. Logo, o que Jesus quis dizer foi: “Quem tiver fidelidade a mim, ou “Quem não pisar na bola comigo”. É, pois, a quem for mesmo seu discípulo de verdade que Ele se refere como sendo aquele que se salva, ou seja, aquele que tem uma verdadeira conversão.

Freqüentemente, vemos pessoas, dizendo que estão salvas, porque crêem em Jesus. 
Se só crer em Jesus bastasse para alguém estar salvo, os demônios estariam salvos, pois eles crêem também Nele! 


TER FÉ SIM, MAS FÉ EM QUE OU EM QUEM E COMO?
Hoje em dia é comum as pessoas dizerem que possuem fé, mas não sabem no que ou em quem se deve ter fé.
Por óbvio, o conceito primitivo e original da palavra fé consiste na confiança, credibilidade, crença, crédito, na pessoa de Deus e de sua Palavra:

Números 14:11 - "Disse então o Senhor a Moisés: Até quando me desprezará este povo e até quando não crerá em mim, apesar de todos os sinais que tenho feito no meio dele?"
Hebreus 11:6 - "Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, (...)."

As pessoas pensam que basta crer que Deus existe, mas até os demônios crêem em Deus, pois O conhecem face a face, e, por isso, tremem de medo (Tiago 2:19; Jó 1:6; I Reis 22:19-23; II Crônicas 18:18-23; Mateus 8:28-29; Ezequiel 28:13-14).

Como os demônios, muitos crêem que Deus existe, mas não Lhe obedecem, não Lhe servem, não fazem o que Lhe agrada, não O buscam, não O ama, não dão ouvidos à sua Palavra, são rebeldes, desobedientes, insubmissos ...

II Crônicas 20:20 - "(...) Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas, e sereis bem sucedidos."

II Samuel 22:2-4 - "O Senhor é o meu rochedo, a minha fortaleza e o meu libertador. É meu Deus, a minha rocha, nele confiarei; é o meu escudo, e a força da minha salvação, o meu alto retiro, e o meu refúgio. O meu Salvador; da violência tu me livras. Ao Senhor invocarei, pois é digno de louvor; assim serei salvo dos meus inimigos."

I Pedro 2:6-8 - "Por isso, na Escritura se diz: Eis que ponho em Sião uma principal pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é a preciosidade; mas para os descrentes, a pedra que os edificadores rejeitaram, esta foi posta como a principal da esquina, e: Como uma pedra de tropeço e rocha de escândalo; porque tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados."

Isaías 43:10 - "Vós sois as minhas testemunhas, do Senhor, e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais e entendais que eu sou o mesmo; antes de mim Deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá."

Do que adianta crer que Deus existe, mas não acreditar nas Palavras de Deus? Do que adianta crer em Deus e em sua Palavra, mas não a viver, cumprir, obedecer, observar, respeitar, por em prática?

I João 2:3-7 - "E nisto sabemos que o conhecemos; se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade; mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E nisto sabemos que estamos nele; aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou."

João 14:15 - "Se me amardes, guardareis os meus mandamentos."

João 14:21 - "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele."

João 14:23-24 - "Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra (...).Quem não me ama, não guarda as minhas palavras (...)."

João 5:38 - "(...) sua palavra não permanece em vós; porque não credes naquele que ele enviou"

João 5:47 - "Mas, se não credes nos escritos, como crereis nas minhas palavras?"

João 8:47 - "Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus."

Atos 24:14 - "Mas confesso-te isto: que, seguindo o caminho a que eles chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas,"

I Coríntios 2:4-5 - "A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder; para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus."

João 8:31 - "Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."

A crença popular diz que, cada um deve crer ao seu modo, ao seu jeito, ao seu bel prazer. Então para que servem as Escrituras? Não possuem utilidade? Acaso as Escrituras só prestam como mero objeto para adorno, enfeite, decoração numa sala, quarto, estante, ficar empoeirando?
Por óbvio Deus não julgará as pessoas conforme suas próprias definições do que seja justo, bem, bom, certo, mal, mau e errado, pois cada pessoa possui sua própria definição para esses conceitos. Assim o padrão para Deus definir se uma pessoa foi boa ou má são as Escrituras (Sua Palavra, seus Mandamentos).

Eclesiastes 12:13-14 - "Este é o fim do discurso; tudo já foi ouvido: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é todo o dever do homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau."

II Timóteo 4:3-4 - "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas."

Colossenses 2:8 - "Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo;"

Mateus 15:8-9 - "Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens."

A FÉ, não é um negócio, mais ou menos do tipo: EU CREIO E DEUS ME ABENÇOA. Em algumas religiões modernas, cujos Pastores têm pouca teologia e conhecimentos religiosos, a fé é assim apresentada, como se fosse um contrato ou um negócio entre Deus e o fiel. Fala-se, então, muito em milagres e prosperidade, dentro do seguinte pensamento: Se você crer, você será abençoado com riquezas e prosperidade. Deus se fará como que um secretário a serviço de sua vida. Repete-se à exaustão que Deus é fiel às suas promessas e que não abandona aos que ama e O amam. Isto é verdade, mas Deus não promete benesses em troca de fé. Não é Ele que deve fazer a nossa vontade, mas nós a dEle. Por isso, a fé não é um negócio ou um contrato entre partes desiguais: Deus e nós.

Qual é a fonte de onde você busca a tua fé? Em quem você tem fé? 

Se simplesmente crermos com intensidade suficiente, de algum modo vamos conseguir. Esse é o pensamento popular. O que você crê não é importante. Simplesmente creia. Por trás disso está a idéia nebulosa de que a fé é uma força todo-poderosa que flui pelo Universo e que pode ser apropriada por qualquer pessoa assim que quiser. O que se ignora em tudo isso é que fé verdadeira e salvadora só existe quando está ligada à verdade.

Se ao lermos a bíblia, acreditarmos somente no que concordamos e acreditamos; na verdade acreditamos em nós próprios e não na palavra de Deus. 



Fé especial (sobrenatural), Fé intelectual,

Fé especial; ou sobrenatural: conforme o significado do pensamento, é vista como um dos dons de poder. (I Corintios: 12.9). 
Qualquer milagre divino operado na Bíblia, era realizado através da fé especial. (Hebreus: 11.5,11,20,23,29).
A fé especial é uma capacidade vinda diretamente de Deus, capacitando o homem para este ou para aquele fim. Falando sobre ela, o Senhor: Ó mulher, grande é tua fé! (Mateus:15.28). E para um dos seus apóstolos: Homem de pouca fé…(Mateus: 14.31). E, alguém poderá então perguntar se a fé de Pedro foi, ou era especial? Respondemos que sim!
A poucos instantes que ele ouviu de Jesus esta exortação,usando a fé, andou sobre as águas. Ninguém pode andar como Pedro andou, sem fé especial. Mas, infelizmente, sua confiança desceu um pouco e Pedro afundou, precisando de Jesus para o salvá-lo.
(Mateus: 14.30).

Fé intelectual. É muito importante em si mesmo, mas não é suficiente para a salvação (Atos: 17.28—Tiago: 2.19) denominamos como fé objetiva (fé exterior), que pode vir ao encontro de pessoas humanas pelo testemunho e estudo das Escrituras e a manifestação do universo visível.
Assim a fé intelectual afirma a existência de Deus, mas não descobre o plano da redenção. (Salmo: 19—Atos 17.11—Romanos: 10.17)

Pode haver conhecimento das verdades contidas na palavra de Deus e não crer. Por outro lado, pode haver fé e não haver um profundo conhecimento das verdades contidas na palavra de Deus, porém o pouco conhecimento que se possui é suficiente para crer de forma verdadeira e viver a fé em Deus de forma verdadeira.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

DÍZIMO

O exemplo de Caim e Abel. (Gen 4.2-4)

A raiz da doutrina do dízimo é identificada ainda nos primórdios da criação. Após a queda do homem, começou um novo diálogo entre Deus e o homem. Caim e Abel, nossos primeiros irmãos, foram ensinados a que fossem leais ao criador e oferecessem, espontaneamente, ao Senhor alguma coisa do produto de seu trabalho, em gratidão pela sua bondade. (Gn 4.3,4).

O exemplo de Abraão. (Gn 14.18-24)

De fato a primeira menção específica do dízimo, no antigo testamento, ocorre quando Abraão trouxe a sua oferta ao senhor e a entregou ao "sacerdote do Deus altíssimo". Notemos que Abraão tornou-se agradecido a deus, por isso entregou seus dízimos ao sacerdote Melquisedeque.



O exemplo de Jacó (Gn 28.18-22)

Com a mesma característica de atitude de seu avô Abraão, o dízimo de Jacó era voluntário e expressava sua gratidão a Deus pelas bênçãos recebidas. Observasse que Jacó já havia recebido instruções acerca do dízimo através dos seus pais, Isaque e Rebeca. É um exemplo positivo para a família cristã, hoje, ensina os filhos a serem fiéis e agradecidos a Deus com seus dízimos e ofertas.



Lamentavelmente, como todas as doutrinas da Escritura, o dízimo também está sendo atacado, mesmo no seio da igreja, sendo tais ataques ajuntados a uma velada ou explícita resistência devido a eventuais erros que possam estar sendo cometidos em seu uso ou mesmo por injustificada suspeita do dizimo não está sendo bem administrado. Questionam-se os motivos dos que pedem o dizimo para a obra e muitas vezes alimentam-se sentimentos de que se está sendo enganado ou defraudado, como resultado perde-se a noção de uma sagrada reserva, e é prejudicado o avanço da obra de Deus.



Foi somente após a saída dos israelitas do Egito que o dízimo foi regulamentado para o sistema levítico. Ele era dado ao levita, devido a não ter “herança na terra”, isto é, ele vivia exclusivamente para o serviço religioso e isso lhe dava direito a todos os dízimos (Lv 27:30-34).



O dizimo, é anterior a Moisés e proclama o princípio de que Deus é o verdadeiro dono de tudo, e provedor de todo sustento.



A palavra dízimo não é usada de forma direta nas instruções à igreja sobre o assunto, no entanto é bom lembrar que a omissão não invalida a doutrina e nem o Novo Testamento se destinava a ser o instrumento único que vai estabelecer as doutrinas válidas da igreja. Uma doutrina não precisa ser repetida nos escritos neotestamentários para ser validada. Aliás, o Antigo Testamento eram as Escrituras usadas pelos apóstolos e na qual respaldavam seus ensinos. Encontramos, porém, no Novo Testamento, o ensino do dízimo abordado de outra forma, nos argumentos em favor de uma visão mais exaltada do ministério cristão e seu direito à justa remuneração. Como o dízimo existia, anterior a lei levítica, deve também perseverar após ela.



O dizimo sempre foi uma forma de reconhecimento da providencia e da soberania de Deus. Desde os primeiros homens na terra, desde os tempos de abel e caim havia uma consciencia da soberania e providencia de Deus. O dízimos é um reconhecimento da providencia de Deus independente de nossas forças e posses terrenas. O dizimo também é um ato profético, pôs fala de primícias, de dar o primeiro fruto de nosso trabalho (Êxodo 22:29,30/ 23:19/ 34:26/ Deut 26:2/ Prov 3:9). O dizimo sempre apontou pra Jesus Cristo, o primogênito de Deus que seria enviado ao mundo. Deus, antes dos tempos e dos séculos, preparou a sua prímicia, o seu primeiro e único filho para ser entrega em sacrifício pelo homem pecador.

O dizimo não foi instituido na lei, o dizimo sempre foi uma oferta voluntaria ao único e verdadeiro Deus, desde os primórdios dos tempos do homem. Independente da força física, sabedoria, e posse para adiquirir o sustento, o dízimo sempre foi um reconhecimento que Deus está provendo tudo. 

Embora o dizimo seja algo voluntario, assim como amar a Deus também é algo voluntario, é pecado não reconhecer a Deus como soberano e o Deus de providencia, assim como é pecado não amar a Deus. 

Na epístola aos Hebreus, capítulo sete, menciona-se a exclusividade dos levítas para recolher o dízimo dentro do sistema Mosáico. O autor de Hebreus aproveita a oportunidade para chamar a atenção de que em Abraão (antepassado dos levítas) Levi, havia dado os dízimos para um sacerdócio superior, instituído por Deus. Mequizedeque é representante do sacerdócio de Cristo, superior ao aarônico e levita. Aqui, mais uma vez, o dízimo é mencionado em sua anterioridade ao sistema levítico e é declarada a sua natureza sagrada e exclusiva para o ministério, servindo inclusive, para identificar a importância do ministério não levítico de Mequizedeque, pois que esse recebeu dízimos do próprio Abraão. Embora não seja o propósito direto da passagem em questão, somos levados a pensar, se, os dízimos dados a Mequizedeque, não apontam para o princípio da manutenção sacerdotal que passa por Moisés, chega ao NT e permanece até os dias atuais, lembrando que o atual ministério é uma extensão, na Terra, daquele que está sendo desenvolvido pelo Salvador no Santuário do Céu. Não é o ministério da igreja, por meio dos que “vivem do evangelho”, uma extensão do ministério salvador de Cristo (1 Pedro 2:5,9)?



O fariseu, estrito cumpridor da Lei, não esquecia seu dízimo, mesmo que fosse “do endro e do cominho” (Lc 18:12). Embora sua negligência da justiça, misericórdia e fé merecesse a reprovação de Jesus, o Salvador não deixou passar a oportunidade para reiterar o princípio da fidelidade nos dízimos: “fazei estas coisas sem omitir aquelas”. Ou seja, “não use o dízimo para negligenciar a misericórdia, não use a misericórdia para negligenciar o dízimo” (Lc 11:42; Mt 23:23). Uma advertência do próprio Salvador contra a religião unilateral, que se inclina para um só lado.



A defesa de Paulo para a remuneração dos ministros do evangelho, tem sua base argumentativa nos textos do AT que se referem às entradas que mantinham os sacerdotes (1Co 9:6-14). Segundo ele:

1) Havia apóstolos que não trabalhavam secularmente (v. 6).

2) Pagar ministros era uma prescrição da lei (v. 8 e 9), e esta o fazia pelo sistema de dízimos (Nm 18).

3) O verso 13, diga-se, é uma referência direta do dízimo. Pois baseia seu apelo para o pagamento de ministros da igreja no direito dos sacerdotes e levitas que tinham seu sustento garantido pelo dízimo, a principal de suas entradas. Afinal não eram os sacerdotes e levitas os únicos que se podiam achegar ao altar e prestar o serviço sagrado no Templo (Nm 18:20-26)?

4) Essa parte, devida aos sacerdotes, é um direito do qual já estavam fazendo uso (vv. 10 e 12).

5) O mesmo sistema deve ser usado para os ministros do evangelho (v. 14).

6) Um direito do qual Paulo abriu mão (1 Co 9:12, 15), entre os coríntios (2Co 11:7), mas por causa da contestação do seu apostolado (2Co 11:5, 6) e para não dar ocasião aos falsos apóstolos (2Co 11:8 a 13), no entanto usou desse direito aceitando salário de outras igrejas (2Co 11:8).

7) Esse é um direito tão natural, segundo o apóstolo, como de alguém que planta uma vinha (1Co 9:7; Dt 20:6) e dela cuida (Pv 27:18).

Além disso, pagar os pastores é justo, especialmente aos que servem na pregação e no ensino (1Tm 5:17-18). Deve ser feito de tal maneira que não desperte ganância (1Pe 5:2). Afinal, o objetivo é que o pastor, pago pela igreja, não se embarace com as coisas desta vida e assim, sirva bem à causa de Deus (2Tm 2:4).

Vê-se pois, que, mesmo antes de Moisés, o sistema de manutenção dos ministros de Deus era basicamente pelo dízimo; assim foi durante a teocracia em Israel para a manutenção dos levitas e sacerdotes do Templo de Jerusalém; a manutenção dos ministros do evangelho foi defendida por Paulo usando a linguagem e as idéias do sacerdócio levítico do AT; e, uma vez que a Bíblia não apresenta nenhum outro sistema, parece lógico concluir que esse é o plano que deve ser usado hoje em dia na igreja. Qualquer outro sistema assume a condição de uma criação meramente humana tentando substituir o plano de Deus.



Observemos Mateus 23.23 e Lucas 11.42 respectivamente transcritos a seguir:

“ Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé, deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas ” ( Mt 23.23 ).

“ Mas ai de vós, fariseus, que dizimais a hortelã, e a arruda, e toda hortaliça, e desprezais o juízo e o amor de Deus. Importava fazer estas coisas e não deixar as outras ” ( Lc 11.42 ).

Neste caso, podemos claramente entender que ao finalizar Seu comentário, Jesus diz que eles deveriam continuar dando o dízimo e, inclusive, não se omitirem de praticar o restante da Lei.

Porém, devemos fazer a seguinte pergunta: A quem Jesus estava dirigindo Suas Palavras e qual o teor Destas Palavras? Jesus se dirigia aos escribas e fariseus. Esses homens, vivendo o judaísmo regido pela Lei, confiavam na sua própria justiça e capacidade, no que tange à guarda da Lei. Apresentavam-se a Jesus nas condições de salvos, justificando-se a si mesmos pela prática da Lei mosaica, e desconheciam Jesus como Salvador, confiando nas suas próprias obras de justiça.

Em Lucas 16.15, Jesus disse-lhes: “ Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação ”. 





Foi essa a cobrança que Jesus fez aos fariseus, que não fossem somente dizimistas, e que não desprezassem o mais importante da Lei:

“ O juízo, a misericórdia e a fé ” ( Mt 23.23 )

“ O juízo e o amor de Deus ” ( Lc 11.42 ) 



ABRAÃO E JACÓ



Gênesis 14:17-20: "E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo."
Nesta passagem, somos ditos que Abraão deu um dízimo a Melquisedeque, presumivelmente como uma expressão de gratidão a Deus por capacitar-lhe e conceder-lhe resgatar seu sobrinho Ló, que tinha sido levado cativo.





Gênesis 28:20-22Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.”



Jacó, nesta passagem, está fazendo um voto em resposta a uma visitação que recebeu de Deus, em um sonho. Neste sonho, Jacó viu uma escada alcançando o céu, com os anjos de Deus subindo e descendo por ela. No sonho, Deus estava de pé, acima da escada, e disse a Jacó "... Eu sou o SENHOR Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência; E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra; E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado."  (v. 13-15). Em resposta, Jacó fez o voto que, se Deus guardasse Sua promessa, ele, por sua vez, daria a Deus um dízimo.



Estes   exemplos de dizimar  encontrados no Velho Testamento antes da Lei ser dada. Ambos são exemplos de algo voluntário. A pratica do dizimo era algo comum dos crentes desde o principio. 



 A prática do dízimo é anterior a lei mosaica – Gen 4:1-4 (Abel e Caim)/ 14:18-20 e 28:18-22. Cerca de duzentos e cinqüenta anos depois de Jacó em Betel, Deus orientou a Moisés instituir o dízimo na lei.
 Foi incorporada na lei mosaica - Lv 27.30.
 Foi ensinada pelos profetas - Ml 3.8-12



No Novo Testamento fica claro que o dízimo é o referencial mínimo para a contribuição. O dízimo era uma prática comum antes da Lei, durante a Lei e um modelo que pode ser observado por nós.



Jesus não determinou de forma direta a obrigatoriedade em dar-se “os dízimos” aos participantes da Nova Aliança, no entanto, este costume é citado algumas vezes no Novo Testamento. A igreja de Cristo precisa entender que os dízimos são uma forma de "oferta" agradável a Deus e necessário para suprir as necessidades da Obra, tanto na evangelização como na manutenção de templos.



Na  Lei Mosaica.
"A décima parte das colheitas, tanto dos cereais como das frutas, pertence a Deus, o SENHOR, e será dada a ele." Lv 27.30 e
"Certamente, darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que ano após ano se recolher do campo." Dt 14.22





Em nosso dias, observamos o modelo deixado no Antigo Testamento, para ofertarmos a Deus, suprindo assim as necessidades da igreja na obra de evangelização e manutenção de templos e despesas com o sacerdócio. Deve-se entregá-lo no local definido por Deus, geralmente, a Igreja na qual congregamos e ou Ministérios envolvidos com a Obra do Pai.

É lamentável a constatação que o “dinheiro do Senhor” é usado por alguns líderes para a sua satisfação pessoal, bem como, aplicado em “situações” que não beneficiam a Obra do Senhor. Estes prestarão contas a Deus por suas ações pecaminosas.



Em nossos dias o ato de dizimar e ou ofertar estão desgastados; é visto pela sociedade como um meio de explorar a fé dos mais simples. Esta visão deturpada nasceu em decorrência dos exageros praticados por pregadores que não observam os princípios de Deus em suas vidas, e literalmente roubam os servos ao fazerem promessas mirabolantes de riquezas e prosperidades advindas da entrega do dízimo.



Dar Voluntariamente
"...vossas dádivas, e de todos os vossos votos, e de todas as vossas ofertas voluntárias que dareis ao SENHOR." Lv 23.38

O dizimar era uma obrigação de cada israelita, mas, o desejo de ofertar deveria nascer no interior do coração, marcado por gratidão e alegria, uma ação voluntária, através da qual o Eterno era adorado. Assim devemos agir, não constrangidos por uma obrigação, mas, com prazer e alegria, pois é do Senhor e é para o Senhor.
O fato do dízimo não ser citado no novo testamento pelos apóstolos como mandamento, não significa a abolição do dízimo.



 O fato de Abraão reconhecer a propriedade divina sobre os seus bens levou-o a entregar o dizimo (Gn 14.22). Enquanto o crente não compreender essa verdade, terá dificuldade para ser fiel nas coisas de Deus.


Algumas correntes religiosas alegam que o dízimo é da lei. Para esses é importante lembrar que, ainda que fazia parte da mesma, contudo, não se tratava de imposto.  Onde encontramos no AT., qualquer relato do dizimo sendo cobrado por algum coletor de imposto?  Mesmo no período da lei, o dízimo tratava-se de um princípio e valor espiritual.



A finalidade do dízimo (Nm 18.20-32) Aqui se esclarece a finalidade e utilidade do dízimo – o sustento do sacerdócio. Primariamente essa é a finalidade do dízimo. A tribo de Levi não recebeu qualquer porção da terra, quando esta foi dividida. Deveriam ser sustentados pelas demais tribos, para que se dedicassem, inteiramente a ministração daquilo que é sagrado.

Outra finalidade importante no fato de dizimar, é a beneficência (Dt 14.22-29). Ele servia para o amparo dos necessitados: estrangeiros, órfão e viúva. Leiamos cuidadosamente a passagem que se encontra no capítulo 26 versículos 12-15.

Se no antigo testamento o dizimo era usado para beneficio do templo e dos ministros, e se tanto quanto no antigo testamento e novo testamento há ministros e templo, como se fará a manutenção da obra de Deus?



O silêncio do assunto no novo testamento não invalida o Dízimo.

O relativo silêncio sobre o tema do dízimo, pode ser entendido se considerarmos que o dízimo era algo que Jesus, Paulo e outros autores bíblicos consideravam sua prática um fato habitual e indiscutível. Tratava-se, portanto, de uma prática que não necessitava ser estabelecida.



Jesus não se opôs ao dízimo (Mt 5. 17,18; 23.23). Podemos classificar o dízimo como pertencente à lei moral, visto que partimos do princípio de que tudo que temos é de Deus. Ele é dono de todas as coisas. A lei cerimonial ficou circunscrita a Israel; referia-se a costumes, alimentação e etc. Hoje não temos nenhuma obrigação para com essa lei. 



PASSAGENS DIDÁCTICAS SOBRE A CONTRIBUIÇÃO NEOTESTAMENTÁRIA

I Coríntios 16:1,2, esta passagem não é necessariamente uma passagem de ensino da contribuição para o sustento da Igreja, do Culto, do Ministério; é antes, relativa à beneficência para os crentes pobres da Judeia, como aparece em outras escrituras. Contém, entretanto, elementos valiosíssimos para a teologia do dízimo, nomeadamente o princípio da proporcionalidade, que está na base do Dízimo, aqui não expresso mas subentendido, na frase “conforme a sua prosperidade”. Esta expressão não sustenta a prática de qualquer cristão contribuir com “qualquer coisa”.



AS CONCLUSÕES DA ASSEMBLEIA DE JERUSALÉM (Atos 15:22-30)

A Igreja vivia um período de transição, como se releva em Atos. Judaizantes que desceram de Jerusalém para Antioquia ensinavam que os gentios conversos deviam sujeitar-se à Circuncisão. Os Irmãos nascentes, com

Paulo e Barnabé, resolveram que estes dois e outros subissem à Igreja em Jerusalém. A Igreja decidiu por “pleno acordo”, recomendar-lhes, por epístola, que se abstivessem das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e das relações sexuais ilícitas.



O Dízimo como princípio da propriedade, providencia e soberania de Deus, permanente, nunca aparece revogado em qualquer Escritura.



McConoughy, erudito bíblico e histórico, diz que “Em todo o mundo pagão antigo se reconhecia à Divindade o direito à décima parte dos bens.” E no N.T. ele não é referido mais fortemente porque todos, Judeus e Gentios, o entregavam. Como prova disso está que nem Jesus nem os Apóstolos têm de repreender os Cristãos por faltarem na entrega dos Dízimos.



Referindo-se aos fariseus, Jesus disse aos discípulos: “Fazei, pois, e guardai tudo quanto eles vos disserem ...”, Mateus 23:1-3, o que incluía o Dízimo; Jesus não os censurou por darem os Dízimos: “Sem omitir aquelas” refere-se a dizimar a hortelã, o endro e o cominho; enquanto “devíeis, porém, fazer estas coisas”, refere-se “aos preceitos mais importantes da lei, a justiça, a misericórdia e a fé”, em Mateus 23:23; censurou, sim, por negligenciarem estes.



Tratando do sustento do Ministério da Palavra na I Coríntios 9:4-14, Paulo usa uma porção de metáforas, muito expressivas e refere-se aos sacerdotes e levitas no v.13, os quais, claramente, eram sustentados pelos dízimos, apelando, inclusivamente, antes, à autoridade da Lei no v.8. Fica demonstrado inequivocamente que o Dízimo foi ensinado e praticado no N.T., e que os Cristãos Primitivos iam muito além do Dízimo; “Nenhum deles dizia que coisa alguma era sua própria ...”, Atos 4:32-35.

Não quero de modo algum, interpretar o Dízimo como uma lei, do tipo do V.T., para ser cumprida no espírito legalista. O que encontramos no N.T., nas referências que citei, são o ensino e a prática do Dízimo tal como outros ensinos.



O dízimo de Abrão: (Gênesis 14:18/20), o mesmo assunto está registrado em (Hebreus 7:4/6), os antidizimistas afirmam que o dízimo não é da dispensação cristã e, sim da Lei. Aqui o dízimo aparece uns 400 anos antes da lei, e sem mandamentos divino, se o dízimo apareceu, na história do povo de Deus, tanto tempo antes da lei, certamente, não é criação sua, e muito menos, sua exclusividade.



(Mateus 23:23) duas coisas importantes quero destacar nesta passagem. a primeira é a declaração de Jesus,

afirmando que a fé, a misericórdia e o juízo, também pertencem a lei. Ele diz precisamente, isto “Vós dizimais a hortelã, o endro e o cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo a misericórdia e a fé”.



Agora considere segunda, o Senhor Jesus não era antidizimista! do seu parecer observa-se, com clareza, que Ele era favorável ao Dízimo, tanto na vigência da lei, como no regime do evangelho.



A palavra dízimo não é usada de forma direta nas instruções à igreja sobre o assunto, no entanto é bom lembrar que a omissão não invalida a doutrina e nem o Novo Testamento se destinava a ser o instrumento único que vai estabelecer as doutrinas válidas da igreja. Uma doutrina não precisa ser repetida nos escritos neotestamentários para ser validada. Aliás, o Antigo Testamento eram as Escrituras usadas pelos apóstolos e na qual respaldavam seus ensinos.



Na epístola aos Hebreus, capítulo sete, menciona-se a exclusividade dos levitas para recolher o dízimo dentro do sistema Mosáico. O autor de Hebreus aproveita a oportunidade para chamar a atenção de que em Abraão (antepassado dos levítas) Levi, havia dado os dízimos para um sacerdócio superior, instituído por Deus.

Mequizedeque é representante do sacerdócio de Cristo, superior ao aarônico e levita. Aqui, mais uma vez, o dízimo é mencionado em sua anterioridade ao sistema levítico e é declarada a sua natureza sagrada e exclusiva para o ministério, servindo inclusive, para identificar a importância do ministério não levítico de Mequizedeque, pois que esse recebeu dízimos do próprio Abraão.



A defesa de Paulo para a remuneração dos ministros do evangelho, tem sua base argumentativa nos textos do AT que se referem às entradas que mantinham os sacerdotes (1Co 9:6-14). Segundo ele:



1) Havia apóstolos que não trabalhavam secularmente (v. 6).



2) Pagar ministros era uma prescrição da lei (v. 8 e 9), e esta o fazia pelo sistema de dízimos (Nm 18).



3) O verso 13, diga-se, é uma referência direta do dízimo. Pois baseia seu apelo para o pagamento de ministros da igreja no direito dos sacerdotes e levitas que tinham seu sustento garantido pelo dízimo, a principal de suas entradas. Afinal não eram os sacerdotes e levitas os únicos que se podiam achegar ao altar e prestar o serviço sagrado no Templo (Nm 18:20-26)?



4) Essa parte, devida aos sacerdotes, é um direito do qual já estavam fazendo uso (vv. 10 e 12).



5) O mesmo sistema deve ser usado para os ministros do evangelho (v. 14).



6) Um direito do qual Paulo abriu mão (1 Co 9:12, 15), entre os coríntios (2Co 11:7), mas por causa da contestação do seu apostolado (2Co 11:5, 6) e para não dar ocasião aos falsos apóstolos (2Co 11:8 a 13), no entanto usou desse direito aceitando salário de outras igrejas (2Co 11:8).



7) Esse é um direito tão natural, segundo o apóstolo, como de alguém que planta uma vinha (1Co 9:7; Dt 20:6) e dela cuida (Pv 27:18). Além disso, pagar os pastores é justo, especialmente aos que servem na pregação e no ensino (1Tm 5:17-18). Deve ser feito de tal maneira que não desperte ganância (1Pe 5:2). Afinal, o objetivo é que o pastor, pago pela igreja, não se embarace com as coisas desta vida e assim, sirva bem à causa de Deus (2Tm 2:4).



Vê-se pois, que, mesmo antes de Moisés, o sistema de manutenção dos ministros de Deus era basicamente pelo dízimo; assim foi durante a teocracia em Israel para a manutenção dos levitas e sacerdotes do Templo de Jerusalém; a manutenção dos ministros do evangelho foi defendida por Paulo usando a linguagem e as idéias do sacerdócio levítico do AT; e, uma vez que a Bíblia não apresenta nenhum outro sistema, parece lógico concluir que esse é o plano que deve ser usado hoje em dia na igreja. Qualquer outro sistema assume a condição de uma criação meramente humana tentando substituir o plano de Deus.